9| Safe

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Depois de descer e de cumprimentar a família do Harry, sentamo-nos à mesa. Por azar, ou puro destino, fiquei mesmo em frente a ele.

- Então? – A minha mãe pergunta entusiasmada. – E o Natal? Está próximo!

- Nós… ah… ainda não temos nada combinado… - Anne falou, sorrindo. Notava-se o seu nervosismo.

- Vocês podiam passar o Natal connosco. – A minha convidou e eu quase me engasguei.

- E que tal se fosse ao contrário? – Robbin falou entusiasmado, capturando a atenção de todos naquela mesa, até a do Harry. – Os meus pais têm uma quinta em Londres e estão sempre sozinhos, então –

- Eu não vou. – Harry falou e ouviu-se um suspiro solto por Anne. – Lembraste da última vez que tive lá? Que a avó me chamou aberração?

- Harry, querido, sabes perfeitamente que isso foi sem querer!

- Claro que foi! – Harry larga os talheres em cima do prato, fazendo um barulho estridente. Encolho-me ligeiramente. – Mas se fosse eu que lhe chamasse velha chata, eu era castigado até ao fim dos meus dias.

- Harry… - Gemma fala.

- Sabem que mais? – Ele olha para mim com um olhar amargo. – Fiquem todos juntos e finjam que são uma família feliz. Eu sabia que vir a este estúpido jantar era um erro. – Ele manda o guardanapo para cima da mesa e sai, batendo com a porta com força. Gemma troca olhares comigo e imediatamente me levanto. Caminho até à rua e abro a porta lentamente, vendo Harry de mãos nos bolsos a olhar para o céu.

- Harry. – Chamo. Ele vira-se para mim e volta a olhar para o céu. – Está frio. É melhor irmos para dentro.

- É engraçado, Safira. Tu és mesmo a pessoa indicada para se preocupar comigo.

- Eu guardei o teu segredo. – Digo e ele vira-se para mim com ar de surpreendido. – Eu sei que os teus pais não sabem que lutas. – Continuo a falar. – Sei que só a Gemma sabe. É por isso que disfarçaste as marcas com maquilhagem. Sim, eu notei. Mas seres rude para os teus pais não te vai levar a lado nenhum e tu sabes perfeitamente que a tua mãe, a tua irmã e o teu padrasto mudaram a vida por tua causa! Posso não ser a pessoa mais correta para falar nisto, mas acredita que conseguido ver o que está certo ou errado. Mas, por favor… - Longos momentos de silêncio foram ouvidos, até ele inspirar e expirar forçadamente. Um relâmpago vê-se ao fundo da cidade, seguido pelo trovão e a chuva começa a cair brutalmente. – Harry! Vem para dentro! - Ele suspira e desce as escadas, desaparecendo no escuro. Fecho os olhos e respiro fundo, entrando dentro de casa. Gemma aparece da sala, preocupada.

- Então? – Ele mete as suas mãos nos meus ombros.

- Ele foi-se embora. – Respondo. – Desculpa por não conseguir. – Digo-lhe e vou até ao meu quarto.

Dispo as minhas roupas encharcadas e visto o meu pijama. Não sou capaz de enfrentar os pais do Harry e muito menos os meus. Alguém bate à porta do meu quarto e um Harry encharcado, seguido por a Sasha e Gemma, entra no meu quarto. Rapidamente me levanto da cama. Elas saem, deixando-me sozinha com ele. Ele suspira e olha para mim com olhos triste. Suspiro e aproximo-me dele.

- Estás desculpado. – Digo-lhe e ponho-me em bicos dos pés, dando-lhe um beijo na bochecha. Sinto-o a sorrir. – Vou buscar uma toalha e algumas roupas secas. – Digo e saio do quarto. Vou até ao quarto dos meus pais e tiro uma camisola de manga comprida branca e umas calças de fato de treino cinzenta e pego numa toalha, voltando para o meu quarto. Harry não se importa e muda-se mesmo ali à minha frente. Depois senta-se na minha cama, com as costas encostadas à cabeceira. – Queres falar? – Pergunto-lhe enquanto brinco com o meu urso de peluche.

Secret Hero // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora