5 - Gelo e fogo

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Ilha de Ross - Antártida — 350 a.C.

A primeira sensação que tive foi o frio, mas não como quando você abre a geladeira logo depois de tomar um banho frio e sente a espinha arrepiar, era como se você estivesse tomando um banho frio dentro da geladeira, sinceramente achei que não aguentaria dez minutos ali, mas outra sensação mais urgente me deixou alerta, minha nuca estava formigando, algo ruim estava para acontecer.

- J, você devia ter avisado que estaria frio, disse Kaléa, eu estou congelando.

J não respondeu, ele parecia estar confuso, estávamos em um grande campo aberto de gelo e neve, o vento nos açoitava violentamente, não dava para ver nada além da neve, mas minha visão periférica captou um movimento, no mesmo instante J gritou:

- PREPAREM-SE! É UMA ARMADILHA!

Saquei Kusanagi imediatemente, Kaléa abriu suas asas, cada um de nós pegou suas armas e ficamos alertas, agora era possível enxergar dezenas de figuras se aproximando rapidamente, eram em torno de oitenta, brancas e peludas, tinham quatro braços e pareciam bem mais altas que nós. Eu já ia perguntar a J o que eram aquelas coisas quando notei que eram Crotos, apenas estavam vestidos de forma diferente, usavam um casaco de quatro braços coberto de pêlo branco que deixava somente o rosto e as mãos azuis descobertos, o que me deixou com muita inveja porque eu estava realmente morrendo de frio.

- O grande J2ctw, disse o primeiro Croto, finalmente encontramos o escravo fujão.

A voz dele era dupla, parecia que duas pessoas falavam ao mesmo tempo, uma voz extremamente grave e outra voz média simultâneas, aquilo era intimidante.

- Belial, respondeu J como se saudasse um velho amigo, nunca imaginei que mandariam um comandante para me matar.

- Sua aventura acaba aqui, você já foi longe demais humano.

Belial falou "humano" com desprezo, aquilo me irritou.

- Você está muito longe de casa Croto.

J colocou igual desprezo na voz, Belial começou a responder, mas eu não me contive, enquanto aqueles velhos conversavam eu estava congelando, posicionei Kusanagi e ataquei.

Meu ataque foi rápido, a lâmina de Kusanagi cortou o ar gelado produzindo um som estranho, como o canto triste de algum pássaro exótico, eu esperava que o Croto fosse bloquear o ataque, mas ele estava desprevenido, eu o atingí criando um corte do lado direito do seu rosto de cima a baixo, o monstro urrou, se sua fala era intimidante o urro era terrível, dezenas que Crotos avançaram sobre nós.

Belial se recuperou rápido, sacou uma arma de plasma, que segundo J eram armas perigosas capazes de esmagar ossos humanos feito massa de modelar, mas Yuno o acertou na mão com uma de suas pequenas lâminas, ele deixou a arma cair, porém nem se abalou por isso, sacou uma adaga e me atacou, seu ataque foi rápido mas eu consegui bloquear, outro de seus quatro braços me atacou com outra adaga e eu não pude me defender, ele abriu um profundo corte no meu braço esquerdo e me empurrou com seu escudo ao que eu deslizei pela neve.

Dessa vez não estávamos superiores em batalha como contra os vikings, as flechas de Kaléa e as balas de Samir não causavam danos aos Crotos, aqueles casacos deviam ser blindados de alguma forma, nem Yuno estava tendo sucesso, eles tentavam acertar o inimigo no rosto que estava descoberto, mas os Crotos eram rápidos e não conseguíamos enxergar direito naquele vendaval de neve.

Demétrius carregava inimigos e os usava como escudo depois os lançava contra outros, seria cômico se eu não estivesse lutando pela vida, J fazia estragos lutando contra três Crotos ao mesmo tempo, parecia que as vestimentas deles não eram imunes a machados de aço de trinta quilos, Osha trazia o caos nas linhas inimigas, se materializava entre eles e quando era atacada desaparecia fazendo com que se atingissem uns aos outros.

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