Capital Central - Clusies - 3037 d.C.
Surgimos na sombra de um grande prédio espelhado, a rua de mármore branco estava deserta, era dia, J havia nos contado que era sempre dia em Clusies, o planeta tinha uma órbita complexa que envolvia três estrelas de forma que alguns meses eram mais escuros que outros, mas não havia noites.
Seguimos sorrateiramente pelo canto da rua, não havia ninguém à vista, mas fomos cuidadosos mesmo assim, procuramos uma escada que nos levasse ao topo do edifício pelo lado de fora, assim como na terra haviam escadas de emergência e de serviços que eram pelo lado de fora dos prédios.
Subimos discretamente o prédio mais próximo, se fôssemos vistos naquele momento seria o fim do plano, no alto do edifício dava para ver toda a cidade.
O céu exibia um tom de azul mais escuro que o céu da Terra, as nuvens eram amareladas, até onde nossa vista alcançava prédios espelhados e ruas de mármore branco davam um ar extremamente organizado àquele lugar, mas parecia tão sem vida.
Não havia árvores, nem pássaros, até mesmo os cães de rua que vadiavam pelas cidades da Terra eram melhores do que o vazio triste das ruas de Clusies.
Avistamos nosso objetivo a uns quinhentos metros de onde estávamos, a torre da cidade, de longe o maior prédio, em cima dele uma antena pontiaguda de trinta metros, o prédio em sua totalidade devia ter uns cento e vinte metros de altura.
Descemos as escadas e nos esgueiramos pelas ruas desertas até a torre, quando chegamos a cinquenta metros nos entreolhamos, aquela torre monitorava todos os humanos daquela cidade, para conseguir a ajuda deles ela precisaria ser sabotada, e mesmo assim ainda havia a possibilidade das pessoas ficarem com medo de nos ajudar, segundo J o ser humano tinha se tornado extremamente depressivo.
Samir deu um passo à frente e eu senti um frio na barriga, a parte discreta do plano acabara, era hora de fazer barulho, Yuno apertou minha mão e eu a beijei, talvez aquela fosse a última oportunidade.
- Ficaremos juntos, nessa vida ou na próxima, disse a garota e me deu um último beijo suave.
Eu nunca fui religioso, sempre fui muito cético, mas depois de toda aquela aventura eu aprendi que existiam coisas além da nossa capacidade de observação e compreensão.
Samir se abaixou e tocou o chão com a mão, não sabíamos se a habilidade dele funcionaria em outro planeta, mas eu tinha esperança, ele ia conseguir.
Demorou alguns minutos, mas enfim o chão tremeu, no início um leve tremor, depois foi crescendo até um imenso terremoto, grandes rachaduras começaram a surgir no mármore branco revelando a terra vermelha que havia por baixo. A cena a nossa frente foi inesquecível, a torre gigante tombava de lado com um barulho indescritível, Samir suava forçando sua habilidade ao limite.
Do alto da torre que caía vários Crotos despencavam gritando e batendo os braços inutilmente, eu sentia muito por aquelas mortes, mas os humanos mereciam a chance de serem livres. A torre demorou quinze minutos tombando em cima de outro edifício vizinho que também foi destruído, nenhuma tropa de Crotos tinha chegado para ver o que houve, talvez a torre fosse o alojamento dos soldados e eles estavam embaixo dos escombros, mas eu não podia ficar pensando sobre isso.
Samir finalmente se levantou, estava completamente suado, parecia que tinha corrido uma maratona, Yuno me olhou.
- Sua vez, ela falou.
Eu subi nos escombros o mais alto que podia, era hora de pedir ajuda, se os humanos queriam ser livres teriam que lutar pela liberdade.
- HUMANOS!!! Gritei.
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O círculo da realidade
Science FictionMiguel é um garoto pobre da cidade de Salvador BA, no dia do seu aniversário de dezessete anos ele é recrutado para um grupo de adolescentes com habilidades especiais com uma missão impossível: mudar a história e salvar o futuro da humanidade. Lider...