21 - A habilidade do arcanjo

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Capital Central - Clusies - 3037 d.C.

Os humanos lutavam com ferocidade mas eram destreinados e estavam fora de forma, eram necessários vários deles para derrubar um único soldado Croto, além disso muitos caíam estrangulados quando suas coleiras eram atingidas pelos bastões elétricos. Alguns deles eram mais espertos, pegavam as armas dos Crotos caídos, eu pude ver alguns Crotos sendo arremessados por tiros de plasma disparados por humanos mais jovens e animados.

Mesmo tentando revidar a guerra estava perdida, o número deles aumentava cada vez mais com a chegada de sucessivos reforços e o nosso número apenas diminuía, senti falta de J, Osha, Demétrius e Kaléa, me desculpei em silêncio por fracassar na missão pela qual eles deram a vida. Esse pensamento me consumiu.

- REAGRUPEM!!! Gritei.

O que eu estava pensando? Aquilo não era um exército, mas a despeito disso eles entenderam, cerca de oitenta humanos sobreviventes se agruparam em um círculo cercado por uma infinidade de Crotos.

- Esse é o último momento de nossas vidas, gritei, FAÇAM VALER A PENA!!!

O grito de concordância foi ensurdecedor, não pareciam oitenta pessoas gritando, parecia o grito de guerra de um exército, Belial estreitou os olhos e os Crotos atacaram.

- ESPEREM!! Gritou Samir e os humanos obedeceram, Samir fez brotar do chão uma barreira de espinhos afiados de terra vermelha ao nosso redor, os espinhos tinham de quatro a cinco metros de altura e feriram muitos Crotos que já estavam próximos.

- ESPEREM! Gritou Yuno e fez os espinhos levitarem com o poder da mente, logo depois os lançou para todos os lados como mísseis pontiagudos, os espinhos ganharam velocidade em todas as direções empalando e ferindo gravemente os inimigos.

- AGORA!! Gritei, e todos avançaram gritando.

Um homem foi degolado por um único golpe de um soldado Croto bem ao meu lado, Yuno arremessou no Croto uma parede de concreto. Uma mulher enfiou um pedaço pontiagudo de metal no olho de outro soldado Croto enquanto um velho o golpeava nas costas com uma barra de ferro, a mulher foi atingida por um tiro de plasma e caiu inerte.

Os humanos estavam sendo massacrados, mas os Crotos estavam tendo muitas baixas também, o chão outrora branco estava rubro-negro, manchado com o sangue de ambas espécies. Depois de quase uma hora o inevitável aconteceu, todos os humanos carecas haviam caído, apenas Samir, Yuno e eu estávamos de pé. Me senti culpado de liderar tantas pessoas à morte, mas elas tinham morrido como pessoas livres, uma morte honrosa e digna.

- SAMIR, AGORA!! Gritou Yuno.

Obviamente combinaram algo que eu não sabia, Yuno criou um vórtice de entulho ao nosso redor que impedia a aproximação dos soldados inimigos e Samir ergueu uma muralha de terra de sete metros de altura também ao nosso redor e no interior do vórtice, era uma defesa excepcional, mas não duraria muito tempo, os Crotos a derrubariam e todos morreríamos. Então Yuno segurou meu rosto com as duas mãos exatamente como quando nos conhecemos, o mundo girou ao meu redor e eu fui parar na ilha dos vikings, estava no penhasco onde Yuno havia me perguntado se eu viveria com ela, o sol estava se pondo como daquela vez, era uma visão maravilhosa.

- Olá, falou uma voz familiar atrás de mim e eu me voltei sem acreditar.

Era J, ele estava sorrindo zombeteiro como se fosse gritar "Primeiro de abril! Eu não morri, foi tudo uma ilusão para te testar". Mas eu sabia que isso não era verdade, aquele não era J, era uma ilusão.

- Você não é real, afirmei, é uma ilusão de Yuno em minha mente, só não sei exatamente o porquê.

- Você está quase correto, eu não sou exatamente uma ilusão e sim uma projeção, um pedaço da minha consciência que ficou guardado na mente de Yuno para que pudesse te revelar a verdade caso eu morresse.

O círculo da realidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora