Secret Hero // h.s

49| Truth

Músicas:

Jordin Sparks - Batterfield

One Direction - Little Things

One Direction - Fool's Gold

Harry's P.O.V

Simplesmente não a consigo entender. Não consigo decifrar o que deve de estar a sentir. No jantar estava bem, a conviver com a minha família e depois limitou-se ao silêncio, durante todo o caminho e agora, que chegamos a casa, está no quarto. Não me atrevo a ir lá acima, porque sei que ela me vai dar um salto alto na cabeça e depois enterrar-me vivo no quintal de alguém.

Ouço os seus paços no quarto e penso duas vezes antes de subir as escadas, mas não vou deixar isto assim. Quando abro a porta, ela está em cima da cama, encostada à cabeceira, de pernas encolhidas e os seus braços a rodeá-las. Fecho a porta, mas ela não se mexe. Está fixa num ponto à sua frente e parece que nem respira.

Ando lentamente até à cama e, cuidadosamente, sento-me à sus frente, mas ela continua a ignorar a minha presença. Limpo a garganta e os seus olhos mexem-se para encontrarem os meus. Ela bate com as pestanas umas nas outras vezes seguidas e depois desvia o olhar para a janela. Lá fora continua a nevar, mas cá em casa está calor suficiente para andar de t-shirt.

- Porquê? — Ela finalmente pergunta, sem nunca tirar os olhos da janela. Respiro fundo.

- Não consigo explicar. Quer dizer, eu consigo, mas...é uma confusão.

- Tu foste para os EUA para fugires da tua família? — Pergunta, olhando-me nos olhos. Ela não está irritada, porque a sua voz não o indica, mas posso ver que está magoada e apesar de não estar a chorar, sei que está a segurar as lágrimas.

- Sim. — Engulo em seco e olho para o meu colo.

 Não lhe quero contar a verdadeira história, porque sei que vai ter pena de mim e eu não quero que ela tenha pena de mim. Voltar a encontrar a Cinthya foi um grande choque e quando olhei para Charlie, o meu mundo quase me caiu aos pés. Ela está viva e namora com o meu irmão. Bem, com o Matthew. Revê-la foi como se fosse uma espécie de confirmação de que o meu coração pertence mesmo à Safira. À minha Safira.

- Sinto-me perdida, Harry. — Safira confessa. — Fui enganada pela tua família e por ti. O rapaz que amo.

- Safira-

- Isto é incrível. — Ela ri sem humor. Suspiro. — Porque é que não me contaste?

- Eu não sabia! — Levanto-me da cama e ela olha-me. Estou a entrar em pânico, porque sei que lhe vou ter que contar a história.

- Não sabias que tinhas dois irmãos e um deles era teu gémeo? — Ela levanta-se. A sua cara está mais vermelha e sei que vai começar a chorar. — Eu estou farta, Harry! Farta, mesmo farta! É só mentiras e omissões! Porquê? Porque é que não és sincero e verdadeiro o suficiente para chegares ao pé de mim e me dizeres na cara que tens vergonha da tua família paterna? — Lágrimas correm pelas suas bochechas e apetece-me limpá-las e dizer-lhe que tudo vai ficar bem, abrir-me com ela e contar-lhe tudo. Sem mentiras, sem omissões.

- Safira, as coisas são mais difíceis do que pensas. A minha vida nunca foi fácil e tu não irias perceber. Irias ficar com pena de mim e a última coisa que quero é que estejas comigo por pena.