13 - O portão do inferno

7 0 0
                                    

Chiang Mai — Tailândia — 2854 d.C.

Ao nosso redor vários mortos semi humanos, Samir chorava como uma criança. Demétrius o abraçou e disse:

- Ela está no elísio, com certeza a reencontraremos um dia.

Era interessante como eles lidavam com suas diferenças, evoluíram de pessoas que não se aturavam para grandes amigos.

Yuno caminhou até Karol, colocou as mãos no rosto da mulher e olhou nos olhos dela, assim como fez comigo quando nos conhecemos, depois de meio segundo pareceu satisfeita e a soltou. Demétrius carregou J enquanto voltávamos pela rua deserta até o templo em que estávamos acampados, Samir ainda procurou por algum sinal de Osha, mas não encontrou nada.

Caminhamos em silêncio até chegar ao templo, um dos nossos guerreiros mais fortes caiu, o luto nos calava profundamente. Quando chegamos ao templo Demétrius acomodou J sobre um colchonete e Yuno começou a cuidar dos ferimentos de ambos.

Depois de longas horas calados J acordou, quando me viu ele me abraçou chorando muito, eu não entendi porque ele me considerava tanto, então ele me olhou sério e falou:

- Nunca mais se afaste do grupo sozinho entendeu?

- Você faz isso o tempo todo, respondi.

- Você não entende? Sua segurança é mais importante que a minha, se eu morrer vocês continuam sem mim, se você morrer a missão acaba.

Então entendi tudo, J não chorou minha morte, chorou a morte da missão, ele não se importava comigo, apenas com a missão. Era por isso que ele sempre me queria por perto, eu era como o rei em um jogo de xadrez, sem mim não haveria quem pudesse portar o círculo.

- Quem é essa mulher? Perguntou o velho alarmado.

- Ela se chama Karol, respondeu Yuno, não é uma inimiga. Pelas lembranças dela eu vi que nessa região ocorreu algum tipo de tragédia, os habitantes recorreram a Tohha, um homem que possuía tecnologia cibernética para que pudessem sobreviver substituindo as partes inutilizadas dos seus corpos por partes robóticas. Entretanto a tragédia matou todos os seres vivos no raio de centenas de quilômetros, os ciborgues comandados por Tohha caçavam e comiam os humanos que se aventurassem por aqui, eles assassinaram o marido e a filha dela, desde então ela procurava uma oportunidade de se vingar.

- Tohha tinha uma habilidade assim como vocês, ele podia controlar a gravidade, eu sabia sobre ele, não achei que fôssemos acabar o enfrentando, explicou J.

- Então você sabia que viemos parar numa colônia de ciborgues canibais, e o aro não está aqui? falei angustiado.

- Como assim o aro não está aqui? Perguntou Samir. Osha morreu por que viemos ao lugar errado?

- Não estamos no lugar errado, disse J, a entrada é aqui, alcançaremos o último aro passando pelo templo Doi Sutheg.

- Por que não fomos direto pra lá? Perguntou Yuno.

- É nesse templo que está o aro? Perguntou Demétrius, ele não era muito inteligente.

- Não, respondi, o templo é a passagem, a pergunta a ser feita é: Onde está o último aro? Que lugar é esse que a magia do disco não pode nos levar diretamente?

Todos olhamos para J, ele escondeu informações a missão inteira, nunca perguntávamos porque nunca ninguém se importou mas agora queríamos saber nosso destino.

- Vamos para o mundo dos mortos, afirmou o velho.

Eu não contive meu ceticismo, magia, anjos agora isso.

O círculo da realidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora