Four

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Quatro semanas depois.

“Highway to the moon.” Falei para o DJ tocar, ultimamente meu gosto musical estava um pouco fora do comum e Porsche estava querendo me matar com isso.

Era sábado, nosso dia de folga. Sempre que o Porsche estava chateado ele tinha a brilhante ideia de bebermos, mas nunca contava a real razão de toda essa chateação. Era tão temperamental quanto o restante dessa família para a qual nós trabalhávamos, mas confesso que os drinks que ele fazia eram os melhores então sempre aceitava lhe fazer companhia.

Ele passou duas semanas me perguntando sobre as coisas estranhas que ele havia percebido em mim, como as marcas que ele viu no dia seguinte em meu pescoço e um cheiro diferente no quarto assim que ele entrou naquela noite, foi uma luta para tentar fazê-lo esquecer esse acontecido.

Porsche tinha um faro para segredos que às vezes me assustava.

Vegas e eu nunca mais tivemos contato desde então, não que eu estivesse esperando e Porsche insistia que eu andava um pouco quieto, nesse meio tempo notei que pensar em Vegas é uma das coisas que mais fazia, porque eu não podia seguir em frente? Foi apenas uma única noite, não prometemos mais nada. Ouvi boatos de que a segunda família estaria envolvida em novos negócios e que o cassino estaria lucrando bastante, e Vegas havia assumindo vários trabalhos de seu pai, sendo esse o maior motivo pelo qual eu já não o via na mansão principal com a frequência que estava acostumado, de algum jeito isso me estava me deixando inquieto.

“Pete? Vamos escolher uma música mais animada? Ultimamente não estou aguentando você com essas músicas.” Porsche falou enquanto me entregava a bebida.

“Mas eu te aguento reclamando do Sr.Kinn o tempo inteiro, então considere que estamos quites meu amigo.” Respondi, percebendo o incômodo do outro.

“Você anda muito suspeito.” Porsche falou indo em direção ao DJ. O desgraçado tava odiando minha música.

Marcamos com Arm e Pol para beber no bar da Yok, em meio à confusão de informações, Tankhun ficou sabendo e convidou Kinn que também chamou seus amigos. Era divertido assistir Porsche tenso quando soube que Kinn viria, fingindo odiá-lo quando na verdade gostava dele e estavam juntos em segredo, já vi este filme antes, é que ele e Kinn se gostam de verdade, mas teimam em não admitir, porque as pessoas gostam de complicar tanto as coisas?
O Sr.Kinn se tornava alguém totalmente diferente quando estava perto dele, os guarda-costas sabiam muito bem o sofrimento que era quando esse homem ficava de mau humor, ele tinha grande poder sobre o líder da família principal.

Tankhun interrompeu a música.

“Quem foi o maldito que colocou essa música, tá apaixonado por acaso? Yok coloca uma música mais animada aí pra mim e o Pete dançar, ele está muito pra baixo esses dias.” Me puxou para o meio do bar, era engraçado como ele se movimentava, mas era melhor seguir o ritmo do que ser punido, ser guarda costas de Tankhun exigia muito esforço físico e mental.

Era essa a dinâmica da família principal, um filho mais velho que de tantos traumas dos sequestros sofridos já não batia muito bem das ideias, o filho mais novo não se interessava em ajudar a família nos negócios e apenas preferia a música, enquanto o filho do meio ficou com toda responsabilidade. Depois que Porsche chegou, as coisas começaram a mudar e ninguém percebeu, Sr.Kinn estava mais tranquilo e lidava com as coisas de forma mais pacífica, além de que todos sabiam o poder que Porsche tinha sobre ele.
Será que um dia eu seria a mudança significativa na vida de alguém?

Depois que parei para descansar, sentei-me no balcão. Decidi não me embebedar, porque tinha que cuidar dos meu chefe esse trabalho extra era muito comum e também porque não tinha ânimo para me divertir como antes, eu não estava gostando do rumo em que meus próprios pensamentos estavam me levando, sempre em direção a um único nome.

Um garçom veio em minha direção e trouxe uma bebida. “Você é o Pete certo? Alguém lhe enviou esse drink.” Fiquei confuso, mas não tive tempo para poder perguntar quem havia enviado.

“Quem foi o bastardo que enviou bebida para o Pete?” Tankhun gritou para todos que estavam ali, eu estava torcendo para que essa pessoa não estivesse nesse bar, senão estaria muito ferrada. “Vamos, quem ousa querer flertar com Pete?” ele exigiu saber.

“Não sei chefe.” Respondi com sinceridade, ainda curioso. Mas precisava arrumar uma maneira de acalmar aquele irmão mais velho.

Tankhun estava possesso, toda vez que alguém tentava se aproximar de seus guardas ele entrava em um modo automático de proteção, acredito que era porque ele diferente de seus irmãos nos tratava como parte de sua família, passávamos muito tempo com ele e havia o medo de nos perder também. Começou com Fuse, um antigo guarda-costas em que ele confiava muito, numa dessas noitadas ele conheceu uma mulher e se apaixonou de imediato, casou-se um mês depois e largou o emprego. Tankhun ficou desolado e jamais permitiu que seus guardas conhecessem ninguém durante essas saídas, o que não impedia ninguém de fazê-lo escondido, se ele soubesse de Vegas provavelmente me mataria.

