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(obs: o capítulo não foi revisado, comentem se encontrar algum erro que vou estar corrigindo. Obrigada).

BELLA

Tudo ao meu redor parecia ter parado. Fechei os olhos e respirei fundo, repassando na minha mente o que eu tinha acabado de ouvir e tentando mais do que tudo processar a informação mais absurda que eu já ouvi. A um tempo atrás minha primeira reação seria rir e perguntar se ele está louco, mas então eu me lembrei do histórico de Charlie, do que ele fez com a mãe de Dylan e de todas as cicatrizes que o filho carrega pelo corpo.

Abri os olhos depois de um longo tempo e senti os olhos castanhos mais lindos que já vi, me olhando com pena.

—O que?!

—Bella, primeiramente fica calma  — meus olhos estavam fixos no seu rosto e meu coração acelerado, nesse momento ficar calma era impossível  — Eles brigaram, uma briga feia que acabou tomando proporções péssimas e Charlie agrediu ela.

Deixei que meus braços caíssem e senti meu corpo meio mole. O que eu estava sentindo agora pode se comparar com o que eu sentiria se levasse uma pancada forte na cabeça e perdesse os sentidos por alguns instantes.

Eu sempre tive uma noção na minha cabeça de como eu iria agir se em algum momento da minha vida eu fosse vítima de violência doméstica. Meu primeiro pensamento é que eu quebraria a cara do sujeito na porrada. Eu iria pegar coisas e bater nele, me imagino até mesmo enfiando uma faca na sua pele e atravessando a sua carne. Sim, meu primeiro pensamento seria reagir e mostrar para ele que tudo o que vai volta. O segundo passo seria fazer uma denuncia, e em momento algum perdoar uma agressão mesmo eu o amando com todas as minhas forças.

Quando a pessoa que você ama começa a te violentar, você quer encontrar motivos para perdoar, ou você simplesmente quer fechar os olhos para isso e agir como se nada tivesse acontecido porque você ama demais a pessoa para simplesmente ir embora. E essa é sem dúvidas a parte mais dolorosa da violência doméstica, ter a noção de que seu agressor é o amor da sua vida.

Mas todas nós, mulheres, temos que ser fortes e nos livrar disso no primeiro instante. Mesmo que o primeiro ato de violência seja um simples empurrão. Depois pode vir um soco, alguns tapas, e quando chega ao fim é impossível voltar atrás porque seu corpo já vai estar sem vida nas mãos dele.

Admiro as mulheres fortes que conseguem sair dessa e dar a volta por cima, que mostram o quão incríveis são por deixar para trás um amor apartir do momento em que ele começa a machucar fisicamente e emocionalmente.

Sempre tive uma noção do que fazer, mas agora, sabendo que minha mãe foi vítima de tudo isso eu me encontro totalmente perdida. Minha única vontade nesse momento é de abraçar a minha mãezinha com força, e depois, pegar qualquer coisa que eu ver pela frente e espancar Charlie até que ele implore para que eu pare.

Me afastei dos braços de Dylan dando alguns passos para trás até que minhas costas batessem contra a parede. Eu estava desnorteada, minhas mãos estavam tremendo em completo choque. Eu queria tanto chorar e estava me esforçando para não deixar nenhuma lagrima cair na frente de Dylan.

—Bella, tenta ficar calma — as mãos dele tocaram meu rosto com delicadeza — Sua mãe está bem, na medida do possível. Ela está resolvendo tudo, por isso pediu para você ficar comigo por enquanto.

Olhei para os olhos dele tentando imaginar o que ele sentia quando via a mãe sendo agredida. Se era parecido com o que estou sentindo no momento. Raiva e sensação de impotência.

As mãos dele estavam no meu rosto e eu quase sorri com ele tentando me passar conforto. Ele não sabe demonstrar, as poucas vezes que demostrou parecia uma criança boba descobrindo o que era o toque. As mãos tremendo e vacilantes contra a minha pele.

Até o fim Onde histórias criam vida. Descubra agora