Ten

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Faltavam apenas nove dias para que a missão fosse executada, dormi um pouco mais tarde do que o costume por ter que ficar explicando para meu chefe todo o esquema que Vegas estava bolando, várias vezes me perguntaram sobre como estavam me tratando, se havia algo suspeito em relação a atitude da segunda família. Kinn me avisou sobre o encontro com informante que deveria acontecer hoje, Vegas quase tomou o celular de minha mão várias vezes durante esses telefonemas, e fazia várias coisas embaraçosas para me provocar.

Confesso que estava gostando muito mais do que imaginava dessa situação, mas também começava a pensar em como reagiriam se descobrissem que eu era amante de Vegas, não posso trair a família principal e também não quero trair meus sentimentos e desejos. Como pude me envolver em uma situação assim tão complicada? Essa família te consome de uma forma inimaginável, assim como Porsche se envolveu e acabou se apaixonando por Kinn.

Estava entregando para a segunda família de bandeja.

Eram seis horas quando ouvi um barulho suspeito que me fez despertar. Abrindo os olhos com preguiça eu pude ver Vegas fazendo algo, um aroma forte de café entrou em minhas narinas, era exatamente a primeira coisa que eu buscava precisava para acordar totalmente, mas ele preparava despreocupado ainda sem saber que eu o observava de longe, era lindo e uma visão incomum na máfia. 

“O que é isso?” Perguntei com a voz rouca como se não soubesse a resposta.

“Um café bem forte para você!” Disse em resposta enquanto me entregava uma xícara e se sentava ao meu lado “Precisamos nos reunir no escritório de meu pai para saber mais sobre os traficantes.” Ele falou tranquilo, mas não estava nada bem, lembrei daquela situação que presenciei ontem.

“Você está bem?” Perguntei.

“Estou.” Um sorriso fraco apareceu em seus lábios, mas não pareceu sincero.

“Ele sabe sobre nós, isso não pode ser um problema.”

“Não se preocupe, ele não irá falar absolutamente nada para a família principal, se existe algo que ele não se orgulha é em dizer que o próprio filho é gay.” Disse baixinho, senti uma pontada de dor em suas palavras.

“Tudo bem então, você tem algo para fazer agora pela manhã além da reunião?” Perguntei. 

“Não, porquê?” Me lançou um olhar malicioso.

“Guarde esse pau em suas calças seu pervertido, hoje tenho um encontro com nosso espião em um restaurante isolado da cidade.” Afirmei sorrindo e vendo o brilho desaparecer do seu rosto. “Queria que viesse comigo para ficar informado, assim não preciso ficar repassando a informação.”

“Hm...Isso parece um encontro.” Disse ele sorrindo.

“Sim, eu, você e o nosso informante.” Cortei o clima novamente, era engraçado ver o Vegas de uma forma completamente diferente daquele que eu conheci.

Tomamos o café juntos e Vegas saiu para levar Macau para a escola. Essa rotina não me era estranha já que alguns meses atrás tive que seguir Vegas, o Sr.Kinn ficou muito perturbado com a aproximação repentina dele com Porsche e eu tive que fazer o trabalho sujo de segui-lo e relatar toda sua rotina, o seguia na faculdade, na empresa e percebi que além dos negócios ilegais poderia haver muita sujeira que o Sr.Kan esconde por baixo do tapete, o que me deixava um pouco aflito com um possível conflito entre essas famílias.

Assim que ele saiu um dos guardas me chamou, estava sendo solicitado pelo Sr.Kan, só de pensar nas coisas que ele disse para Vegas eu tinha muita vontade de socar a cara desse velho maldito, mas em respeito ao Sr.Korn deveria agir de acordo com as regras.

·

Apesar de ser uma mansão enorme havia uma boa distância entre o quarto de Vegas até o escritório do líder da segunda família, na verdade parecia que eles queriam manter uma certa distância entre eles até dentro da própria casa, ainda podia sentir a hostilidade daqueles guardas sobre mim, enquanto caminhava até o local onde estava de seu chefe.

Cheguei na sala onde estava esse homem, sentado em sua mesa lendo um jornal. Parecia um homem comum e bem vestido, mas era Kan Theerapanyakul.

“Senhor.” Eu o saudei, seus olhos eram tão frios e sem emoção. Eu podia sentir todo desprezo desse homem, ele sabia sobre meu caso com Vegas e provavelmente desejava me dar um tiro, já que não aceita nem a homossexualidade de seu filho.

“Pete correto?” Ele perguntou e eu assenti. “Fiquei sabendo que você quem falou a favor de meu filho para cumprir essa missão, nunca esperaria isso vindo de um guarda da família principal.” Ele insinuou, me deixando nervoso.

“Vegas já tinha um plano e eu concordei.” Fui direto, o olhar de Kan parecia tão cínico, por deus eu queria dar um tiro nele.

“Meu filho imprestável serviu para algo? Interessante.” Ele disse, deixando-me um pouco confuso.

“Com todo respeito, o senhor deveria confiar mais na capacidade de seu filho.” Falei entre dentes.

“Você é a vadiazinha dele, que direito tem de dizer o que eu devo ou não fazer a respeito do meu filho imprestável?” Ele disse exaltado, não me provocava nenhum tipo de reação.

