Esta obra, embora seja de ficção, aborda um tema delicado e bastante controverso, mas, também, é um alerta para um possível futuro bem perigoso.
É fato que as pesquisas de inteligência artificial têm evoluído muito, várias delas já com aplicações práticas. Confesso que não acredito em máquinas adquirindo consciência e tentando aniquilar o Homem – ou escravizá-lo –, como rezam alguns filmes e livros, além de certos grupos de pessoas, isso talvez por eu conhecer muito bem os computadores, incluindo inteligência artificial.
Por outro lado, as máquinas robotizadas – com ou sem inteligência artificial – estão cada vez mais presentes no dia a dia. Já existem veículos que dispensam motorista em Dubai, por exemplo, e máquinas que auxiliam a fazer cirurgias com precisão superior a um médico. Em alguns anos, não mais de dez, a evolução dessa tecnologia estará consolidada e muitas máquinas passarão a efetuar as tarefas rotineiras do ser humano. Talvez isso comece com substituição por máquinas onde haja risco para a vida, mas é fato que começarão os desempregos e a situação só se agravará. Como num passe de mágica, teremos milhares ou até muitos milhões de desempregados que precisarão de uma ocupação para que não haja o total colapso da humanidade. Isso já ocorreu no passado, a famosa revolução industrial – houve mais de uma. − Nessa época, a religião foi a tábua de salvação para muitos, mas, no presente, a coisa seria bem pior porque a quantidade de desocupados seria muito, muito maior. Certa vez um cientista israelense previu algo do gênero e disse que a fuga da nova geração seriam os mundos virtuais e jogos.
Prevejo o início dessa revolução industrial para os anos 2030, embora alguns achem que isso já começou. Independente de quem tem razão, eu comecei a pensar como seria o mundo daqui a quatrocentos anos caso essa previsão tão macabra se concretizasse.
E daí, surgiu esta história, 2422 AD (Ano Domini) que procura desbravar o que aconteceria com a sociedade. Aqui, um menino de cinco anos e muito especial revolta-se contra a situação em que vive. Ele vê os pais em depressão afundando-se cada vez mais nos simuladores de jogos e não consegue aceitar essa vida. Costuma passear pelas ruas vazias e deprimentes da sua cidade, sentindo-se dono do mundo. Em um lugar que gosta muito, uma praça desolada e miserável, ele sempre vai lá para encontrar Luana, uma menina da mesma idade e que compartilha o descontentamento pela vida que levam.
Juntas, as duas crianças crescem apoiadas uma na outra e um laço muito profundo de amizade e intenso amor forma-se, tornando-os inseparáveis. Donos de um intelecto sem igual, ambos estudam e aprendem tudo o que podem sem dependerem dos equipamentos de ensino, mas isso revelar-se-á algo muito perigoso. Quando atingem a maioridade, aos dezesseis anos, o centro de triagem e genética separa-os. O jovem Pedro, contudo, jamais desistirá da sua Luana e fará de tudo para a resgatar e fugir daquele mundo decadente.
Espero que vocês gostem.
Nuno Figueiredo
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2422 AD
Science FictionEm 2030, as máquinas assumirão todos os trabalhos do Homem. Desemprego em massa é o resultado disso, mas as máquinas produzem tudo, incluindo alimentos e roupas, tudo gratuito. O problema é que vários bilhões de desempregados precisam de uma ocupaçã...