Twenty One

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PETE POV

Se passou um mês desde que fui sequestrado pelo Sr.Kan, flashes daquele dia podiam ser vistos durantes sonhos e jamais esqueceria do quanto tive que ser forte para levar Vegas para outra sala, impedindo que visse seu pai sendo morto pelo próprio tio. Também foi o dia em que tive certeza do amor de Vegas, apesar de tudo enfrentou o próprio pai para me proteger, esteve disposto e mesmo ferido se colocou como um escudo diante da arma que me foi apontada, pude sentir sua tristeza assim que chegamos em casa, ele chorou como uma criança inconsolável. Afinal ainda era seu pai.

Abracei Vegas como todo amor que pude naquele momento, todos sabiam. Já era impossível manter esse segredo e eu nem queria mais, mesmo que significasse decepcionar algumas pessoas elas iriam em algum momento superar minha ausência e minhas escolhas.

Era inconcebível pensar em continuar minha vida sem Vegas e Macau, eu já não tinha mais razão para continuar servindo a família principal. Tankhun foi o que mais sofreu quando eu voltei no dia seguinte entregando minhas coisas e meu broche que indicava lealdade a essa família, agora eu tinha que ser leal ao meu coração e ele estava com Vegas.

As primeiras noites foram difíceis, Vegas ainda estava em um estado pouco depressivo e era preocupante, perdi a conta na primeira semana de quantas vezes eu acordei assustado com a sua crise de choro. Acho que depois do enterro caiu a ficha, ele estava muito arrependido por ter agido da forma que agiu com o pai. Macau era mais contido, não vi uma lágrima descendo de seu rosto nesse momento, ele tentava consolar o irmão que se sentia pedido, ficou mais fácil depois de um tempo, mas eu sempre tentava distrair esses dois.

Eu estava sempre nos braços de Vegas, quando mais eu provava disso ficava viciado. Esse foi o plano dele desde o início e funcionou também que só a possibilidade de terminarmos acabava comigo, estava acariciando seus cabelos depois de um dia longo de trabalho naquela empresa.

"Você é tão mimado Vegas." Eu falei baixinho para aquele que estava sonolento em meu colo.

"Meu namorado me acostumou tão mal, que preciso disso para viver." Respondeu carinhosamente enquanto abraçava minha cintura. "Pete, eu estava com saudade." Disse com um bico.

"Não aguenta algumas horas longe de mim?" Olhei para seu rosto sorridente.

Ele se levantou sentando ao meu lado, me fazendo encostar em seu peito, era um alívio vê-lo dessa maneira, trabalhando e construindo uma nova realidade, na qual eu e Macau estaríamos ao seu lado. Me virei para Vegas e o empurrei para deitar na cama de uma maneira mais confortável e beijei seus lábios de uma maneira doce e delicada, era muito melhor fazê-lo quando não tinha um grande leque de restrições entre nós dois, ele segurou minha nuca impossibilitando que nossas bocas se desgrudassem por um segundo sequer.

"Não aguentaria um mundo sem você!" Disse em resposta a minha pergunta, há muito esquecida minutos atrás.

"Que bom amor, porque eu também não aguentaria mais viver em um mundo sem Vegas." Selei novamente seus lábios. "Agora temos que nos arrumar para a festa de Kinn." Avisei.

"Que festa?" Perguntou curioso.

"Porsche vai fazer uma surpresa pra ele!" Disse dando um tapinha nas suas costas, Vegas parecia cansado. Mas desde a morte de seu pai, ele começou a se aproximar dos seus primos. Principalmente Kim que sempre nos chamava para sair com ele e Porschay.

"Acho que Kim deve ter falado algo e eu não prestei atenção." Vegas comentou.  

Chegamos às nove na mansão principal, Vegas colocou um terno branco que escolhi especialmente para ele, parecido com aquele que usou na nossa primeira vez juntos, ele estava deslumbrante, usava aquele perfume que era marca dele e seu cabelo bem penteado só valorizou ainda mais a beleza do meu namorado.
Eu vestia um terno preto, também feito sob medida, meu cabelo estava dessa vez partido ao meio e custou muito que Vegas me deixasse sair de casa, porque ele ficou animado ao me ver vestido assim, tive que ceder dez minutos para que ele pudesse me beijar, parecia um leão me devorando com suas garras afiadas, eu amava Vegas dessa maneira absurda.

"Estamos atrasados!" Briguei com ele que estava sorrindo igual bobo. "Macau já está aqui?" Perguntei
"Ele disse que viria com um tal de Tem." Vegas respondeu.

