Capítulo 10 Parte 1 (Rascunho)

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"Sabe qual a coisa mais triste da traição? Ela nunca vem de um inimigo."

Vanessa Pimentel.

A nave descia suave como uma pluma e tocou o solo com delicadeza. A mudança no zumbido dos equipamentos, ficando mais grave aos poucos, indicava que tudo era desligando etapa por etapa. Já estava silencioso quando a escotilha se abriu e Pedro desceu, seguido da esposa e da mãe com o marido. Como tinham um planador do centro à disposição, o da nave ficara no hangar.

O grupo dirigiu-se para o pátio externo do aeroporto, onde pegariam o aparelho local para irem para casa. Quando decolaram, com o jovem conduzindo, ele não pôde deixar de observar o contraste enorme entre a região espaço portuária e a costa. Assim que começaram a sobrevoar a floresta, a desolação acabou, apesar de ali também haver casas abandonadas, a maioria em mau estado. O verde da mata, contudo, era suficiente para mudar o estado de espírito que o local induzia. Quando alcançaram a costa, na Barra da Tijuca, parecia que tinham entrado em outra cidade. Apesar do pouco movimento, as casas e prédios eram limpos e em perfeito estado de conservação, sem falar nos jardins e praças. Com um suspiro, pedro pousou na casa da mãe para ela e o padrasto descerem, mas Luana também quis ficar com eles. Despediu-se e tomou rumo do instituto.

Ao pousar, desceu e foi direto para a sala da doutora Helena porque havia enviado uma mensagem avisando que a desejava ver. Bateu e entrou, já que ela lhe dava prerrogativas especiais. Estranhou, quando viu a sala cheia de soldados, mas não eram robôs. Todos eles portavam armas e apontavam para o jovem. De olhos arregalados, Pedro perguntou:

– Caramba, Helena, o que vem a ser isso?

– Você não pode confrontar o Basilisco – resmungou ela decidida. – Infelizmente, estamos colocando você sob custódia.

Pedro cruzou os braços, tocando em um ponto específico do bracelete, e olhou em volta.

– Eu não pretendo prejudicar ninguém, Helena, e você sabe muito bem disso! – exclamou, tentando ainda uma solução sem antagonismo. – Deseja me prender? Vá em frente. Estou desarmado, mas perderá os seus principais cientistas, então pense bem.

– O que foi fazer com os terranos? – perguntou, incisiva. – E quero uma resposta bem clara ou condeno-o por traição.

– Definitivamente, isso não lhe interessa mais – respondeu o jovem, ameaçador. – E acho melhor não tentar invadir a minha nave. Ela tem proteções que eu desenhei e são capazes de destruir tudo porque, se ela não for capaz de se defender, explodirá. E, como coloquei um catalisador bem poderoso, pode ter certeza que quase todo o Rio de Janeiro virará uma cratera. Acredito que sabe que não blefo e nem mesmo a Luana pode fazer algo contra isso.

– Mandarei Samuel prender ela e a sua mãe!

Pedro deu uma gargalhada, mas nada disse. Olhou para a doutora e seu olhar ficou triste, sacudindo a cabeça.

– Levem-no para a contenção – ordenou Helena.

Os militares seguraram-no pelos braços e ele disse, antes de ser retirado da sala:

– Você escolheu o lado errado e eu lamento muito, então não espere clemência, Helena, uma vez que demonstrou ser uma escrava da ditadura. Não se esqueça que sempre, sempre alcanço os meus objetivos. Dominarei o Basilisco e destruirei os ditadores; prepare-se.

Foi levado para o subsolo e colocado em uma cela. Divertido, Pedro pensou que eles eram tão despreparados que não o revistaram e nem mesmo retiraram o bracelete. Apertou nele e tentou contato com a esposa, mas descobriu que o sinal estava bloqueado. Como sabia que era observado, isso com um alto grau de probabilidade, sentou-se na cama e relaxou. O sinal anterior de alarme era suficiente. Ele só desejava evitar a violência que se seguiria. Contudo, não mudaria as suas intenções, apenas os seus planos. Nesse momento, agradeceu por ter tido as previsões dos mais diversos tipos e preparado a sua nave e esposa para tudo. Samuel era uma incógnita, mas estava certo que ficaria do lado dos dois, ainda mais depois do casamento.

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