One

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O que acontece com Vegas, fica em Vegas.
Os filmes hollywoodianos costumam usar essa metáfora, mas há quem diga que deve ser seguida ao pé da letra. Eu estava sendo sugado lentamente naquele mistério, fui atraído pelo magnetismo sedutor e quando percebi, estava guardando um segredo que no início parecia tão inofensivo, experimentando algo tão bom, que apenas aquelas memórias vividas me faziam buscar cada vez mais, eram assim memórias que guardava de Vegas.

Meu Vegas.

Ele se tornou a parte da minha vida escondida nas sombras, despertou em mim a parte inconsciente que buscava adrenalina, e trouxe à tona o mais complexo dos sentimentos. Sinto que, Vegas é uma dessas pessoas que se não bem valorizadas, poderia se perder completamente na própria existência, mas se descobrindo todo seu bom potencial poderia ser o indivíduo mais genial que ter conhecido em minha vida, e nem tudo foi assim tão simples.

Com meu cigarro aceso, caminhava despreocupado pelas ruas de Bangkok, cada tragada trazia ao meu corpo o prazer momentâneo da nicotina, meu coração traía a razão, e começava a se acelerar em cada passo dado em direção àquela casa, estava a caminho de Vegas, em nossas posições era perigoso e excitante estar sob o comando da primeira família, mas estar nos lençóis do primogênito da segunda, a vida é cheia de mistérios e o momento em que me permitir cair nessa armadilha se encaixava perfeitamente como um quebra cabeça, não tinha como ser diferente.  

“Pete?” Uma notificação me chamou atenção. “Está vindo?” Em seguida apareceu na tela, tentei segurar meu sorriso, mas meu corpo traidor já estava completamente desarmado para ele e sem mais demora o respondi. “Cinco minutos.”

As ruas agitadas me fizeram lembrar de como nós nos conhecemos. Há quatro anos entrei para a máfia em um recrutamento que estava acontecendo na ilha onde eu morava com meus avós, a renda era pouca e eu já não tinha condições de ajudar minha família, tive a sorte de ter aprendido luta desde novo, passei em primeiro nos testes de aptidão.

Logo passei de um desempregado para o chefe dos guarda-costas do filho mais velho da primeira família, o mais insano daqueles irmãos. Trabalhar com a máfia constantemente me trazia sentimentos mistos, a frieza era um dos requisitos principais para este tipo de trabalho e as pessoas costumam se enganar com o tipo de pessoa que eu era, talvez fosse por exemplo o meu rosto que sempre apresentava um sorriso otimista, Khun dizia sempre que eu era o mais reconfortante dos guardas.

Sobre Vegas, sempre o encontrava em reuniões de família e até dado momento apenas o via pelos olhos dos outros, mas nunca comprei tal ideia para ele. Sempre acreditei que as pessoas tinham seu lado bom e ruim, mas dependendo de como somos criados, um desses lados poderiam vir à tona.

· Flashback

Naquela noite estava tendo um grande evento entre os sócios da família, onde os maiores líderes de empresas da Tailândia se reuniam para fechar negócios.
Os Theerapanyakul eram donos de diversos negócios legais e também aqueles por debaixo do pano, como tráfico de armas. Não sabia ao certo qual era a verdadeira história da classificação de primeira e segunda família, mas era certo que esse pequeno título era de longe o que definia como as pessoas enxergavam Korn e Kan, irmãos e atuais líderes do clã, e como eles trabalhavam em conjunto, mostrando uma união fingida eles conseguiram controlar metade dos negócios da Tailândia, e isso só poderia significar que eles eram os mais ricos do país.

Vegas ajudava seu pai nos negócios, ele carregava sempre consigo um sorriso enigmático e uma aura sombria, esse era um ponto muito particular que sempre atiçava minha curiosidade. A princípio não achava nada demais, mas ao longo do tempo percebi que Vegas era sempre gentil e cumprimentava os guardas, e que mesmo assim era ridicularizado quando virava as costas, como sendo comparado com Kinn, o segundo filho e o herdeiro legítimo do título de líder da máfia.

Estava de plantão naquele evento e em um momento de descanso me direcionei ao estacionamento, acendi meu cigarro para aliviar um pouquinho do estresse que era ser guarda-costas, dei uma caminhada para fazer uma varredura pelo local e ver se havia alguma atividade suspeita. Geralmente havia inimigos nas sombras, esperando que um dos chefes saísse para tentar assassiná-los. 

Escutei um barulho de socos perto do final do estacionamento, era um lugar mais distante, gritos de fúria advindo de alguém, um homem. Me aproximei lentamente vendo aquela figura completamente desorientada, que parecia não se importar com o quanto aquela atitude estava machucando a si mesmo e a parede estava tingida com a cor vermelha de seu sangue.

“Sr.Vegas, você está bem?” Meu primeiro impulso foi perguntar, mesmo com leve receio de ser atingido por aquele estado de fúria, deveria ser exaustivo estar em sua posição, muitas vezes ouvi boatos sobre seus ataques de fúria mas era a primeira vez que eu o via, durante a noite eu pude ouvir todo tipo de piada sendo direcionada ao mesmo e poderia lhe dar razão a este ato, esperava que de uma maneira mais saudável.

Ele congelou e continuou em silêncio, respirou fundo parecendo querer se acalmar antes de olhar quem ousava interromper aquele momento.

“Seu sangue merece ser desperdiçado dessa maneira?” Questionei em seguida por não ter obtido resposta da primeira pergunta.

