Nineteen

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Ganhei uma semana inteira de folga, mas descanso mesmo não era possível.

Sozinho no dormitório, olhei para a cama que estava do mesmo jeito que deixei dias atrás, tomei um longo banho e me segurava para não ligar para Vegas ou Macau, Sr.Kan fugindo só tornava as coisas mais difíceis para esses dois e eu não conseguiria descansar sem saber como essa história iria terminar.

Porsche reagiu tão bem dadas as circunstâncias que me fez sentir culpa por não ter dito antes, levando em conta do quão rápido essa situação aconteceu e como pude ser tão complacente com Vegas até perceber que não poderia deixar que ele se afundasse, nunca foi compaixão, nunca foi piedade e muito menos caridade apenas a casualidade de conhecer o lado doce de Vegas esse pequeno escondido que foi suficiente para eu querer mais, nossas vidas se cruzaram em situações completamente malucas, já não conseguia mais deixar de querer estar sempre com essa pessoa, não passei nem meio dia longe dele e sentia que toda minha sanidade estava indo ladeira abaixo.

Peguei o celular que ficou silencioso por metade do dia, e haviam várias notificações tanto de Macau quanto de Vegas dizendo que já havia saído do hospital, nem respondi, como se fosse possível dada a rapidez pela qual vesti minha roupa e sai antes que alguém percebesse, não queria perder mais tempo. Caminhei pelas ruas de Bangkok com meu cigarro aceso, em cada tragada sentia o prazer momentâneo da nicotina em minha entranhas, meu coração palpitava de forma completamente frenética eu estava à caminho de Vegas.

“Pete?” Uma notificação recente me chamou atenção. “Está vindo?” Não sei como ele sabia que estava a caminho, tínhamos essa conexão e isso me deixava um pouco abismado às vezes“ Cinco minutos”, respondi com um sorriso no rosto. E continuei esse caminho.

Depois de desligar o aparelho eu comecei a ter uma sensação estranha de que haviam pessoas me seguindo, na verdade homens disfarçados começavam a andar rapidamente em minha direção, seria um grande estúpido se não tivesse notado antes.  Por estar de folga eu tinha que entregar minha arma para o depósito, maldito o dia que aceitei! Agora desarmado eu não poderia fazer nada a não ser tentar me esconder.

Comecei a ficar nervoso e caminhar para um local mais movimentado, olhando para trás estes homens pareciam ainda mais ousados cada vez mais perto de mim, decidi então enfrentar minha sina e me virei insatisfeito para lutar contra eles. Haviam dois guardas que me pareciam familiar, mas isso estava fora de questão no momento, o maior era mais forte, o que não significava que poderia me vencer, comecei a desferir socos em seu rosto sem piedade alguma o fazendo sangrar, o outro vendo que eu não me daria por derrota tão fácil, começou a me atacar também.
Essa luta injusta estava me fazendo ficar nervoso, ambos ao mesmo tempo que me davam socos e chutes furiosos.
Que porra estavam fazendo para vir atrás de mim? Eu revidava cada ataque deles, sua luta era inapropriada e suja, enquanto eu tive muitos anos de boxe e preparação profissional para ser guarda-costas, mesmo apanhando tanto parecia que não desistiriam tão fácil. Nesse meio tempo de distração senti alguém me prendendo por trás, impossibilitando que eu movesse meus braços e nisso começaram a me sufocar com um pano úmido, que parecia ter algum entorpecente. Tentei ligar o máximo que podia, mas aquele produto estava me dando muito sono, perdi todas as forças que tinha em meu corpo e a visão foi ficando turva…

·

VEGAS POV

Acordei essa manhã e Pete já não estava mais aqui, apenas Macau deitado naquela poltrona que estava no meu quarto. Não comentei com ele, mas antes de ficar desacordado eu pude ver o seu desespero ao me ver naquela situação, ele matou Paan sem ao menos pensar duas vezes e tudo porque aquele bastardo atirou em meu braço, Pete ficou milhões de vezes mais sexy daquela forma aterradora, esse era tão contrastante com o que eu conheci usualmente que me deixava um pouco surpreso, eu sempre soube que havia algo mais profundo naquele sorriso brilhante dele, já era tarde pra negar o quanto eu me envolvi nesse abismo sem fundo porque eu o amava e faria coisas muito piores para mantê-lo seguro.

Tive que passar por uma cirurgia para retirar a bala, sei que ele se sentiu culpado por isso e só queria poder dizer que são ossos do ofício, afinal era a máfia. Você mata ou morre, ele entende isso.

Mandei várias mensagens para ele, mas não obtive nenhuma resposta, Macau também tentou entrar em contato e tivemos silêncio, ele deveria estar reportando a missão para Kinn e provavelmente já estava em seu dormitório. Eu não queria largar ele nas mãos daquela família, mas dada a situação de meu pai desaparecido era melhor que ficássemos separados.

Tive alta do hospital e já podia voltar para casa e a administrar todo o negócio, esse momento estava sendo tão ridículo, porque ele fez isso de maneira tão absurda e me envolveu como se fosse um garoto burro e ignorante, me sentia inútil. Afinal era meu pai, eu fazia tudo para ele e muita coisa na qual eu não queria para ser reconhecido, e nada nunca era suficiente, essa bala doeu menos do que a sentimento de traição que estava em meu coração agora. Macau estava preocupado, mas tem se comportado bem com essa situação toda rolando, ou pelo menos fingia muito bem, desde pequeno eu sempre protegia ele dos ataques de fúria de nosso pai, então ele sempre corria para mim diante dessas situações e eu continuava sendo seu escudo, acho que ele nunca criou tantas expectativas em relação ao afeto daquele homem e nem o culpo.

Cheguei ao nosso quarto, era "nosso” porque Pete o tornou refúgio das coisas externas, como em pouco dias seu cheiro se impregnou por todo o local de uma forma tão forte eu não sabia, acho que ele queria se tornar presente para eu não me esquecer quem era o verdadeiro dono do meu corpo e de minha alma.

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