Capítulo 7 Parte 2 (Rascunho)

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A nave erguia-se devagar daquele mundo inóspito. No seu bojo, trinta toneladas do combustível aguardavam para serem vendidas. Como o jovem dissera, o capitão subiu com maestria e alcançou o espaço sem dificuldades, embora estivesse nervoso.

Assim que ativou o piloto automático que os levaria para fora daquele sistema solar, Norman virou o rosto para o jovem amigo. Sorriu e levantou-se, dizendo:

– Vamos tomar algo e você me diz a que planeta deseja ir. Estou certo que não encontrará nada diferente do que já viu, meu jovem.

– Não quer vender o combustível antes? – perguntou Pedro.

– Não – respondeu, convicto. – Não quero ir a Vega agora. Vão pagar pouco. Então, o que deseja fazer?

– Quero ver os dois últimos mundos humanos que são desconhecidos pela Terra − afirmou, decidido. − Como disse, os demais planetas estão decadentes, mas esses dois estiveram isolados por muitas décadas e talvez não tenham sofrido essa decadência toda.

– Ou talvez nem existam mais − argumentou o piloto. − Mas tudo bem. Em outras palavras, deseja ir para a galáxia vizinha. A Nuvem de Magalhães, cento e sessenta mil anos-luz. Vai demorar semanas, cara.

– Posso regular a nave para fazer o percurso em apenas dez dias.

– Tem certeza?

– Tenho, conheço a sua nave como a palma da minha mão e sou capaz de otimizar o campo de superespaço.

― ☼ ―

– Meu caro Samuel – disse Pedro, pousando a mão no ombro do amigo. – Como eu comentei uma vez, há dois mundos humanos que são desconhecidos da Terra e ficam na galáxia vizinha. Eu já disse que desejava ir lá, então peço desculpas, mas, antes de retornar para a Terra, pretendo ver esses dois e saber o que aconteceu por lá. No mínimo é muito estranho o fato de a Terra não mencionar nada sobre eles. Há meia hora, entramos no superespaço para o primeiro planeta. Chegaremos em dez dias. Espero que não se zangue.

– Não, meu filho – disse o homem. – Eu estou feliz de ver que recriou um objetivo e tirou a depressão do seu corpo. Eu e sua esposa.

– Infelizmente, ela ainda não é minha esposa – retrucou Pedro.

– Mas é claro que é. – Samuel riu. – O comandante não lhe deu duas alianças? Ele é a autoridade máxima nesta nave. É uma tradição milenar e que ainda vale. Mas, se tem dúvidas, peça para Norman casar vocês e registrar no diário de bordo. Ninguém poderá dissolver a vossa união, nem mesmo na Terra.

Pedro olhou para Norman, ansioso, tanto ele quanto Luana. Norman riu e fez que sim com a cabeça. Após, disse:

– Se quiserem, podemos fazer isso aqui e agora. – Ergueu a voz e continuou. – Computador, ativar gravação do ambiente para registro oficial. Devolvam-me as alianças...

Quinze minutos depois, os dois estavam casados e mais felizes do que nunca. Luana abraçou os amigos mais sinceros que conheceu e o comandante foi a um aposento próximo, retornando com uma garrafa bem gelada. Abriu o lacre e procurou extrair a rolha, que era difícil.

– Uma legítima champanhe terráquea, a bebida oficial das comemorações em toda a Galáxia.

Serviu um cálice para cada um e brindaram à união, transformando o dia em uma pequena festa com direito a música e dança. Uma hora depois, os recém-casados, que já viviam como tal, recolheram-se à cabine.

Na cantina da nave, Norman abria outra garrafa e servia Samuel. Embora soubesse que os pombinhos estariam dormindo ou algo mais e não ouviriam nada, falavam baixo.

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