Ele se virou em surpresa, seu olhar ainda parecia feroz e curioso como se perguntasse a si mesmo porque um mero guarda-costas iria ter a ousadia de lhe dirigir uma palavra, conversando de maneira tão informal com o membro da realeza da máfia.

“Pete? Este é seu nome?” Perguntou Vegas, tão rápido quanto mudou de expressão sua voz se suavizou, ele agora me olhava com certa curiosidade.

Uma tensão se instalou entre nós, era a primeira vez que eu via Vegas perdendo o controle das duas emoções.

Me encostei perto da parede com o cigarro ainda em mãos, enquanto isso,Vegas se aproximou lentamente, meu corpo começou a ficar tenso e comecei a suar frio. O que ele faria comigo naquele momento?
“Você é um dos cachorrinhos de Tankhun, acredito que ele planeja mil maneiras de me prender e torturar” disse ele rindo de lado, de uma forma divertida e sombria.

“Ele paga minhas contas, então devo ser muito leal ao Sr.Tankhun, e você não é o seu favorito.” Respondi atentamente.

Os movimentos de Vegas eram como de uma raposa astuta, apenas esperando o momento certo para poder tomar posse da sua presa, lentamente ele se aproximava cada vez mais, encarando meus olhos com tanta firmeza, mas não esperaria que alguém como eu se mantivesse firme diante dessa tentativa falha de intimidação. Sem avisar tirou o cigarro de minha mão,  a sua que foi usada para socar a parede ainda sangrava, ele parecia estar acostumado a esta dor.
Era sexy.

“Não se preocupe Pete, logo irei para casa fazer curativos.” Disse ele me encarando, seu humor sombrio havia desaparecido e novamente eu estava diante do Vegas simpático e sorridente, achei um pouco bizarro essa mudança drástica.

Seu olhar ainda era intenso,  e o que poderia estar passando em sua mente me intrigava, Vegas nunca havia sido tão aberto quanto antes diante de mim ou outros guardas.

O terno branco de Vegas estava manchado com pequenas gotas de sangue, horas antes era o que mais se destacava em meio aquela multidão de velhos ricos e barrigudos. Esse era rente ao corpo e  valorizava todas suas curvas, como eu poderia ter notado tantos detalhes, também não queria pensar muito sobre isso. Vegas continuava na mesma posição, fumando aquele cigarro que pegou sem permissão, e o cheiro da fumaça se misturava com o de seu perfume e adentrava em minhas narinas causando uma sensação estranha em todo meu corpo.

O que estava acontecendo?

Qualquer um que me visse diante dessa situação, poderia constatar que eu e Vegas estávamos flertando, e Tankhun poderia querer cortar meu pau fora. Eu não iria negar que Vegas era incrivelmente atraente e queria me bater por ter esse tipo de pensamento.
Entendi toda frustração que Vegas carregava consigo naquela noite, ou pelo menos parte dela, era a comparação esmagadora entre os primos que o estavam deixando daquela maneira e algo a mais, era uma carga que ele tinha que suportar contra sua vontade, foi a primeira vez que eu senti que ele precisava de cuidado, minha cabeça estava à mil.

“Sr.Vegas tenho uma caixa de curativos no dormitório dos guarda-costas, posso te levar e desinfectar a ferida?” Me ofereci gentilmente, seu olhar se tornou confuso e senti que ele tinha muitas coisas em sua cabeça, já que ainda me encarava como se quisesse descobrir de que espécie eu era, ainda sem responder seus olhos pareciam hesitantes.“Vamos, só não aguento ver essa mão pingando de sangue, me dá agonia.” reforcei tentando convencer aquele Theerapanyakul.

“Ok.” Respondeu.

Liguei o rádio e dei ordem para que Arm ficasse no comando da segurança. Olhei para Vegas que ainda me encarava daquele jeito estranho de minutos antes, daria tudo para saber o que se passava em sua cabeça naquele momento.

Dei um passo em direção ao local e Vegas me seguiu silenciosamente. Por se tratar de um evento de grande porte, todos os guardas estavam em serviço, o que facilitaria muito minha vida se ninguém me visse com Vegas, teria de explicar porque um membro da segunda família estaria fazendo ali, seria muita dor de cabeça.

O saguão estava escuro, a única luz que tinha no local vinha de um abajur de cor amarela, era fraca e mostrava apenas nossa silhueta, depois de minutos, finalmente chegamos até a pequena farmácia, eu ia me inclinar para pegar as bandagens e o antisséptico, mas senti o calor em minhas costas. Aquela fragrância do perfume de Vegas invadiu meu nariz, e meu corpo se enrijeceu imediatamente.

“Pete?” Ouvi meu nome sendo sussurrado pela voz rouca de Vegas, eu não sabia se deveria reagir, ou melhor dizendo eu queria reagir? Vegas era um mistério que eu deveria me deixar mergulhar? Enquanto minha consciência tentava me dizer que isso estava errado, Vegas passava suas mãos por dentro de meu uniforme buscando o contato com minha pele, senti seus lábios começando a lamber cada parte de meu pescoço e sua respiração quente fazendo com que meu corpo se arrepiasse por completo. A outra mão apertava minha cintura com firmeza e um pouco bruto, era assim que ele gostava. 

O Pete daquele momento já tinha se perdido completamente nos toques de Vegas.

“Pete, eu posso?” Me empurrou contra a parede, quase perdi o fôlego com a força que ele usou.

Comigo ainda de costas para si, começou a se esfregar em mim para que eu pudesse sentir seu pau que estava duro dentro daquele conjunto de roupa que usava, ofegante durante esse momento eu já tinha perdido todo controle sobre mim, Vegas me queria e eu estava excitado com o fato de que éramos proibidos um para o outro.

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