Twelve

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Menos de um dia para a execução do plano.


Passamos um bom tempo naquele restaurante fingindo viver uma vida normal, ignorando todas as responsabilidades, Vegas esteve completamente relaxado como nunca antes segundo ele mesmo, nossa dinâmica havia mudado desde tivemos nossas declarações. Me sentia mais leve ao saber até que ponto havíamos chegados diante desse relacionamento que havia começado de maneira torta, mediante que tudo parecia caminhar tão perto do perigo, sendo claro sobre seus e os meus sentimentos, todas as circunstâncias mudaram.

Meu coração já tinha sido capturado há muito tempo, só me custava aceitar. Me envolver com ele também me deu muita clareza sobre as questões do relacionamento familiar entre as duas famílias, tudo o que eles escondiam foi facilmente revelado diante de meus olhos.

Vegas apesar de sempre me mostrar seu lado forte e durão, era a pessoa mais sensível que eu havia conheci e olhando muito além de todos seus erros, acreditava que ele ainda tinha muito potencial caso se libertasse desses estigmas deixados pelas gerações anteriores.

Chegamos cansados das nossas provocações, nos deitamos em sua cama depois de tirar toda aquela roupa ficando apenas de cueca. Vegas me ajeitou sobre seu peito quente, porque ele sempre parecia estar muito quente para mim, pude ouvir as batidas de seu coração, dessa vez batia no ritmo normal. Seu corpo emitia aquele cheiro característico dele, que me proporcionava um conforto, e me deixava cada vez mais adicto ao ponto de não suportar imaginar não ter Vegas me abraçando daquela forma, era um momento sem mais intenções.

De todas as pequenas coisas que me fez querer estar com Vegas eram os momentos de diálogo em que ele se acalmava ao falar sobre as coisas que sentia, quando sorria timidamente ainda com receio de perder a postura, também quando ele se dispunha a cuidar de mim, mesmo que eu não tenha pedido, era meu privilégio poder ser capaz de ver isso.
Eu estava mesmo viciado nesse Vegas.

.

Me apresentei na mansão da família principal para conversar sobre as informações relatadas por Jit. Não estava em meus planos, mas Porsche sentiu minha ausência e havia me ligado mais cedo para que eu fosse à mansão. Vegas não queria me deixar sair da cama, mas prometi voltar assim que terminasse meu dever.

Eu estava negligenciando a nossa amizade com Porsche, senti esse peso quando o vi depois de dias, queria contar tudo para eles começando pelos meus sentimentos confusões e em como eu e Vegas nos envolvemos até chegar ao ponto de nos gostarmos, mas simplesmente não conseguia, por medo da pressão que seria e das muitas possibilidades de ser considerado um mísero traidor.

Porsche sempre confiou em mim para contar sobre seus problemas, desde a faculdade que Chay escolheu até o envolvimento com Kinn, apesar de ter tido uma certa resistência no início, poderia dizer que foi uma das melhores pessoas que conheci e queria sua amizade para vida inteira, mas não me sentia preparado para as consequências.

“Pete, você está bem avoado!” Ele me chamou atenção. Estávamos na cafeteria dos guardas, não havia mais ninguém por ser um horário em que todos estavam já a postos, não havia sinal também de nenhum dos integrantes da família principal.

“Desculpa, estava pensando na missão.” Menti, como poderia dizer que não conseguia parar de pensar naquele que deixei dormindo na cama.

“Você está diferente, como tem sido sua estadia na casa da segunda família?” perguntou curioso.

“Tem sido tranquilo, apesar de eu sentir que os guardas querem me matar.” Falei.

“E o Vegas?” Senti meu coração parar naquele momento. “Ele é duas caras igual foi comigo?” Percebi uma certa hostilidade, com razão.

“O Sr.Vegas é atencioso, nunca me destratou.” Falei e vi Porsche fazendo expressão de surpresa. “Não há o que reclamar, além do Sr.Kan parecendo que planeja algo, ele é muito estranho.” Disse olhando sério para Porsche.

“Sério? Ouvi Kinn dizer que ele e o Sr.Korn fingem uma harmonia falsa, e que o Sr.Kan é aquele invejoso. Por ter menos poder se envolve em negócios proibidos pela primeira família.” Porsche disse.

Os negócios sujos eu sabia, essa falsa harmonia era muito suspeita além de que nós últimos meses estive percebendo que Vegas estava tomando conta da empresa quase sozinho, enquanto Kan parecia estar envolvido em algo mais obscuro. Assistindo como Kan tratava Vegas e Macau de uma forma tão fria e cruel, imaginava que a relação dele com o irmão também não era boa como eles fingiam ser. Como ele poderia cobrar tanto de Vegas se nem era mesmo capaz de fazer algo para mudar essa situação?

“E também acho que um dia poderemos presenciar um conflito familiar.” Porsche acrescentou. Meu coração se apertou.

“Porquê?” Perguntei, já temia a mesma coisa.

“Houveram várias tentativas da segunda família de sabotar os negócios da primeira, e descobri que Vegas está metido nessa última.” Porsche falou.

“O QUE?” Gritei.

“Calma Pete, vou te contar, mas é para você ficar alerto. Kinn suspeita que Kan tem usado Vegas para fazer esse trabalho com você, com um motivo mais obscuro. Eliminar os traficantes para que possa tomar controle sobre as drogas, elas seriam uma fonte bem grande de renda.” Ele terminou.

“Então você está me dizendo que eu e Vegas estamos virando marionetes nas mãos do Kan?”

“Não sei o quanto Vegas é envolvido nos negócios do pai, às vezes ele também pode estar executando o plano de acordo com o Sr.Kan.”

Seria isso possível?

Ouvir aquilo me deixou exaltado, Vegas poderia estar me usando para executar um plano de seu pai? Simplesmente impensável! Depois de tudo o que eu presenciei, não poderia dar credibilidade a esta hipótese de Porsche. Eu sabia que Vegas tinha uma necessidade enorme de ser aprovado pelo pai, e por isso ele enxergava essa missão como sua mina de ouro para mostrar que seria capaz de liderar algo tão importante, e Kan não poderia envolver seu filho dessa forma, já que ele enxergava Vegas como um fracasso, e precisava de mim para ajudá-lo a completar, o que me leva ao pensamento de que Vegas sabe muito menos que eu.

“Vegas provavelmente não sabe.” Disse para mim mesmo, mas em voz alta.

“Como você tem certeza disso?” Porsche perguntou, esperando que eu dissesse mais.

“O Sr.Kan não acredita que ele seria capaz de resolver essa missão sozinho, tive essa certeza porque ele me pediu para ajudar Vegas, o que foi estranho é que tive essa sensação de que ele escondia algo.” Muita coisa fez sentido. “E também toda aquela história de família unida que eles mostram pra gente é fachada, Vegas sofre...” Eu acrescentei, mas logo me contive. Era mais exposição do que eu queria.

“Vegas o que? Pete me parece que vocês estão bem próximos” Ele destacou.

“Não é isso, eu ouvi uma discussão entre eles, posso garantir que o Sr.Kan não iria querer deixar nas mãos de outra pessoa. E Vegas só tem mexido com a parte da empresa da família, eu o segui nos últimos dias.” Apenas contornei.

“De qualquer forma fique atento, estou preocupado porque você é um pouco ingênuo. Assim que completar essa missão, vamos sair e beber até esquecermos nossos nomes!” Ele disse sorrindo.

“Tudo bem, ingênuo seu rabo! E cadê Arm e Pol? Sr. Khun o que tem feito?” Estava com saudade deles.

“Tankhun tem feito um inferno desde que você foi para a segunda família. Quase tocou fogo nas suas coisas porque ele disse que você caiu nas garras de Vegas, e que nunca mais iria voltar para casa.” Ele definitivamente vai morrer se descobrir que era tudo verdade.

“Então eu vou indo, antes que ele me encontre e me prenda.” Falei me levantando. “Mande um abraço para meu chefe e diga que logo devo voltar.” Porsche assentiu com a cabeça.

Poderia dizer que sai mais tranquilo depois de conversar com Porsche, mas muito pelo contrário. Se eu fui me envolver logo na situação entre as duas famílias e sendo eu um guarda costas da primeira e ser amante de alguém da segunda, estava completamente perdido. Vegas não faria isso comigo de verdade né?

Ouvi várias histórias de amantes enganados, quem poderia garantir que eu não seja mais um? E muito além disso conflito entre duas famílias da máfia poderia envolver sangue e mais mortes, eu não seria capaz de ver Vegas se entregando para a morte, não suportaria.

Cheguei exatamente na hora do almoço, Vegas estava em reunião e avistei apenas a figura de Macau. Era a primeira vez que o via desde que cheguei naquela casa, apesar de Vegas sempre o levar para a escola, ele era quieto e vivia trancado em seu quarto, tão solitário quanto o irmão mais velho. Me senti estranho, não sabia como agir em frente ao segundo filho, mesmo tendo encontrado o mesmo em reuniões e eventos, ainda era apenas um garoto que amava provocar Tankhun.

“Pete?” Ele me olhou sorrindo, parecia de bom humor. “Vamos almoçar! Fiquei sabendo que veio passar uns dias aqui em casa, peço desculpas por não ter vindo falar contigo mais cedo.” Me cumprimentou.

“Sr.Macau, bom dia.” Respondi me aproximando. “Não o vejo desde que cheguei nessa casa mesmo.” Completei.

