Algum lugar do Oceano Báltico — 950 d.C.
Antes de estar completamente acordado me dei conta que estava balançando, como se estivesse em uma rede ou boiando no mar, abri os olhos e o sol os ofuscou, quando finalmente me dei conta de algo assustador: Eu não sabia onde estava. Me levantei de um salto e vi que estava em um barco de madeira no meio do oceano, meu coração batia forte, eu fui sequestrado? Mas quem sequestra pobre pelo amor de Deus? Olhei atrás de mim e o barco tinha uns vinte metros de comprimento e uns cinco de largura, uma vela branca com listras vermelhas verticais estava hasteada, e o barco tinha cinco remos de cada lado, as pontas da frente e de trás do barco se projetavam para o alto e tinham o formato da cabeça de um dragão, simplesmente incrível, no chão do barco algumas mochilas e muitas armas, machados, um arco e uma aljava de flechas, várias adagas, algumas pistolas prateadas, uma AK47, algumas granadas e um embrulho que parecia ser uma espada, as armas estavam ao meu alcance, os sequestradores não deviam ser muito experientes.
Olhei em todas as direções e só pude ver o mar, água por todos os lados, mas não era o mar de Salvador, havia algo diferente, a água tinha uma cor diferente, o ar era mais leve, me senti como se estivesse longe de casa, finalmente olhei para as outras pessoas no barco, elas me olhavam atentamente como se estivem curiosos sobre mim, como se aquilo fosse uma grande peça, uma pegadinha e eles fossem gravar minha reação e pôr na TV. Além de mim, havia seis pessoas ali, uma pessoa de armadura grega que eu não saberia dizer se era uma garota ou um rapaz, vestia uma espécie de saia de couro e sandálias também de couro do tipo que se amarra nos pés, suas feições eram bastante delicadas e tinha um longo cabelo loiro e olhos azuis calmos e penetrantes. Sentada ao lado havia uma garota estranha, albina, tinha dreads nos cabelos totalmente brancos, e como se não fosse branco o suficiente sua roupa era de um tecido branco estranho, colado no corpo, ela manuseava uma adaga totalmente branca, tanto o cabo como a lâmina, sem tirar os olhos ameaçadores de mim, era como se dissesse: "Atreva-se a me enfrentar e eu estripo você" a única coisa que não era branca era uma pedra vermelha em seu colar.
Havia ainda uma garota asiática, totalmente linda, seu cabelo estava preso em um coque com um palito de madeira prendendo, usava um quimono de seda vermelho e sorria timidamente, fiquei encantado com seu sorriso, podia ficar ali só admirando, mas me forcei a tirar os olhos da princesa oriental e olhar os outros integrantes do estranho grupo, uma garota negra, parecia um pouco minha irmã, mas tinha traços selvagens, cabelos crespos e roupas tribais marrons, uma espécie de vestido de peça única, aquilo parecia pele de algum animal, do outro lado do barco o único que não prestava atenção em mim, um rapaz com calça jeans, camisa branca e um turbante discreto, estava olhando para o outro lado como se estivesse entediado, parecia muçulmano, tinha pele morena, o nariz avantajado e um pouco de bigode que começava a nascer fazendo que ele parecesse ter uma sujeira debaixo do nariz, todos ali pareciam ter a minha idade exceto um.
Por último, a única pessoa que eu fui capaz de reconhecer, o velho do restaurante, quando o encarei me lembrei da noite passada, fui atacado por aqueles monstros e desmaiei, mas aquilo não era motivo pra que me sequestrassem, eu não sabia de nada, só estava na hora errada no lugar errado, ele usava um sobretudo bege e calças jeans.
- O que está acontecendo? Perguntei.
O velho continuou me olhando, depois olhou para a garota asiática e falou como se fizesse um pedido:
- Yuno...
A garota se levantou e veio em minha direção, quando ela se aproximou eu recuei um passo institivamente, nunca uma garota chegou tão perto de mim, ela segurou meu rosto com as duas mãos e olhou nos meus olhos, se aproximando tanto que parecia querer me beijar, eu fiquei assustado e constrangido, mas então algo aconteceu, como se alguém acendesse uma luz em minha mente, como se em alguns segundos eu tivesse aprendido um mundo de coisas, e a sensação parou de repente, a menina tirou as mãos do meu rosto e voltou ao lugar que estava.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O círculo da realidade
Ciencia FicciónMiguel é um garoto pobre da cidade de Salvador BA, no dia do seu aniversário de dezessete anos ele é recrutado para um grupo de adolescentes com habilidades especiais com uma missão impossível: mudar a história e salvar o futuro da humanidade. Lider...