“Apenas uma dica.” Respondi com a mesma frieza, não iria dar o gosto de este homem ridículo me ver exaltado.

“Não contarei à primeira família sobre o caso de vocês, desde que ajude meu filho a cumprir essa missão.” Ele se acalmou novamente. Apesar de saber o quão importante era para eles essa missão, havia algo muito suspeito.

Kan era tão estranho, não era atoa que Vegas sempre saia das conversas com ele de mau humor e querendo quebrar tudo que encontrasse à sua frente, foi preciso muito autocontrole para que eu não pulasse no pescoço daquele homem em menos de um minuto na sua sala, ainda por cima sua tentativa falha de me ofender só fez crescer essa desconfiança acerca dos negócios dessa família, acredito que até Vegas era ignorante quanto algumas coisas que seu pai fazia.

Mas pareceu suspeito este pedido de ajuda para aquele que considera um “imprestável”, com certeza eu iria ficar atento a seus movimentos e também ter muita cautela porque ele poderia estar de olho em mim.
Voltei para o quarto um pouco mais calmo depois de caminhar pelo jardim e fumar pensando nas coisas que me foram ditas, perdi um pouco a noção de tempo, já eram às dez horas, e nada de Vegas.

Liguei algumas vezes e foi direto para a caixa de mensagem, o que diabos esse cachorro estava fazendo? Era só levar Macau para a escola e voltar para que saíssemos ao encontro do nosso infiltrado, não levava nem trinta minutos de distância. O fato de eu conhecer tão bem a sua rotina me deixava ainda mais pensativo, lembrei de algumas vezes que ele saia para encontrar parceiros sexuais, imaginas que Vegas estaria com outra pessoa nesse momento começou a me fazer sentir uma raiva, se fosse esse o caso eu definitivamente cortaria seu pau fora, não que eu tivesse algum direito sobre ele, mas comigo as coisas funcionavam de uma forma muito diferentes.
Todo o estresse que eu tive com Kan agora se concentrava em seu filho, a vontade de fumar veio novamente, quando estava prestes a acender o cigarro porta se abriu.

“Porquê demorou tanto? Tão ocupado que não podia me atender?” Olhei em direção à paisagem, Vegas levou um susto, talvez não tivesse acostumado com minha presença.

“Ciúme?” Perguntou, caminhou em minha direção e me abraçou pelas costas, envolvendo seus braços sobre meu tronco e exalando profundamente como se quisesse sentir meu cheiro, todos os pelos do meu corpo se eriçaram.

Senti seu cheiro me cobrindo e isso me trazia certo conforto, algo no meu coração começava a despertar me deixando cada vez mais confuso sobre Vegas, ele me fazia sentir que queria largar o mundo apenas para me encaixar em seus braços, mas eu ainda não sabia se estava pronto para mergulhar de vez, seja lá o que for que estávamos fazendo.

“Que ciúme o quê? Seu palhaço, estava te esperando para irmos ao restaurante.” Menti.

“Desculpa, eu tive que passar na mansão da família principal para pegar alguns documentos e fui preso por Tankhun aquele maldito.” Ele falou cheirando meu pescoço novamente meu pescoço e dando um beijo leve.

“Por que ele fez isso?” Me virei olhando para seu rosto, haviam uns pequenos hematomas em seu rosto, Vegas provavelmente provocou meu chefe com alguma coisa.

“Você o provocou.” Afirmei.

“Bem, ele surtou quando eu disse que você era interessante.” Vegas disse se divertindo. “Me atacou e mandou me prender, o pior foi que os seus amigos realmente fizeram tudo o que aquele lunático mandou, acho que se Kinn não tivesse intervindo eu poderia passar dias em um cativeiro.” Disse dramático.

“Eu ia te resgatar” Falei acariciando seu rosto. “Khun realizou o sonho dele então.” Disse para Vegas sorrindo.

“Você pode me prender nessa cama o quanto quiser, aceito qualquer condição sua desde que seja me fazer sentir muito prazer.” Sussurrou em meu ouvido.

“Que pena amigão, hoje não é dia para isso. Aliás tive uma breve reunião com seu pai e ele é um homem muito estranho.” Falei para Vegas, notei uma pequena chama de raiva em seu olhar quando o citei.

“O que aquele desgraçado disse para você Pete?” Me perguntou, notei sua rápida mudança de humor novamente.

“Ele quis saber porque eu aceitei trabalhar com você, acho que ele sabendo do nosso relacionamento estava insinuando minhas intenções com você e a família principal, senti o desgosto dele de longe, mas aí ele pediu para eu te ajudar a cumprir essa missão e eu senti que ele tem algo em mente.” Disse com sinceridade para ele. “Também me chamou de vadiazinha.” Completei.

“Esse desgraçado! Meu pai não age assim sem estar com algo na cabeça, a partir de hoje você só poderá conversar com ele na minha presença. E se ele fizer algo com você eu nunca me perdoarei.” Meu coração disparou novamente. Estava acontecendo com mais frequência do que eu gostaria, parecia que eu poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento, Vegas estava sendo protetor e carinhoso comigo, não queria colocá-lo em uma posição complicada com o pai.

“Calma Vegas, eu sei me defender.” Lhe respondi com calma.

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