Estávamos na entrada, ele se colocou na minha frente e estendeu a mão para que eu pegasse, caminhamos de mãos dadas por todo o recinto, senti olhos familiares sobre mim e Vegas, mas eu não estava preocupado, na verdade felicidade era a palavra para definir como eu estava naquele momento.

"Sr. Vegas e Sr.Pete, entrem." O segurança falou.
O salão da casa era impecável, o mesmo daquela noite, a nostalgia tomava conta de mim. Mas toda decoração elegante mostrava que seria uma festa incrível, Tankhun era o melhor quando se tratava de organizar e executar eventos, haviam muitos rostos conhecidos. Os amigos de Kinn, Tay e Time estavam com Macau e Tem, havia também um pequeno palco improvisado com karaokê certamente essa noite meu ex chefe iria nos agraciar com sua voz. 

Kim e Chay estavam conversando num lugar mais afastado e assim que nos viram acenaram em sinal de cumprimento, caminhamos até onde eles estavam, Chay me abraçou forte e logo depois fez o mesmo que Vegas, já Kim apenas nos cumprimentou daquele jeito discreto que só ele fazia.

"Pete você está lindo!" Chay me elogiou.

"Obrigado Chay, você está maravilhoso também! Cadê o Porsche ?" Perguntei sobre meu melhor amigo.

"Meu irmão está com Kinn, desde que se casaram eu mal o vejo. Devem estar se comendo em algum canto por aí." Disse ele com cara de nojo. Vegas sorriu com esse comentário.

"Aliás, Vegas, sobre aquilo que você pediu, está tudo certo." Kim disse piscando para meu namorado. Aquilo o quê?

"O quê?" Perguntei curioso, olhando para Vegas que estava um pouco quieto demais.

"Eu pedi a casa de praia da família emprestada para a gente viajar e descansar um pouco." Confessou, aposto que estava doido pra socar Kim, porque em seus olhos eu pude ver "Não era pra contar seu merda!".

"Viajar é bom pra nós dois." Eu disse me aproximando dele, apoiando meus braços em seu ombro como em um abraço, ele segurou minha cintura em resposta, não nos beijamos só ficamos assim parados sorrindo um para o outro igual dois idiotas bastante apaixonados.

"Porquê não somos assim? Kimhan?" Chay perguntou para Kim.

Ele ficou encurralado com as palavras do mais novo.
"Você quer que eu seja assim?" Perguntou Kim se aproximando de Chay, como se fosse uma imitação dos nossos movimentos ele o puxou para mais perto, Chay corou em resposta.

"Que cheiro de homossexuais." Tankhun se aproximou tampando o nariz em brincadeira.

"Chegou o líder deles." Kim respondeu o irmão.

"Porsche e Kinn estão quase chegando, então poderemos começar a beber de verdade! Pete venha aqui me ajudar com as bebidas." Tankhun me puxou de Vegas, ele ainda tinha uma rixa com o primo, mas dessa vez eles começaram a se entender de verdade.

Caminhei em direção ao bar com Khun, ele estava vestido tão brilhante que ofuscava qualquer um que entrasse nesse salão, Arm e Pol estavam de folga hoje e eram convidados especiais. Hoje seria uma grande bagunça dessa família, nos sentamos por um momento esperando que o barman fizesse todos os drinks.

"Então Pete, como é a vida de casado?" Perguntou ele curioso. "Vegas cuida bem de você? Se não tiver pode voltar pra mim, eu aumentaria seu salário." Disse ele tão sério, mas depois caiu na gargalhada.

"Estou muito feliz, Vegas e Macau cuidam de mim muito bem. As vezes sinto falta daqui, mas eu posso vir sempre que quiser te ver né?" Lhe perguntei.

"Claro Pete, você é sempre bem vindo aqui. Eu tinha muito medo do Vegas ser maluco igual o pai, mas sempre que te vejo está sempre sorrindo pelos cantos, então acho que ele está sendo bom pra você." Ele disse sincero, parecia tão maduro e diferente do Tankhun que agia como maluco, sempre soube que no fundo ele só se importava demais.

"Fico feliz em ouvir isso, saiba que eu nunca deixei de amar você e os meninos, só encontrei a minha verdadeira felicidade." Confessei para meu ex chefe que estava fazendo algumas caretas.

"PETE!" Ele me abraçou chorando, era tão sensível. Tankhun só precisava de alguém que pudesse entendê-lo dentro de seu próprio mundo, não posso julgá-lo por ser assim com tantos traumas que já viveu em sua vida. "Promete que serei a madrinha quando você e Vegas se casarem de verdade?" Perguntou ainda aos prantos.

"Prometo." Respondi.

