Vegas

Eighteen

Liguei para Macau assim que tive certeza de que Vegas estava bem, então o mais novo correu para o hospital para ver o irmão, estava sendo difícil para mim agir racionalmente quando meu coração insistia em se entregar de bandeja para aquela pessoa.

Esperei até a manhã seguinte para deixá-lo descansando, e fui buscar minhas coisas na mansão da segunda família, era hora de voltar pra casa. Voltar aquela normalidade que já não parecia se encaixar tão bem quanto antes, estava me custando muito mais do que pensei que custaria, observei cada centímetro daquele lugar antes de sair, com um bloco de notas escrevi uma mensagem para Vegas, para ele não me esquecer.

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De volta a mansão principal, eu me encontrava a caminho da sala de reunião onde Sr.Kinn e Porsche me esperavam, eu tinha que relatar tudo o que descobri e manter Vegas protegido de qualquer coisa que tentassem fazer contra ele, antes de entrar na sala, senti a estranheza de parecer que minha ausência durou anos quando apenas se passaram menos de uma semana, ainda um pouco afetado de ter que deixar Vegas quando ele mais precisava de mim.

Kinn e Porsche estavam conversando enquanto organizavam uma papeladas, pareciam em perfeita sincronia como parceiros de negócios, era lindo. Meu amigo que resistiu tanto sobre essa relação se encontrava uma pessoa totalmente diferente daquele que conheci, soltei um pigarro para chamar atenção.

“Sr.Kinn, Porsche.” Disse.

“Pete! Que bom que voltou vivo.” Porsche me saudou.

“Pete, sente-se.” Kinn me convidou para juntar-me a eles.  Ele era mais sério e diante dessa situação entre as famílias eu imaginava que seu humor também não seria dos melhores, mas Porsche estava ali e conseguia ter o dom de amansar a fera.

“Estou feliz em estar de volta.” Me direcionei a Porsche. “Venho relatar sobre a missão que completamos ontem.” Fui direto.

“Deve saber que tudo foi apenas uma armação da segunda família.” Completou Kinn.

“Bem, descobrimos assim que chegamos lá.” Expliquei.

“Vegas realmente não sabia que era armação de seu pai?” Porsche perguntou curioso, lembrei de nossa última conversa na qual ele perguntou a mesma coisa.

“Sr. Vegas não sabia, quando entramos na fábrica sem querer escutamos a conversa entre Paan e Jones, dizendo que um sobrevivente tinha delatado que a cabeça do esquema de distribuição de drogas era o Sr.Kan. Ele se deixou levar pelas emoções e quase estragou o plano. A verdade era que Vegas queria provar que poderia completar essa missão para seu pai, mas quem diria que Sr.Kan estivesse por trás dos inimigos, isso o deixou completamente abalado.” Respondi pensando em como Vegas estaria naquele momento.

“Vegas cuida da parte legal da empresa, e de acordo com as investigações ele não tem envolvimento com os outros negócios sujos que seu pai está envolvido.” Kinn comentou. “Apesar de sermos a máfia, papai trabalha com todo tipo de coisa, até contrabando, mas ao se tratar de drogas ele jamais deixaria isso acontecer e meu tio como afronta foi lá e o fez. Sua cabeça tá valendo muito nesse momento, se o encontrarmos ele definitivamente será executado.” Meu coração se apertou ao ouvir essas palavras, não pelo Kan, mas sim por Vegas mesmo tendo um pai tão detestável ainda sim queria ter sua aprovação.

“Sr.Kinn e o que pode acontecer com Sr. Vegas e Macau?” Meu impulso foi mais forte.

“Meu pai disse que irá cuidar deles.” Kinn respondeu, Porsche me observava e talvez sendo muito mais atento, tenha descoberto minhas verdadeiras emoções a respeito dessa família.

“Pete você  um bônus pela missão bem sucedida, agora você pode descansar por uma semana antes de voltar a trabalhar para meu irmão.” Falou Kinn, me deixando um pouco curioso, era somente isso que ele queria saber?

“Estava com saudades do meu amigo, vamos ir para o dormitório conversar um pouco antes que Tankhun saiba que voltou, ele passou esses dias todos falando que Vegas nunca mais iria deixar você voltar.” Porsche falou se aproximando e colocando seu braço por cima de meus ombros e soltando um leve sorriso.

