BELLA
Essa noite foi a primeira em que eu realmente dormi bem depois de um longo tempo. Meu corpo estava totalmente descansado, era como se a minha bateria tivesse sido recarregada por completo. Eu não sabia que precisava tanto dormir no peito desse loiro de passado e caráter duvidoso até eu dormir de verdade. Demorei um pouco para pegar no sono e durante todo o tempo eu senti a mão dele acariciando as minhas costas e enrolando os meus cabelos nas pontas dos dedos. Ele passou muito tempo me confortando.
Até mesmo acho engraçado porque esse cara que fez carinho em mim até eu pegar no sono e que me deixou dormir no seu peito, é o mesmo cara que abriu a boca com toda a vontade do mundo para falar que não gosta de toque físico. E desde então ele vem mostrando o contrário de tudo que fala.
Eu cheguei a pensar que ele estava me tratando dessa forma por sentir pena de mim. Mas Eu tratei de espantar essas paranoias para bem longe. Não consigo achar que ele sinta pena, ele é a única pessoa que me entende de verdade e só abre a boca para falar o quanto me acha forte. Ele me compreende, eu sinto que ele consegue sentir o que eu estou sentindo nesse momento.
Minha vida virou de cabeça para baixo do nada. Está tudo tão bagunçado, eu não sei por onde começar a arrumar tudo.
—Acordada?
Dylan estava parado ao lado da porta. Já eram mais de oito da manhã e eu ainda não tinha ânimo para me levantar, mas ele saiu da cama muito cedo.
Passamos toda a noite abraçados, as vezes eu acabava me mexendo muito e rolando para o lado mas ele me puxava para si outra vez e dava um jeito de se encaixar ao meu corpo para que ficassemos o mais próximo possível.
—Faz um tempinho — me sentei na cama e olhei para o meu próprio corpo — me empresta uma camiseta para eu tomar um banho?
Dylan pegou uma camiseta no armário e me entregou junto com um sabonete. Eu só tinha colocado duas calcinhas na bolsa de ombro, sai tão desesperada de casa que não tive tempo de pegar mais nada.
—Quando terminar, vem tomar café. Já está pronto.
Lhe dei um meio sorriso em forma de agradecimento e ele saiu do quarto. Parecia meio bobinho, as vezes me dava meios sorrisos mais depois ficava sério outra vez.
Entrei no banheiro e tranquei a porta. Literalmente sozinha, sem chances de que Dylan me veja. Então foi quando me permiti chorar. Abaixei a tampa do vaso sanitário e me sentei ali, chorando baixinho até soluçar. Sentindo tanta falta da minha mãe e desejando mais do que tudo que ela mudasse de idéia para que eu me sentisse parte da sua vida outra vez. Algo que não sinto no momento.
Infelizmente, a sensação que tenho é que já não me encaixo mais ali. Eu nunca vou ser feliz ao lado deles, não enquanto ela permanecer com aquele homem e não tem nenhuma chance de mudar a minha cabeça para que eu mude de ideia e caia de amores por ele outra vez.
Mas tenho que pensar que, se ela acabar perdoando ele e mentindo no depoimento, não vai ter mais nada que eu possa fazer. E vou ter que escolher se me afasto, ou se fico naquela casa para proteger ela de qualquer coisa que possa vir a acontecer.
(...)
Estava ajudando Dylan a limpar a cozinha depois do café da manhã. Ele não faz muita bagunça, mas tinha alguns farelos de pão tanto na bancada quando no fogão. Então ele estava passando um pano úmido por tudo enquanto eu lavava as poucas vasilhas que sujamos.
—O que pensa em fazer? — sequei a mão e me virei para ele. Estava encostado na bancada me olhando — Saiu de casa definitivamente?
—Estou esperando para ver o que a minha mãe vai dizer para a delegada. Depois disso, eu vou tomar uma decisão. Tenho esperança de que ela mude de ideia e faça o que eu quero e o que ela deve fazer.

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Até o fim
RomanceEu queria que fossemos para sempre, queria ir com você até o fim mas você não me deu escolha, não me deu nenhuma outra opção que não fosse te deixar. Me perdi e me esgotei em todas as vezes em que tentamos. Eu me virei, fui embora com o coração part...