78| Should Have

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Músicas:

Nicki Minaj - Pills N Potions

Sam Smith - Safe With Me





Safira's P.O.V

 

Nunca na minha vida pensei que me iria casar tão cedo e muito menos ser mãe. Summer andava mais excitada com a ideia do casamento que eu, a minha mãe quase que fez uma festa no hospital e o Tony apena me deu os parabéns.

- Andar a experimentar vestidos de noiva é tão cansativo. – Resmunguei, quando saí de mais uma loja de vestidos de noiva.

Já entramos em três e nenhum dos vestidos me agradava. Ainda só passaram dois meses desde que o Harry me pediu em casamento em pleno hospital e eu aceitei, claro! Mas a minha barriga está a começar a crescer e esta pressa do Harry se casar, quase me mata de cansaço. Os meus pés incham e quase que tenho de andar descalça e, definitivamente, o meu corpo não está a reagir da melhor forma às hormonas do bebé a desenvolver-se dentro de mim.

- Emma, isso não é para meter na boca. – A minha mãe disse, baixando-se para o carrinho e tirando a maraca da boca da minha irmã. – Tu és maldosa!

- Mãe... é uma bebé. – Riu-me, juntamente com Summer.

- Sim, Mrs. Dornan, a Emma ainda não sabe o que deve ou não meter na boca. – A minha melhor amiga fala. Olho para ela com um ar de malvada e ela ri-se, pensando, realmente, no que tinha acabado de dizer.

- A sério, ela é impossível! – A minha mãe queixa-se, empurrando o carrinho. – Não me deixa dormir e só quer é comer.

- É bebé. – Volto a repetir. O meu telemóvel treme na mala e quando vejo um número desconhecido no ecrã, abrando o passo. Desliso o dedo pelo ecrã, levando o aparelho ao ouvido. – Sim?

- Safira? – Uma voz masculina soa do outro lado.

- Sean? – Pergunto, ainda não acreditando no que está a acontecer.

- Eu mesmo! – Riu-se.

- Oh Sean! – Falo mais alto. – Estou tão contente por teres ligado! Meu Deus! Já sabes?

- Sim, sim. – Ri-se. – Quero dar-te os parabéns por, finalmente, conseguires arrancar o pedido de casamento ao meu irmão. Estava difícil! – E, por momentos, esqueço-me que ele só pode saber do bebé quando fizer três meses de gravidez.

- Obrigado. – Digo-lhe e atravesso a estrada para o outro lado. – Estás convidado, claro!

- Ainda não percebi qual é o problema do meu irmão. Está com pressa.

- Também acho! – Gargalho. De repente, ouço um carro a acelerar e, quando volto a cara, tudo fica escuro.

*

Harry's P.O.V

 

- Eu acho que ela anda impossível. – Niall queixa-se, mais uma vez, enquanto bebe o resto da sua cerveja. – Cada vez mais impossível.

- Meu, és viciado em sexo. – Digo-lhe, recostando-me para trás no meu sofá.

- Não, não sou. Ela é e eu só lhe faço a vontade. – Contrapõe e eu riu-me. Vejo Niall a tirar o telemóvel do bolso e atende. – Sim, Summer? O quê? – Levanta-se e eu sigo-o com o olhar. Ele vira-se e olha-me com assombração, assustando-me. – Ok, nós vamos já para aí. – Desliga e pega nas chaves do seu Rage Rover.

- Que se passa?

- Mano, a Safira foi atropelada. – Diz-me e eu levanto-me. O meu coração começa a bater fortemente. A Safira? Atropelada?

- O quê? – Respiro ofegante.

- Ela ia a falar ao telemóvel com o Sean. Ele ia-lhe a dar os parabéns pelo casamento e, quando ouviram o carro a acelerar, ela já estava estendida no chão. Não há tempo, Styles. – Apressa-me e eu corro pelas escadas com ele, entrando para o seu carro.

