18 - Viajantes

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Vários lugares - Várias eras

Surgimos em um gramado, parecia um estádio de futebol e estava lotado, mas os jogadores manobravam sobre pranchas flutuantes e portavam bastões de madeira, aquilo me pareceu algum esporte futurista. Belial me atacou com duas adagas, eu achava que ele estava desarmado mas pelo visto me enganei, bloqueei com Kusanagi e contra ataquei. Ele tinha a desvantagem de estar sem escudo, nas arquibancadas pessoas começaram a se levantar curiosas, muitos flashes acenderam e o disco continuava flutuando próximo a nós com o aro o orbitando.

Ataquei com Kusanagi na direção do rosto do Croto, mas novamente fomos bruscamente sugados pelo disco.

Dessa vez estávamos caindo, ao nosso lado um andaime gigante, uma grande estrutura de metal que eu demorei alguns momentos para reconhecer como a torre Eiffel em construção, Belial também caía a alguns metros de mim, não havia como nos atacarmos em pleno ar, não havia como tomar impulso na direção um do outro, torci para o disco nos sugar antes de chegarmos ao chão, depois de alguns instantes de queda fomos novamente sugados.

Aterrissamos em um túnel, os trilhos abaixo de nossos pés denunciavam que aquilo era uma linha de metrô, senti o ataque de Belial pelas minhas costas e me voltei no último momento para bloqueá-lo, investi contra ele girando meu corpo em um golpe na altura do peito e ele calculou mal a velocidade para se esquivar, Kusanagi rasgou sua túnica prateada abrindo um corte em seu peito. Belial me olhou com fúria e investiu contra mim no momento em que fomos novamente sugados pelo disco.

Aparecemos na neve, ao nosso redor uma manada de mamutes, Belial atacou com fúria na direção do meu rosto, ele estava muito perto e eu tentei desviar para a direita, mas não dava tempo, a adaga do Croto arrancou minha orelha esquerda.

A dor era alucinante, todo o lado esquerdo da minha cabeça latejava, sangue quente escorria pelo pescoço descendo ainda morno até o peito, eu gritei enquanto éramos sugados novamente abandonando minha orelha decepada na neve.

A dor que se seguiu foi ainda pior, estávamos mergulhados na escuridão, a água salgada fez parecer que minha cabeça ferida estava explodindo, era o fundo do mar, eu não sabia onde estava Belial, provavelmente por perto, mas a pressão da água gelada esmagava meu corpo, a falta de ar estava me deixando tonto e eu estava quase sucumbindo e inspirando involuntariamente quando o disco nos sugou.

Caí em um chão de barro pisado tossindo muito, minha audição estava limitada ao ouvido direito, mas eu ouvi tiros de canhão e ordens em alguma língua estranha, ergui meus olhos e estava em um campo de batalha, os soldados vestiam uniformes azuis chamativos e portavam mosquetes, espadas e pistolas antiquadas. Belial estava tendo dificuldades, os soldados o atacavam, provavelmente achando que ele era algum monstro inimigo, o Croto socava e esfaqueava os humanos, percebi que ele lutava muito bem, não seria simples derrotá-lo.

Alguns soldados perceberam a minha presença e o disco flutuando a um metro e meio do chão, pareciam confusos tentando decidir se eu era ou não um inimigo, mas então o disco nos sugou de novo.

Agora estávamos em um deserto, um mar de areia para todos os lados e o sol escaldante, a uns duzentos metros de nós a esfinge estava completamente deteriorada, mas eu não tinha tempo de ficar observando, Belial estava a uns trinta metros de distância, exatamente entre nós o disco flutuava com o aro ainda o orbitando.

Entendi que seria infinitamente jogado pelo espaço-tempo enquanto não tomasse o disco de volta, Belial também percebeu, corremos na direção do disco desesperadamente, aquele que não alcançasse o disco certamente ficaria abandonado ali até a morte.

Chegamos ao mesmo tempo, mas meus dedos alcançaram o disco enquanto Belial tomou o aro, quando separamos o aro do disco, tomando cada um para si um item, fomos sugados uma última vez e voltamos à tribo indígena. Não havia se passado muito tempo, a chuva permanecia forte, Yuno e Samir ainda choravam sobre o corpo de J, perto deles Gabi observava confusa.

Me voltei para Belial, ele estava com o último aro e já manuseava seu relógio para fugir.

- Você sempre foge das nossas lutas, provoquei.

Belial era puro ódio, ele apontou o aro em minha direção e falou:

- Eu juro por Saturno, o rei dos Titãs, que na próxima vez que nos encontrarmos um de nós morrerá pelas mãos do outro.

O relógio do Croto brilhou e então ele desapareceu levando o aro, em minhas mãos o disco estava novamente incompleto.

O círculo da realidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora