Wabi-Sabi - (Ace x [Nome] x Law)

Boa Lembrança

Não fui ao café das sereias nos dias seguintes, apesar de receber algumas visitas no porto. Sempre inventava uma desculpa e ficava nos arredores do navio mesmo, estávamos prestes a partir de qualquer maneira.

Shanks estava de volta ao Red Force e traçava os planos para o 'Novo Mundo' junto do restante dos executivos. Enquanto isso sentada no convés com os braços cruzados ponderando sobre minhas próprias ações, as palavras de Nerissa martelavam minha mente.

— Porque dessa cara feia? — o capitão do navio andou até ficar do meu lado — Pensei que estivesse aproveitando a ilha dos tritões.

— E como você sabe disso se passou a maioria do tempo longe? — mal ergui os olhos para responder o homem, logo em seguida senti algo bater contra a minha cabeça e reclamei.

— Sei o que acontece no meu navio mesmo quando estou longe.

Suspirei alto e deixei meu corpo escorregar até que estivesse deitada na madeira — Não sei o que pensar, acho que estou sentindo falta do mar aberto.

— Não deve demorar — o ruivo chutou a sola do meu sapato antes de andar para a sua cabine — Partiremos em breve.

— [Nome]-chan — algum pirata me gritou — Suas amigas sereias estão aqui.

Não me mexi de imediato e Gallie mordiscou a minha mão como se estivesse mandando eu me levantar. Nem mesmo a ave parecia estar do meu lado, os piratas estavam apoiados na lateral com corações saindo dos olhos e quando espiei vi Nerissa e Merida na margem.

Desci para o porto e me aproximei — Não é ruim que vocês fiquem vindo até aqui? Madame Shyarly não deve gostar muito.

— Ficamos preocupadas com você, não apareceu por algum tempo — Merida ergueu uma bolha com diversas comidas do café das sereias — Pensamos que estivesse doente então resolvemos vir te animar.

A bolha estourou e eu peguei as delícias que elas gentilmente me trouxeram, me sentindo um pouco culpada pela maneira que andei agindo. Elas não haviam me dado nada além de gratidão e atenção, acabei por me sentar na margem de cabeça baixa e abraçando a cesta com comida.

— Não estou doente, só... Estou cansada — não tive coragem de dizer que não estava com vontade de as visitar. Porque todo momento me lembrava da desconfiança dos príncipes e o jeito com que me olharam.

Mas é claro que Nerissa, sabia que ter algo acontecendo. Ela sempre sabia, não demorou para ela convencer Merida a voltar para o café e nos deixar sozinhas novamente. A sereia apoiou as mãos na beirada e deu um impulso para se sentar ao meu lado.

— Então, qual é a verdade?

A cauda dela bateu na água espirrando um pouco para os lados, me inclinei limpando o rosto e respirando fundo — Você sabe o que é.

Nerissa resmungou — Certo, a questão dos príncipes. Se ficou tão chateada, será que gosta de algum deles?

— O que? Lógico que não — senti meu rosto ficar vermelho.

— Você ficou toda vermelha — ela cutucou a minha costela — Me diga é o Fukaboshi-sama? Ouvi dizer que ele anda de certa forma, maravilhado com você.

Ela não havia parado de fazer cócegas, e nesse ponto a cesta já havia sido posta de lado. Eu tentava me defender do ataque, mas tudo que consegui foi rir.

— Neri, para! — disse mais alto e foi quando a sereia pareceu travar, seus olhos estavam arregalados e pareceram por um momento segurar lágrimas.

Fiquei com medo de ter feito algo, mas antes de conseguir me desculpar a mais velha me puxou para um abraço. Me segurava com força e até as pontas dos dedos pareciam tremer um pouco. Não entendi o que aconteceu, mas naquele momento me senti como se estivesse envolvida pelo próprio mar.

Era quente, e acolhedor. Me fazia sentir segura de um jeito que nunca havia sentido antes, então retornei seu abraço apoiando meu rosto em seu pescoço.

— Seu pai foi a única pessoa que me chamou de Neri — explicou — Ouvir de você me fez ter lembranças.

As mãos delas subiam e desciam as minhas costas num carinho, e não demorou para que ela também começasse a me ninar em seus braços.

— Como ele era? — minha pergunta saiu abafada — Meu pai.

A sereia suspirou — Exuberante, por dentro e por fora. Tinha uma presença quente, como se fosse o próprio sol. Cyrus era um homem gentil e inteligente. Eu poderia passar horas ouvindo ele falar sobre qualquer coisa.

Nerissa se afastou para poder olhar meu rosto — Você é como ele [Nome].

Voltei a me sentar ao seu lado, suas mãos se ergueram até o pescoço e em seguida ela me estendeu o colar com o pingente que usava.

— Quero que fique com isso — disse — Esteve comigo por um longo tempo, me protegendo. Agora quero que leve com você.

Era simples, uma pedra em formato de gota com pequenos arabescos em prateado o envolvendo. Dependendo da luz parecia verde e mudava para uma azul vivo, assim como os tons do cabelo de Nerissa.

Passos se aproximaram e a sereia achou que seria um bom momento para voltar para a água. Atrás de nós Shanks se aproximou, provavelmente após ver a cena se desenrolando da lateral do navio.

— Vamos partir — me avisou e então pareceu reparar na minha amiga sereia — Eu me lembro de você.

Era a primeira vez que os dois de encontravam, os olhares estavam fixos um no outro e ambos estavam sérios. Nerissa flutuou recuando um pouco.

— Digo o mesmo.

Os marujos gritaram do convés e logo eu me levantei para voltar ao Red Force, mas ao invés de andar atrás de Shanks parei por um momento e corri pulando na água abraçando a sereia uma última vez. Sem ligar para o fato de ficar completamente encharcada.

— Obrigada — murmurei apenas para ela ouvir — Mesmo que se esqueça de mim, vou lembrar por nós duas.

Nerissa riu — Isso nunca aconteceria. Quando você voltar ainda estarei aqui, e vou querer ouvir todas as suas aventuras.

Ela me levou até a margem e Shanks estendeu a mão me ajudando a sair da água.

— Cuide dela ruivo.

— Não se preocupe, eu vou.

Com um último aceno, a sereia desapareceu nas águas profundas. Shanks colocou a mão na minha cabeça.

— Em rumo ao Novo Mundo.

N/a: Obrigada por ler até aqui!

Pergunta: Tento colocar a Uta ou só menciono? Me deixe saber seus pensamentos.

Até a próxima! Xx