Twenty Five

2.3K 232 27
                                    

VEGAS

Não ter controle sobre minha própria vida antigamente me faria enlouquecer, nunca fui um cara que aceitasse qualquer coisa que me fosse imposta, apenas meu pai e meu tio tinham esse poder sobre mim e eu odiava. A morte da antiga geração Theerapanyakun foi o início de uma nova ordem na máfia a qual não havia aquela hierarquia podre em nossas costas, talvez nem acontecesse se Pete e eu não tivéssemos nos apaixonado. Porque sempre era ele a voz da razão, quem imaginaria que esse antigo guarda costas poderia me fazer ceder cegamente a qualquer pedido que ele fizesse, porque ele tinha meu coração à sua mercê.

Muito além disso, me custou muito tempo perceber que a maior fonte do meu ódio era sempre alimentada por meu pai, minha falta de confiança cultivada porque eu o assisti muitas vezes traindo minha mãe antes que ela tirasse a própria vida, eu não conseguia acreditar que o sangue sujo de Kan pudesse ser salvo, Macau e eu seríamos como ele, agora Venice.

Kan odiava seus dois filhos, simplesmente porque nada do que fazíamos era o suficiente, quando descobriu que ambos gostavam de homens foi o ápice, era o inferno conviver e ter que aceitar suas condições, a aparente segunda família perfeita nunca havia sido uma de verdade. Nunca pensei que ele iria se permitir a criar outro "fracasso", porque provavelmente era assim que ele nomearia Venice se estivesse vivo.

Quando ligaram para Pete, achei que algo poderia ter acontecido com Macau, tentei parecer o mais calmo possível quando chegamos para a mansão de Kinn.
E então jogaram-me uma bomba, ou melhor uma criança de um ano. Quando ouvi sobre o teste de dna positivo e a confirmação de que aquela criança seria meu irmão eu quis vomitar, imediatamente neguei que queria qualquer contato com isso, e continuaria com a ideia de deixá-lo em um orfanato para que fosse adotado bem longe de mim. Mas então, Pete interveio, eu estava tão cego que não percebi que era claro que ele não deixaria alguém desamparado, porque ele nunca me deixou, nunca deixou Macau e com Venice não seria diferente e era por isso que eu o amava.

Após nossa pequena discussão, ele foi direto para a criança que até então não tinha um nome, Kinn contou-me toda a história da mãe e seu caso com Kan, e então eu percebi que ambos também eram apenas vítimas das garras daquele homem. Eu não poderia culpá-lo por nascer com o sangue sujo dessa família, então poderia dar suporte para que fosse bem cuidado, provavelmente Pete estaria um pouco bravo pela maneira pela qual eu reagi, mas eu iria conversar com ele. Não pensei que meu noivo iria ceder tão rápido à paternidade quanto foram esses pequenos minutos em que ele conheceu aquele bebê, seus olhos não mentiam e de longe eu pude notar um brilho especial ao qual somente eu era a causa, ele se apaixonou pela pequena coisinha em seus braços.

"Venice…Será nosso filho…" Ele dizia para si mesmo, deitado em meus braços, parecia um pouco deslumbrado. "Não soa estranho, pularmos do casamento para criar um filho?" Pete se virou para me encarar profundamente.

"Nada tão bizarro quanto crescer com Kan." Respondi beijando sua testa.

Venice estava sob os cuidados de uma babá contratada, Pete correu e mandou comprar tudo o que fosse necessário para acomodar o pequeno na mansão, ainda estava tentando colocar em ordem meus pensamentos, quando chegou se deitou ao meu lado na cama.

"Vegas precisamos conversar sobre isso, não tivemos tempo de falar sobre a adoção de Venice, imagino o quão doloroso é para você, mas ele também é seu sangue, eu jamais me perdoaria." Ele me encarou seriamente.

"Pete, eu não quero fingir empolgação quando não é o que estou sentindo no momento, eu entendo que Venice precisa de cuidados, mas eu não esperava por isso, pensei que a adoção seria o melhor porque eu não sei se saberei dar tudo o que ele precisa." Respondi calmamente tentando explicar meu ponto.

Vegas Onde histórias criam vida. Descubra agora