Sydney - Austrália — 2097 d.C.
Surgimos em uma praça lotada, parecia que estávamos em uma grande metrópole, as pessoas ao redor se afastaram assustadas com a nossa chegada, era dia, Yuno correu para Samir amarrando um pano ao que sobrou do braço dele e criando um torniquete, evitando assim que ele perdesse ainda mais sangue, Osha olhava horrorizada, a polícia chegou em poucos segundos com grande alarde apontando suas armas e gritando ordens em inglês.
- Stop! You are arrested!
Yuno se levantou e olhou para o policial, que por um momento pareceu confuso e depois abaixou a arma e gritou para seus homens:
- Call an ambulance!
Os outros policiais abaixaram as armas também, Yuno havia controlado a mente deles, logo chamaram uma ambulância que chegou com sirene ligada fazendo muito barulho e levou a todos nós, dando maior atenção ao ferimento de Samir e a queimadura de J, sempre que alguém fazia alguma pergunta Yuno encarava a pessoa, a vítima desfocava o olhar e logo depois assentia como se estivesse satisfeita com a resposta, mas cada vez Yuno ficava mais ofegante, a habilidade dela consumia muita energia. Aquele poder de Yuno era maravilhoso, evitou que fôssemos presos e nos garantiu atendimento médico. Passamos uns cinco minutos na ambulância que parecia estar numa corrida, pois não parava de acelerar nem nas curvas. Chegando no hospital, um prédio muito grande e branco que não pude observar direito porque fomos levados com urgência para dentro, Samir foi levado à cirurgia e J para a emergência.
O restante de nós fomos a enfermaria, uma sala longa, cheia de macas e com tudo muito branco e limpo, alguns enfermeiros cuidaram dos nossos arranhões nas costas, cortesia dos pterossauros, e também limparam o corte em meu braço esquerdo que havia sido costurado por J, por fim nos deram analgésicos para a dor. Todos nos tratavam como se fôssemos pessoas muito populares, astros de cinema ou algo assim, uma enfermeira chegou a pedir meu autógrafo, como eu não entendia o que ela estava falando ela fez uma mímica e eu entendi, assinei um pedaço de papel e ela saiu radiante.
- Por que estão nos tratando assim? Perguntei a Yuno.
- Eu os fiz acreditar que somos atores de Hollywood.
- Uau! Você não precisa pôr as mãos no rosto da pessoa?
- Não, eu fiz isso com você porque te achei bonitinho, confessou ela.
Eu sorri e a beijei nos lábios, estava feliz em estar com ela. Osha chorava muito, se culpava por entrar em choque quando Samir foi atacado, mas eu sabia que ela não poderia fazer muita coisa, a insensibilidade de J acabou nos salvando, pois se ele não sacrificasse o braço de Samir provavelmente não conseguiríamos fugir sem ser assados pelo dragão.
Demétrius abraçou Osha que soluçava em seu peito, meu coração apertou, depois de alguns minutos J entrou na enfermaria onde estávamos, ele estava com o rosto enfaixado de alto a baixo, parecia uma múmia anã. Yuno sondou um médico que estava passando por informações sobre Samir, o jovem doutor afirmou que ele tinha perdido muito sangue e estava mal. Três policiais chegaram muito sérios com os pertences de Samir, duas pistolas, um fuzil, algumas granadas e munição, com certeza aquilo era motivo para sermos presos, mas Yuno apenas os encarou e todos acreditaram que era material cinematográfico e que nem mesmo pareciam armas de verdade. Eu estava impressionado com a habilidade de Yuno, mas ela estava se cansando, começava a ficar tonta e cambaleante a cada vez que manipulava a mente de alguém, por fim ela convenceu toda equipe médica que éramos familiares de Samir e que nossa presença no quarto dele era indispensável, literalmente desmaiando de exaustão logo depois, mas J me tranquilizou dizendo que ela acordaria melhor.
O quarto de Samir era bastante espaçoso, tinha vinte metros quadrados, paredes muito brancas e uma janela ampla que fornecia iluminação natural, depois da cirurgia todos sentamos ao redor do rapaz que jazia inconsciente, seu braço esquerdo era agora um toco que ia até uns dez centímetros após o ombro, totalmente enfaixado. Osha segurava sua mão direita e Demétrius murmurou algo baixinho no ouvido do amigo. Passaríamos a noite ali, quando Samir melhorasse, e tínhamos fé que ele melhoraria, partiríamos em busca do último aro. A missão parecia estar chegando ao fim, suspirei e me sentei em uma cadeira próxima à parede e ao lado de Yuno, onde encostei a cabeça e em menos de um minuto eu estava dormindo.
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O círculo da realidade
Science FictionMiguel é um garoto pobre da cidade de Salvador BA, no dia do seu aniversário de dezessete anos ele é recrutado para um grupo de adolescentes com habilidades especiais com uma missão impossível: mudar a história e salvar o futuro da humanidade. Lider...