Pedro virou-se de volta para o balcão e aproximou-se da mulher, sempre de olho no grande espelho que havia na parede. Enquanto Hugh e Norman voltavam a falar de negócios, aproximou-se deles e disse, bem baixo:
– Aqueles dois, no fundo do balcão não são daqui e estão de olho em vocês dois.
– Como sabe? – perguntou o comandante, abismado.
– Vestem-se de acordo com o pessoal daqui, mas note as diferenças. Os braceletes são tão modernos quanto o meu e o seu e este pessoal tem uns modelos muito velhos e bem maiores. A mesma coisa com as armas, mas o que mais chama a atenção são os sapatos: são novos, sem marcas de terra.
– Espiões da corporação – disse Hugh, que ouviu a conversa. Pegou a arma, apontou para eles e gritou. – Quietos, corporas. Estão presos.
Ergueram os braços, mas o garoto notou que um deles tocou o bracelete. Sem perda de tempo, puxou Luana para si e afastou-se procurando um lugar protegido em um dos cantos.
– Deu o alarme – avisou, berrando. – Cuidado.
Dez segundos depois, cinco robôs armados surgiram do nada, seguidos de duas dúzias de homens, também armados. Eles vestiam-se de preto e tinham uma espécie de estrela de seis pontas no peito. Andavam com segurança e arrogância, em especial por saberem que nenhum dos mineiros poderia superar um robô, quanto mais cinco unidades de combate. Assim que estavam no meio do saloon, o jovem ergueu-se e aproximou-se, desafiador.
– Parado – berrou o robô da frente, mas ele ignorou-o e a máquina atirou. Para espanto de todos, inclusive dos agressores, o raio do robô bateu em algo parecido com uma parece de luz branca. Outro robô começou a atirar e Pedro teve medo que o terceiro pudesse sobrecarregar o campo, mas, como já estava perto o suficiente, ativou a sua arma secreta. Mal os robôs ficaram inertes, os recém-chegados atiraram, só que a sua arrogância escorreu pelo ralo quando descobriram que as armas foram neutralizadas de alguma forma. O jovem virou-se para os nativos e disse:
– As armas deles não funcionarão por uma hora e os robôs estão destruídos. Agora é com vocês.
Não foi necessário outro convite e o local virou um salão de guerra onde imperava a pancadaria e até o atendente participou, mas quem mais se destacava era o sujeito que tentou brigar com o Pedro. Nesse momento, quatro dos estranhos avançaram sobre o casal terráqueo, dispostos a capturá-los para obter os segredos da destruição dos robôs e das armas. O que não contavam era com a habilidade do casal. Luana olhou para o "marido" e riu. Em conjunto, começaram a agir. Ela deixou o primeiro chegar perto o suficiente para desviar do seu golpe e aplicou uma chave de braço enquanto, com a outra mão, usou o sujeito de apoio para chutar o segundo, que voou para cima de Pedro ao mesmo tempo que o primeiro caía no chão com o braço quebrado. Já o que voara contra Pedro foi usado como escudo enquanto o jovem o segurava pelo cangote, chutando de lado o terceiro que voou para cima da namorada. O pobre sujeito ficou tonto e a garota desferiu uma sequência rápida de socos, finalizando com um chute lateral que lhe pegou no rosto. O atacante deu um giro no ar e caiu estirado, enquanto Pedro aproveitou para o usar o sujeito que segurava, jogando-o contra o quarto atacante que foi atropelado pelo colega. O jovem avançou e desferiu uma sequência ainda mais feroz sobre ele, que caiu inanimado. O terceiro, entretanto, conseguira levantar-se e aproximou-se de Luana pelas costas, segurando-a. A moça ergueu a perna e chutou-o na testa com o bico do sapato, fazendo-o recuar, zonzo, enquanto ela dava meia volta e, com as mãos em concha, dava dois tabefes infernais nos seus ouvidos, o famoso telefone e um golpe proibido em competições. Com os tímpanos estourados, ficou muito tonto e foi a nocaute com o soco seguinte. O casal riu e abraçou-se, terminando com um beijo. Abraçados, ficaram no canto, olhando o fim da pancadaria. O último homem de preto rendeu-se e os nativos amarraram todos. Hugh aproximou-se, do casal e estendeu a mão::
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2422 AD
Ficção CientíficaEm 2030, as máquinas assumirão todos os trabalhos do Homem. Desemprego em massa é o resultado disso, mas as máquinas produzem tudo, incluindo alimentos e roupas, tudo gratuito. O problema é que vários bilhões de desempregados precisam de uma ocupaçã...