“Você seu garçonzinho! Me diga agora, quem mandou essa bebida?” O garçom se encolheu por medo, Tankhun sem filtros tinha o dom de intimidar as pessoas.

“Senhor eu...eu não sei. Alguém ligou aqui no bar e me deu instruções de enviar a bebida para um cara chamado Pete." Estranho, quem o fez tinha completa ciência de quem eu era.

“Pois tratem de rastrear essa pessoa agora!” Tankhun ordenou, de alguma forma minha intuição dizia para controlar meu chefe senão as coisas iriam se complicar.

Depois de vários drinks e um Khun completamente apagado, era hora de ir embora. Porsche havia sumido com Kinn, Arm e Pol seguravam nosso chefe na entrada do bar e eu fui responsável de buscar o carro no estacionamento xingando até a última geração de Arm por ter estacionado tão longe, o estado do meu chefe me deixava aliviado, assim ele nem iria lembrar desse tal telefonema depois que acordasse. Quem ousaria ligar para o bar apenas para me enviar a bebida? E se tivesse algo nela? Veneno ou algum tipo de remédio para me dopar? E pior arriscar a fúria do filho mais velho da família principal, porque era de conhecimento de todos que tentar flertar com os guardas era estritamente proibido.

“Gostou da bebida?” Uma voz me assustou, era suave e familiar. Olhei para trás, e meu coração começou a ficar acelerado.

“Sr.Vegas...” Eu o cumprimentei.

Ele sorriu, se aproximando cada vez mais, perto o suficiente para que eu sentisse sua respiração em meus ouvidos, Vegas beijou delicadamente minha bochecha. Colocou suas mãos em minha cintura, massageando delicadamente, despertando as mesmas sensações de calor que tive da primeira vez que nós nos tocamos.

“Sua bebida quase custou a minha vida, se meu chefe descobrir que era você, definitivamente estará acabado.” Alertei, mesmo sabendo que ele amava o perigo.

“Eu não tenho medo do maluco do meu primo.” Ele sussurrou.

Novamente estava em suas mãos, com ele beijando levemente minha boca com pequenos selinhos, se aproximando ainda mais de mim, nem percebi que estava me afastando até sentir minhas costas encostarem no carro, eu estava animado. Com esse pequeno susto me segurei em Vegas, ele estava lindo com aqueles olhos brilhantes como da última vez, o mesmo perfume forte que me custou a sair das roupas e pelo qual Porsche ficou muito desconfiado.

“O que você está fazendo aqui? Vegas preciso ir, meu chefe me espera.” Falei mais despreocupado possível.
“Estava em reunião de negócios aqui perto, vi você aqui nesse bar e decidi mandar uma lembrança, sabia que se entrasse todo o clima iria mudar.” Lentamente me beijou, mas aquela não seria a última vez? Eu não queria que fosse.

Vegas estava tendo tanto controle de mim, me segurando e deixando meu corpo fraco com apenas alguns toques, ele chupava meus lábios com força, com saudade e eu correspondia. Não sabia se deveria permitir que ele continuasse tendo essa liberdade comigo, mas quem disse que a razão conseguia tomar controle de mim? Do sexo de uma noite só pensei que sentiria apenas falta, mas novamente nos encontramos e eu me rendi facilmente, me tornei tão sensível ao ponto de ceder assim?

Ele continuou explorando meu corpo com suas mãos sem pudor algum naquele estacionamento, era uma sede insaciável que estava entre nós dois, e um beijo não iria apagar essa coisa que foi criada entre nós, seja o que for estava querendo sempre mais. Por um segundo eu deixei de lado aqueles que me esperavam e agarrei seu pescoço retribuindo na mesma intensidade, permitindo que nossas línguas se encontrassem sem tempo para respirar, como se fosse a última coisa que faríamos naquele momento, meu corpo o queria.

Eu e Vegas ficávamos cada vez mais ofegantes e barulhentos, senti sua ereção se formando e roçando a minha que estava dando sinais também, apenas uns beijos já estavam me deixando maluco. “Ah...” gemi sem querer, já não poderia me dar ao luxo de perder mais tempo.

“Não podemos continuar dessa maneira.” Falei ofegante criando uma distância, mas sem soltá-lo.

“Pete, eu quero você de novo.” Vegas falou calmo, essa falsa serenidade arrepiava a cada centímetro de mim, mas ouvir sair de seus lábios a vontade de se encontrar comigo novamente me deixou desestabilizado, jamais pensei que pudesse ocorrer.

Ele me entregou uma caixa, pequena e preta, um celular.

“Só existe meu número, entrarei em contato.” Disse selando meus lábios e saindo como da outra vez, me deixando confuso e excitado.

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