Quando chego ao hospital, estou completamente louco e cego. Não consigo ver mais nada à minha frente, a não ser a minha futura noiva e, quando finalmente, consigo chegar ao quarto dela, Summer e quando a vejo, deitada, pálida e ligada às máquinas, é quando sei que tudo o que lhe tenho feito são coisas para a prejudicar. Tudo o que passámos, todas as guerras...eram tudo sinais de que eu devia de me ter afastado, devia de ter evitado isto tudo...

Agarro na sua mão e aperto-a ligeiramente.

- Não desistas. – Sussurro, chorando. – Tu sabes que eu ainda quero ser feliz. – Pedi e sentei-me na cadeira ao lado da sua maca. Uma médica entra pelo quarto, com um monte de papéis na mão.

- Presumo que seja o Harry, o namorado da paciente. – Ela sussurra-me, baixando-se à minha frente.

- Sou eu. – Fungo, limpando as lágrimas e olho para ela. Ela dá-me um olhar de pena e eu desvio o olhar para a mulher da minha vida ali, deitada naquela cama, a tentar vencer esta luta. – Ela tem o nosso filho dentro dela. – Soluço. – Nós vamos casar daqui a quatro meses. – Admito e olho para a médica. Ela endireita-se e puxa uma cadeira, sentando-se à minha frente. Retira do bolso da sua bata, uns óculos e mete-os.

- Harry, o que eu tenho para lhe contar não é fácil. – Ela começa. – Primeiro, quero dizer-lhe que o impacto que a sua...noiva, se é assim que lhe posso chamar, foi forte. Ela está com um prognóstico muito positivo. Deve de acordar em breve, porque a pancada não a afetou a ela. – Diz-me e já sei o que vem a seguir. Baixo a cabeça e respiro fundo, tentando parar as lágrimas, mas não consigo. – Lamento. – Diz-me.

- A culpa não foi vossa... - Consigo dizer, num fio de voz.

- Vai ficar bem? – Ela olha-me, quando levanto a cabeça.

- Não, doutora. – Admito. – Eu acabei de perder o meu filho.

- Harry, eu compreendo. – A doutora diz-me. – A mim também me aconteceu o mesmo. E dói. Mas não perdi a esperança e, hoje em dia, tenho um par de adoráveis gémeos. São a melhor coisa que me pode ter acontecido. Vai ter que ter esperança e acreditar que vocês vão conseguir. Aliás, eu tive a falar com a doutora Ellen, a psicóloga que prestou auxilio à família da Safira e ela disse-me que os meus ficaram aflitos. Harry, às vezes é preciso, "abre olhos" na nossa vida, para cairmos e levantarmo-nos com ainda mais força. Vocês vão casar. São jovens, têm uma vida inteira pela frente. – Abanei a cabeça afirmativamente.

- Obrigado, doutora.

- De nada, Harry. Eu vou avisar a família da Safira. Dizer-lhes que vai dormir aqui. Precisa que eu chame a doutora Ellen?

- Não, não, obrigado. – Agradeci.

- Ok. Se precisar de alguma coisa, vou estar por aqui a noite toda, basta carregar no botão.

- Ok. – Digo-lhe e ela sorri-me, antes de sair.

 Deito a cabeça em cima do colchão da maca, ao lado do braço da minha noiva e choro. Choro como nunca chorei. A minha é literalmente uma merda. Cada vez que tento ser feliz, qualquer coisa acontece. E já é a segunda vez que isto acontece. A culpa é minha, eu devia de saber melhor. Há pessoa por aí que me odeiam e que fariam de tudo para magoar os que me rodeiam, porque sabem que me atingem mais facilmente dessa maneira. Eu tenho feito a Safira passar por muito e todas as lágrimas que ela derramou, de dor, foram causadas por mim. Eu devia de escapar disto. Eu devia de lhe dar o direito de encontrar alguém que a ame e que a possa fazer feliz. 

Secret Hero // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora