Seventeen

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Sr.Kan estava desaparecido, com esse sumiço foi provado que o líder da segunda família era realmente quem estava por trás de tudo, utilizando até seu próprio filho como peça desse plano, me doía pensar em como Vegas estava se sentindo nesse momento e ter que ser a pessoa que vai contar sobre o desaparecimento do seu pai, me pesava demais.

Já se passaram algumas horas e me encontrava preocupado com Vegas, e se tivesse alguma sequela grave do tiro? Não tive coragem em ligar para Macau e avisá-lo sobre o que aconteceu, queria poupá-lo de se preocupar até que tivesse certeza de que Vegas estaria no quarto sem nenhum tipo de risco. Queria ver ele mais do que tudo e dizer que as coisas iriam melhorar, mas a verdade é que não iriam. Eu não sabia até que ponto poderíamos manter nossa relação em segredo, já era muito tarde para que pudéssemos nos desvencilhar por completo um do outro e cuidar de Vegas era tudo o que eu queria fazer no momento.

Vasculhando o meu celular encontro algumas fotos que tirei em momentos de distração de Vegas, posso ser péssimo em seguir as pessoas, mas em tirar fotos sem que alguém percebesse, eu era muito bom. Em todas ele parecia feliz naqueles momentos em que estivemos juntos, eu queria não ter me perdido tanto nele como eu fiz, variadas foram as vezes que ouvi dizerem sobre como era um falso, alguém que jamais deveria ser de confiança e que vivia apenas para fazer o inferno na vida das pessoas, mas tudo o que eu percebia era alguém sozinho.

Eu acabei me deixando levar por seu charme, no início foi apenas um momento de fraqueza no qual eu queria aquilo que ele estava me proporcionando – aquele prazer indescritível – mas depois de me procurar tantas outras vezes eu fui cedendo, não existia nada melhor do que a sensação de ser desejado e poder compartilhar dos seus próprios desejos, mas o que aconteceu no meio disso? Aquilo que mais temia, eu pude ver o verdadeiro Vegas, sedento por atenção, afeto e paixão e pude entender que sua maior necessidade era de se sentir vivo, ser aprovado e ser bem visto ao olhos das pessoas.

Uma criança tão frágil escondida sobre uma armadura, esse era o verdadeiro Vegas.

O celular tocou novamente naquela tarde, dessa vez era Tankhun, meu chefe lunático.

“Pete? Onde você está?” Me perguntou meio alterado.
“Estou no hospital com...” Fui interrompido.

“AI PETE VOCÊ SE FERIU? EU VOU MATAR VEGAS AQUELE BASTARDO” Gritou o primeiro filho daquela família.

“Calma chefe, na verdade Vegas está ferido.” Falei suavemente.

“Ah! Deixe-o morrer e volte para casa. Tenho um novo filme pra gente assistir.” Disse ele como se não tivesse surtado segundos antes.

“Sr.Kinn me ordenou a ficar de olho no Sr.Vegas não posso chefe, me desculpa.” Expliquei.

“Você mudou Pete! Só quer saber desse desgraçado do Vegas.” Ele choramingou e desligou na minha cara.

Suspirei fundo não levando em consideração os surtos de Tankhun, minha cabeça estava pensando somente em Vegas, como poderia ser possível uma pessoa te dominar desse jeito ao ponto de não sair de seus pensamentos. Levantei decidido a buscar mais informações sobre o estado de saúde dele, andei pelo corredoro q al ele foi levado para a área da cirurgia, havia uma enfermeira no balcão então me aproximei.

“Com licença, a senhorita poderia me informar o estado de saúde de um paciente?” Perguntei gentilmente, e enfermeira que estava distraída olhou para mim e seus olhos brilharam, conhecia bem esse olhar.

“Qual o nome do paciente e porque ele deu entrada na emergência?” Me perguntou com uma voz doce.

“Vegas Kornwit Theerapanyakul, ele foi baleado.” Lhe respondi, enquanto a mesma digitava no computador.

“O paciente já está no quarto, apenas família e cônjuge podem entrar, você é o que do Sr.Vegas?” Perguntou curiosa. Era questão de necessidade então decidi que deveria contar uma pequena mentirinha.

“Sou seu marido.” Respondi tão natural, seu rosto perdeu a cor naquele momento, era assim que acontecia as pessoas flertavam comigo até descobrirem que eu gostava de homens e acabavam me olhando com julgamentos. “Algum problema? Posso saber qual o seu quarto?” Dei uma olhada.

“Não tem problema algum senhor, o quarto que se encontra o paciente é o sessenta e nove, é só caminhar reto naquele corredor, aqui está o cartão do quarto que deve estar apenas com você ou algum familiar, espero que seu marido se recupere logo.” Disse sem graça.

“Obrigado.” Respondi e fui em direção ao quarto, se ele já estava ali provavelmente não era tão grave.
Passei o cartão na porta e tomei todo cuidado para fechá-la novamente, lá estava ele enfaixado com curativos. Parecia anestesiado olhando para a janela que se encontrava aberta, era uma visão e tanto da Bangkok cheia de prédios e luzes acesas, seus pensamentos o levavam para longe tanto que não percebeu minha sutil entrada.

Me aproximei sem dizer uma palavra e sentei na beirada da cama de frente aquele Vegas.

Ele olhou em meus olhos e sorriu, era um sorriso de tristeza assim como seus olhos transpareciam, lágrimas começaram a escorrer como de uma criança em desespero e eu apenas podia limpar com meu polegar, era a pior sensação do mundo ver uma das pessoas mais importantes da sua vida em um sofrimento tal qual Vegas estava sentindo. Acariciei seus cabelos para deixá-lo ciente de que eu estava ali para ele, e ele começou a se acalmar depois de um tempo.

“Pete ele fugiu não foi?” Me perguntou, respirei profundamente antes de responder.

“Sim, estão caçando ele.” Fui direto, mas ele já estava mais calmo, queria me aproximar mais para lhe abraçar, mas estava com medo de machucar ainda mais o braço dele.

“E Macau?” Perguntou preocupado.

“Macau está seguro, não lhe contei que você estava no hospital para não deixar ele nervoso, acredito que já saiba sobre a fuga de seu pai.” Peguei a mão de Vegas em consolo e segurei com força, ele apertou ainda mais em resposta. “Mas devo mandar Nop trazê-lo para que vocês fiquem juntos, imagino que ele esteja assustado com situação do sr.Kan.” Continuei. 

“E você está aqui para me vigiar.” Ele afirmou e eu não podia mentir.

“Antes de tudo estou por você, parece que tudo tem me arrastado sempre para onde você está.” Falei e ele deu um sorriso, me puxando para que aconchegasse com o braço que não havia sido baleado, ao ficar na posição mais confortável puxei seu rosto para perto de mim, olhando em seus olhos tristes eu pensava em dar apenas conforto.

Nos aproximamos lentamente até sentir a respiração quente em nossos rostos, já sentia falta de ar muito antes de sequer tocar os lábios de Vegas, esse era um dos efeitos dele sobre mim, toquei delicadamente sua boca com um selar de lábios e senti tudo o que ele me proporcionava, carinho e desejo e aquela sensação de entorpecimento em todo meu corpo, me sentia tão fraco em seus braços, mas era aquela fraqueza de sentir a reciprocidade e a conexão que conseguimos construir.

Esse beijo era calmo como a brisa suave, e talvez o medo de perder Vegas tenha me afetado mais do que pensei e nisso, me entreguei de verdade, senti sua língua invadindo a minha boca e brincando com a minha que se movia em sincronia perfeita, porque éramos perfeitos da nossa maneira. Eu acariciava seu rosto e ao mesmo tempo o puxava para mim, porque já não parecia ser suficiente, e nesse desespero por Vegas começamos a sentir falta de ar. Sua boca era um vício no qual eu já não podia mais largar.

“Eu te amo.” Finalmente respondi.

“Eu te amo.” Disse em resposta.

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