“Com licença Sr.Kinn.” Saudei meu chefe e sai caminhando com Porsche.

Saber que Sr.Korn cuidaria de seus sobrinhos havia tirando um grande peso das minhas costas, mas comecei a me sentir triste porque teria cada vez menos contato com Vegas a partir desse momento, aquela rotina de ser guarda-costas de Tankhun era muito mais intensa porque ele era uma pessoa que não descansava, simplesmente faria de tudo para não ficar quieto, amo meu chefe só que as vezes era cansativo. Será que Vegas já estava em casa? Passei meu número para Macau me manter informado, mas não tive oportunidade de checar se havia alguma mensagem.

“Você tá no mundo da lua Pete. Vai me contar o que rola entre você e Vegas?” Tão direto, essa era a hora de contar para ele, precisava de contar pra alguém.

“Bem, você deve saber e eu não quero mais enrolar isso, começamos como amantes, acho que mais de um mês não lembro muito bem.” Confessei a ele. “Antes que comece o sermão, ele não me usou porque eu sempre quis ficar com ele desde o início, acabou que acontecendo uma sequência de coisas que me levavam a ele e consequentemente acabei me apaixonando.” Falei tão rápido, mas me senti aliviado em contar esse segredo.

“Mais de um mês?” Perguntou praticamente gritando. “Pete seu cachorro! Eu estava certo desde aquele dia da festa que você sumiu. Aquela camiseta cheia de sangue era dele, o perfume diferente no quarto, o drink no bar e o celular..” Foi conectando, pra que contratar detetive se já tínhamos o próprio Sherlock Holmes aqui, Porsche tentava processar aquelas informações, pelo seu semblante eu via a preocupação e a desconfiança quanto as intenções de Vegas, era verdadeiramente meu amigo.

“Não surta!” Tentei acalmá-lo, apesar de ser uma pessoa que muitos consideravam ingênuo, nunca fui fraco e sabia muito bem me preservar. “Eu sei porque você está pensando, porque ele? E não sei te responder. A primeira vez que aconteceu, achei que iria parar por ali, mas depois ele veio me procurar e eu acabei aceitando, me envolvi muito rápido com ele.”

“Pete, se Vegas tivesse sido envolvido nesse conflito de seu pai com Sr.Kan, você poderia ser considerado traidor, porra.” Porsche disse sério.

“Eu sei muito bem onde me enfiei Porsche. Mas Vegas nunca tentou me usar para colher informações sobre a primeira família, o tempo que passamos juntos foi somente nosso. Ele pode parecer o que for na frente das pessoas, mas eu conheci um Vegas completamente diferente, e eu confio nele porque esse tempo todo eu consegui descobrir mais como funcionava essa família, o Sr.Kan não confia no filho o suficiente para envolvê-lo.” Falei.

“Tudo bem, eu acredito em você. Mas estarei sempre de olho e se ele fizer qualquer gracinha eu juro que o matarei. Até pouco tempo ele ainda queria me tirar de Kinn, por isso tenho receios quanto suas intenções.” Meu amigo suspirou.

“Se ele ousar sequer pensar eu pessoalmente vou cortar o pau dele fora.” Brinquei com Porsche.

“Já estão assim?” Me perguntou curioso novamente, conversar com Porsche e saber que ele pode mudar de humor com facilidade.

“Nos amamos Porsche.” Falei tão sério quanto podia.
Ele me olhou mais sério e simplesmente me puxou para abraçá-lo, não sei se era o misto de preocupação que eu estava entre aqueles irmãos no hospital, e a ideia de que logo iriam perder seu pai e eu não ser capaz de estar junto, comecei a ter uma vontade insana de chorar , não consegui controlar quando as lágrimas desceram em meu rosto, a ideia de ver quem eu amo sofrer estava acabando comigo. “Você deve me prometer que não irá contar para ninguém Porsche.” Pedi em meio as lágrimas.

“Prometo, Pete.” Ele concordou.

“Se um dia que eu estiver que escolher entre algum lado, espero que me apoie profundamente independente de ser o “certo” ou “errado”, precisarei muito de meu melhor amigo.” Disse me desvencilhando do seu abraço.

“Não se preocupa Pete, apenas siga seu coração.” Porsche falou.