“Não precisa ser formal, você é mais velho que eu.” Macau disse, Era um bom menino, tinha a mesma idade Chay, acho que até frequentavam a mesma faculdade, o uniforme era bem familiar. “Meu irmão parece que vive de bom humor desde que você chegou aqui.” Disse ele com uma expressão de curiosidade, meu rosto pegou fogo de vergonha.

“Não é nada.” Falei, a quem eu queria enganar?

“Confie em mim, Vegas tá muito diferente e eu imagino que o motivo seja você. Geralmente ele sempre ia no meu quarto para reclamar de nosso pai, agora já não me procura mais.” Ele sorriu, estava me provocando!

“Macau pare de constranger Pete.” Disse Vegas entrando na sala, ele estava sorrindo com bom humor.

“Irmão!” Ele quase gritou indo abraçar Vegas que deu um pequeno sorriso. “Eu estava conversando com Pete, nem tive tempo para contar seus podres ainda.”

Vegas me olhava com olhos brilhantes, parecia ter orgulho da cena que presenciava. E eu não poderia estar indiferente vivenciando com meus próprios olhos um amor tão verdadeiro que ele tinha para com o irmão. Macau era a família dele, como eu poderia continuar sabendo que eles poderiam estar condenados pelas ações do próprio pai? Eu nunca iria ser conivente com tamanha injustiça.

“Pete se tiver livre essa noite, podemos assistir um filme?” Macau me perguntou.

“Claro! O que tem em mente?” Perguntei.
Essa seria a última noite naquela casa, os dias pareciam ter passado tão rápido e ao mesmo tempo com Vegas o tempo parecia parar, eu tentava não pensar tanto na possibilidade de deixar Vegas sozinho, mas ele ainda tinha o seu irmão.

“Vou escolher e aviso.” Disse ele feliz caminhando em direção ao seu quarto.

Vegas me estendeu a mão e fomos para nosso quarto, ele se livrou rapidamente do terno que usava e deitou-se na espaçosa cama, era uma mania que eu havia notado, ele se despir o deixava mais aliviado, como se toda carga em suas costas estivesse sobre a roupa suja. Mas eu não parava de pensar nas coisas que Porsche havia dito, e diante dessas possibilidades eu tinha que conversar com Vegas sobre nós, e ainda mais sobre ele e a família. Como de costume me aninhei ao seu lado, ele me puxou para seu peito e eu senti minha fragrância favorita. Era como se o tempo parasse em cada um desses momentos e eu não odiava essa sensação.

“Você voltou um pouquinho estranho.” A voz suave de Vegas me tirou de pensamentos.

“Conversei um pouco com Porsche” Lhe contei, envolvendo meu braço sobre ele e acariciando sua nuca. “Vegas, amanhã será o dia da nossa missão. Se algo acontecer...” Eu comecei.

“Nada vai acontecer, somos uma dupla incrível” Ele falou beijando meus cabelos. “Mas se acontecer e se eu morrer, morrerei feliz.” Afirmou.

“Para com isso!” Briguei.

“Não consegue mais viver sem mim?” Olhou em meus olhos.

“Estou preocupado.” Apenas disse. “Até que ponto você sabe sobre os negócios de seu pai?” Lhe perguntei.

“Ele não confia em mim para fazer os negócios, eu sou responsável pela empresa conjunta a da família principal, por isso estou sempre por lá. Por fora só ele tem controle, porquê?” Ouvir isso me deu certo alívio, Vegas não sabia.

“E se houver algum tipo de conflito por causa disso?” Lhe perguntei.

“Vai ser um bom motivo para quererem acabar com a segunda família.” Ele respondeu tranquilo.

“Me prometa que não vai fazer nenhuma besteira como seu pai.” Eu olhei em seus olhos. “Vamos Vegas!” Falei impaciente.

“Calma meu amor.” Disse ele, me desconfigurando todo. “Eu não vou me envolver com as merdas do meu pai, já trabalho o suficiente naquela empresa e você não vai me perder tão cedo, não vou permitir isso.” Vegas disse me beijando.

Amor?

“Se eu descobrir vou te caçar até no inferno.” Avisei.
“Então vai ser o paraíso.” Afirmou sorrindo. “Pete, eu sei que as famílias podem estar em conflito a qualquer momento, e estava pronto pra entrar nessa briga. Mas tenho Macau e depois que você entrou na minha vida, tive mais uma motivação para continuar vivendo.” Tive vontade de chorar.

“Vegas...” Eu tentei dizer algo, mas as palavras não saiam.

“Pete, até isso acontecer para te proteger preciso que mantenha nosso relacionamento em segredo.” Vegas falou e eu apenas assenti.

Me perguntando até que ponto eu iria conseguir esconder tudo o que sentia por Vegas.

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