Eleven

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Vegas e eu estávamos no restaurante quando recebi a mensagem do nosso informante infiltrado de que estava a caminho. Esse local estava localizado em um lugar remoto distante da capital, perto de uma floresta bem agradável para sair e respirar um ar mais puro, reservado apenas para os melhores clientes assim sendo perfeito para nos encontramos sem sermos vistos. Pedimos um prato típico e comemos enquanto esperávamos, mas eu já estava agoniado com a demora de Jit, ele costumava ser muito pontual.

Além de Vegas e eu, tinham alguns casais em mesas espalhadas pelo restaurante, mas nada suspeito. Eu como guarda-costas deveria ter o sentido aguçado para captar possíveis espiões, baixar a guarda era difícil até nesses pequenos momentos. Minhas pernas começavam a se mexer por conta própria por conta da ansiedade, será que Jit havia sofrido um acidente no meio do caminho?

“Cadê aquele desgraçado?” Falei baixinho, Vegas percebeu meu nervosismo e colocou suas mãos sobre a minha, cobrindo toda a palma eu senti o calor de sua mão e a tranquilidade que ele queria me passar.

“Calma Pete.”Disse Vegas. “Ele está vindo.”
Num instante o celular tocou.

“Pete? Aqui é o Jit. Tive um problema com o carro e tive que voltar imediatamente, te enviarei um arquivo com mais informações.” Vi a notificação de um arquivo endereçado.

“Puta merda!” Gritei ao abrir aqueles arquivos.
Mostrei imediatamente para Vegas que me olhava em choque, naquele documento haviam relatórios e fotos sobre o local de encontro da próxima reunião, não achei que Jit faria um trabalho excelente ao descobrir em pouco tempo todas as informações restantes que precisávamos para poder agir. Mas a data era muito mais próxima do que estávamos prevendo, na verdade a reunião seria em dois dias.

“Tão próximo...” Vegas notou. Achei que somente tinha notado.

“Sim e por isso temos que começar a planejar.” Falei olhando em seus olhos, percebi que havia uma pontada de desapontamento.

“Podemos aproveitar nossa tarde antes de começarmos a fazer isso Pete, teremos menos tempo juntos e eu não quero voltar para aquela casa agora.” Vegas falou calmo.

Pensei um pouco antes de aceitar, se passaram apenas três dias e pensar na possibilidade de sair da casa da segunda família e voltar para minha vida de guarda costas de Tankhun me deixava um pouco triste, apesar de amar meu chefe eu estava podendo viver um pouco seja lá o que fosse com Vegas. Me sentindo vivo, desejado e que alguém estava cuidando de mim, mesmo alguém como ele poderia mostrar um lado tão doce e compreensível.

“O que sugere?” Perguntei-lhe, depois de uns minutos em silêncio.

“Sobremesa.” Disse com os olhos brilhantes, se levantando com rapidez estendeu a mão para mim.
Ainda desconfiado, segurei sentindo o calor de sua palma quente, ele apertou minha mão e começou a guiar-me por um caminho de pedras, mostrando a mim até então um lugar desconhecido, era a parte central do restaurante onde havia um bar, e também uma área em aberto. Parecia que ele já conhecia cada parte daquele lugar, ou se não, já havia até planejado com antecedência esse momento.

“Vegas para onde estamos indo?” Perguntei com um pouco receoso.

“Relaxa Pete.” Ele falou me puxando até uma sala privada, pelo menos era o que estava escrito na parede. “Eu disse que iria fazer você ficar viciado em mim.” Me olhou nos olhos.

“Papo furado.” Respondi em provocação.

“O que você disse?” Me perguntou com falsa indignação, acertei no ponto.

Vegas me empurrou contra a parede com força, achei um pouco bruto, mas totalmente emocionante. Suas mãos começaram a deslizar pelo meu corpo me fazendo sentir como só ele fazia. “Você me provoca tanto, Pete” Ele sussurrou dando pequenas mordidas na minha orelha, deixando meu corpo suscetível aos seus mínimos toques.

“Estava te provocando mesmo, mas aqui não é lugar para isso Vegas.” Eu tentei alertá-lo e ele se afastou parecendo um pouco decepcionado.

“Você é muito gostoso, me provocando desse jeito é muito difícil de conter.” Disse apontando para as partes baixas, mostrando a leve ereção.

Perdi a conta de quantos momentos assim tivemos nesses poucos dias, não sabia ao certo como definir esse pequeno sentimento, que começava a crescer cada vez mais, deixando-me cada vez mais envolvido. Vegas soube me prender em sua armadilha desde o momento em que ficamos juntos pela primeira vez e estar aqui mais intimamente só provava o ponto de que iria ser muito difícil me separar dele, eu tinha muitas dúvidas.

“Pete, você tem sido a única pessoa além de Macau naquela casa que tem alguma importância para mim.” Vegas confessou. “Saber que temos pouco tempos juntos me deixa um pouco triste.” Ele se sentou numa poltrona que havia na sala, apontando sua perna para que eu me sentasse, fiquei igual um bobo com suas palavras.

“Vegas o que te preocupa?” Lhe perguntei, enquanto me sentava em sua perna, ele me abraçou me colocando mais perto de si, envolvi meus braços em seu pescoço inalando secretamente aquele perfume que eu tanto amava.

“Você sabe a relação entre mim e meu pai, e não é diferente com Macau. Toda a pressão e cobrança por ser melhor que certas pessoas, acredito que saiba que meu pai tem negócios além daqueles da família e que por isso um dia eles poderão entrar em conflito. Você era igual um gatinho me perseguindo para todo canto, mas nunca soube disfarçar bem, todo sorrateiro.” Ele falou, me deixando constrangido.

“O Sr.Kinn ficou possesso quando viu você dando em cima de Porsche, então tive que fazer meu trabalho de guarda e descobrir o que você realmente queria.” Lhe expliquei.

“Eu sempre soube. Aliás eu também te observava, mas você nunca notou.” Confessou sorrindo, mesmo em comparação as vezes que eu tinha visto Vegas, ele nunca sorriu tanto como agora. 

“Sou péssimo nisso eu sei, aliás eu corto seu pau se chegar perto de Porsche ou qualquer outra pessoa novamente Vegas, eu sei todo seu histórico e também o endereço de cada pessoa com quem saiu.” Adverti um pouco irritado.

“Você é o meu dono?” Ele perguntou se divertindo, brincando meu com meu cabelo e me acariciando no rosto, parecia ser viciado nesse toque.

“Não...Eu não sou, mas não saio com alguém que dorme com várias pessoas assim.” Respondi nervoso.

“Poderia ser.” Disse um pouco baixinho, depositando um beijo simples em meus lábios. “Pete eu não sei o que faria se não tivesse te conhecido, estaria tão perdido.” Ele disse agarrando minha cintura com mais força, me fazendo encostar em seu peito, podia sentir seu coração acelerado, que mostrava seu nervosismo ao proferir aquelas palavras.

“Eu não sei porque eu me entreguei tão facilmente, mas pareceu tão natural.” Eu disse acariciando seu rosto, passando o dedo em cada detalhe do nariz, sobrancelha, essa boca que conhecia cada parte do meu corpo. “Eu já viciei em você, Vegas.” Falei depositando um selinho em seus lábios.

“Eu gosto de você Pete.” Vegas se declarou, me deixando atordoado. 

“Eu gosto de você, Vegas.” Respondi juntando nossas bocas para um beijo mais aprofundado, mordi seu lábio inferior antes de pedir espaço para que nossas línguas se encontrassem, era tão quente e úmido como elas se movimentavam em sincronia, Vegas foi feito para mim.

“E se houver algum confronto entre as famílias, não se deixe levar pela emoção, se souberem sobre nós poderia ser considerado um traidor.” Vegas disse um pouco triste, separando nossos lábios.

“Você e Macau não tem nada a ver com as coisas sujas de seu pai. Porque tem tanto medo?” Lhe perguntei.

“Eu o ajudei por muito tempo Pete. Até um pouco antes de nós nos conhecemos melhor ainda tinha dedo meu ali, e eu só dei um basta depois que você abriu um pouquinho dos meus olhos, eu deixei de fazer o que não tinha vontade. É claro que aquele desgraçado é o meu pai, mas eu tenho seu sangue.” Ele falou.

“Não vai acontecer nada com vocês.” Falei em voz alta, talvez aquelas palavras eram mais pra mim do que para ele.

Tentei consolar Vegas, meu coração também temia um possível confronto. Mas naquele momento eu só buscava os lábios de Vegas, sentir a doçura do seu beijo, o aperto de seu corpo contra o meu. Eu o entendia, ele era um garoto que precisava de abertura para ser uma pessoa liberta dos próprios pensamentos e das palavras amargas de seu pai, assim seria completamente capa de se mostrar ao mundo de uma forma respeitada, e não apenas sendo uma cópia falha da família principal

Vegas se abriu para mim e eu não poderia estar mais grato, estava tão feliz em seus braços que por um momento eu esqueci da nossa realidade.

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