Chiang Mai - Tailândia - 2854 d.C.
Surgimos no que parecia ser uma cidade abandonada, ao lado de uma rua larga com prédios baixos e encardidos dos dois lados, parecia aqueles cenários de filme de apocalipse zumbi.
Com as armas em punho verificamos os arredores, estávamos realmente sozinhos, o ar era seco, mas carregado, com um cheiro estranho, o clima era quente, o sol estava baixo e brilhava fracamente, mas parecia estar aquecendo em dobro, não havia nenhum ser vivo à vista, nem pássaros, nem insetos, nada. Até as árvores estavam secas e sem folhas, visivelmente mortas há muito tempo.
Caminhamos por meia hora buscando um lugar para acampar, J olhava para as placas das ruas e comparava com suas anotações, estranhei aquilo, geralmente procurávamos o aro pelo brilho azul, será que ele tinha a localização exata do próximo?
Chegamos a um templo abandonado no final da rua, era um prédio bonito, apesar de deteriorado, sua fachada era colorida, e a entrada era uma escadaria que possuía um dragão de bronze de cada lado, as estátuas não se pareciam em nada com o dragão que enfrentamos, pareciam grandes serpentes com uma cabeça monstruosa e vários pares de patas, eu não queria mais saber de dragões pro resto da minha vida então desviei o olhar para o alto.
- Acamparemos aqui, anunciou J.
Subimos as escadas e entramos no templo, o interior era um espaço muito amplo, o teto era bem alto também, um altar de pedra de dez metros de largura continha uma estátua de Buda de três metros em pedra, era muito bonita, aos pés da estátua recipientes exóticos com incensos queimados. Aquele lugar tinha um forte apelo espiritual, só de estar ali tive vontade e acender um incenso e meditar aos pés de Buda sobre a brevidade da vida, Yuno chegou à frente da estátua, juntou as mãos e se curvou em uma reverência oriental, achei estranho e bonito, quis imitá-la mas fiquei constrangido.
Nos acomodados rapidamente em colchonetes que trouxemos do hospital, eu estava cansado, mas tinha medo de dormir e sonhar com Gabi, eu tinha saudades dela, mas sempre em meus sonhos ela estava sofrendo e eu não queria ver aquilo, me ofereci para o primeiro turno de vigia com J.
- Então o último aro está nesta cidade. Falei tentando puxar conversa.
- Não, disse o velho, o aro está em outro lugar.
Aquilo era estranho, franzi as sobrancelhas e perguntei:
- Então por que viemos para cá?
- A passagem para onde o aro está é aqui.
- Por que não surgimos logo lá?
- Alguns lugares não se pode invadir com magia, você precisa entrar com suas próprias forças.
Meditei sobre aquilo, será que o aro estava em algum templo protegido da magia do disco? Pareceu uma resposta muito simples, mas não pensei em nenhuma outra.
- De qualquer forma a missão está próxima do fim, falei mais pra mim mesmo do que para ele.
- Não baixe a guarda, falou o velho, o último aro será de longe o mais difícil de obter.
J sempre foi otimista em relação a missão, eu não entendi porque ele estava tão ranzinza.
- Estamos indo bem, apesar do que aconteceu com Kaléa, argumentei.
- Você viu quantos Crotos Belial trouxe contra nós?
- Mas escapamos.
- Por sorte, não podemos contar sempre com a sorte.
J estava com uma expressão preocupada que ressaltava suas rugas o fazendo parecer ainda mais velho, eu preferi não falar mais nada, afinal aquele pessimismo podia ser contagioso.
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O círculo da realidade
Fiksi IlmiahMiguel é um garoto pobre da cidade de Salvador BA, no dia do seu aniversário de dezessete anos ele é recrutado para um grupo de adolescentes com habilidades especiais com uma missão impossível: mudar a história e salvar o futuro da humanidade. Lider...