Nos sentamos na grande mesa separada para apenas família e os amigos, todos sorriam e bebiam bastante e Vegas e Kim pareciam estar muito empolgados em uma conversa. Esses dois juntos eram muito perigosos para se deixar sozinhos. Porsche estava do outro lado com Kinn que cumprimentava a todos com grande respeito, eu podia ver em suas olhos que estava doido para sair dali.

Me levantei para ir ao banheiro, dessa vez Vegas não me seguiu. Esse homem tinha muito vigor quando se tratava de sexo, e as vezes eu tinha que dar um basta, porque senão em todo lugar que estivéssemos ele começava a ficar animado.

Macau estava tão feliz também, com vários novos amigos eu poderia respirar tranquilo. Voltei ao meu lugar ao lado de Chay e nada de Vegas, ele estava tão distante e mal havia trocado umas palavras comigo durante a festa, não sou paranóico mas, se ele tivesse aprontando pode se preparar para sofrer em minhas mãos.

Agora naquele pequeno palco entrava um cantor, com um violão e começava a tocar num ritmo tranquilo.

"Para tu amor lo tengo todo, desde mi sangre hasta la esencia de mi ser. Y para tu amor que es mi tesoro, tengo mi vida toda entera a tus pies.
Y tengo también un corazón que se muere por dar amor y que no conoce el fin, un corazón que late por vós."

Cantava em uma língua desconhecida, mas parecia tão lindo.

De repente Vegas aparece, e estendeu novamente sua mão, parecia um príncipe tão cortês, algumas pessoas dançavam ao som da música lenta e Vegas não parecia ser o tipo de pessoa que gostasse de dançar qualquer ritmo.

"Vamos Pete." Me chamou.

Nós nos posicionamos, coloquei uma mão em seu ombro enquanto ele segurava minha cintura me fazendo ficar perto o suficiente para sentir seu perfume, parecia um filme de comédia romântica clichê quando o casal principal ia para o baile no final do filme, e dançavam apaixonados.

*Por eso yo te quiero tanto que no sé cómo explicar lo que siento, yo te quiero por qué tú dolor es mi dolor*

"Você entende espanhol?" Perguntou no meu ouvido e balancei a cabeça em negação. "Por isso te amo tanto que não sei explicar o que sinto, te amo porque sua dor é minha dor." Ele realmente traduziu a letra, não sabia que além do inglês ele poderia enteder outras línguas.

*Y no hay dudas, yo te quiero con el alma y el corazón. Te venero hoy y siempre, gracias yo te doy por existir.*

"E não há dúvidas, eu te amo com a alma e o coração. Te venero hoje e sempre, e te agradeço por existir." Ele continuou, tão linda essa música que com certeza colocarei para escutar novamente. " Y ahora Pete ¿Quieres casarte conmigo? Disse nessa língua.

"Vegas eu não entendo absolutamente nada." Respondi meu namorado.

Ele descolou o seu corpo do meu, me olhando com tanto carinho e amor. Eu poderia derreter a qualquer momento, por culpa de Vegas.

"Eu perguntei, Pete você quer se casar comigo?" Era isso? Meu corpo começou a ficar fraco, e talvez quase tive uma síncope naquele momento, Vegas não estava brincando com a minha cara? "O que me diz amor?"

Era real porque ele estava se tremendo de nervoso.
"Vegas eu…você ainda pergunta quando já sabe que a resposta seria sim, eu gostaria de viver o resto da minha vida ao seu lado." Ele me beijou imediatamente, não deu tempo de dizer nem metade das coisas que eu gostaria de ter dito.

"Ele disse sim!" Vegas disse bem alto para que todos ouvissem, e começou um alvoroço tão grande que eu por um momento quis me esconder. Abracei a ele como todas as minhas forças.

Quem imaginaria que esse percurso de nossas vidas se cruzassem de una forma que acabasse exatamente aqui, no mesmo lugar onde tudo começou, as mesmas pessoas e circunstâncias completamente diferentes.

Vegas sorria, sabia amar e não tinha mais vergonha de gritar para todos aqueles que estavam ali, esse brilho que eu iria lutar para que nunca mais desaparecesse de seus olhos. Vegas alguém que já foi muitas vezes subestimado, só precisava de uma direção em sua vida, das palavras certas e de ser muito amado, eu Pete vivia em função de servir, nunca experimentando uma paixão, e muito menos conhecia o amor dessa forma tão intensa. Existia uma vida antes de Vegas, mas não trocaria por nada a vida após ele.

Nessa vida e nas próximas, Vegas era do Pete e Pete seria sempre do Vegas.

Fim

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