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Minha mãe entra na cozinha e para de repente.
— Acordou cedo – ela diz.
Aperto mais uma tecla do notebook e o fecho de repente. A impressora desperta com um rangido na sala. Me levanto da mesa.
— Precisava terminar uma coisa.
Minha mãe coloca uma cápsula na cafeteira.
— É uma daquelas redações de bolsa, por acaso?
— Hum. Ainda não. Mas, tipo, andei pesquisando várias ideias e tal. — Tinha me esquecido completamente dessas redações.
— Que legal – ela diz, colocando nossa única caneca limpa embaixo do bico da cafeteira. — Tem certeza de que não quer marcar uma noite para fazer isso comigo? Eu falei, dessa vez vou avisar para o meu chefe que nem existo. Vou ser inexistente nesse dia. Só vou existir para você. Juro.
Ela já pediu desculpa umas cinquenta vezes por esquecer da noite de taco, e reconheço o seu esforço, mas, no momento, essas redações são a última coisa na minha cabeça.
— Talvez. Eu te aviso.
— Espera... Aonde você vai?
Não posso demorar. Preciso pegar os papéis que estão saindo da impressora. Da última vez que imprimi algo particular, foi parar nas mãos erradas.
— Está tudo bem? — pergunta.
Dou meia-volta.
— Sim, é só uma coisa da escola.
— Não, estou perguntando em geral. Sua sessão com o dr. Park foi boa? E, antes que você responda, quero que saiba que queria perguntar sobre isso ontem à noite, mas não perguntei porque sei que você precisa de um tempo para processar tudo. Sou ou não sou uma boa candidata para Mãe do Ano? — ela ri, constrangida.
— Você já ganhou esse concurso – digo, enquanto descasco a tinta da parede. — Na verdade, acho que tive uma pequena revelação com o dr. Park.
Parece que acabei de dar um bilhete premiado da loteria para ela. Ela faz joinha com as duas mãos e dança os punhos no ar.
— É disso que estou falando! Mais uma cliente feliz.
Encontro Yeosang a caminho da primeira aula. No ônibus, dobrei cada papel impresso duas vezes para formar três seções iguais. Era para parecerem panfletos. Yeosang pega um dos meus panfletos e lê a parte da frente.
— Projeto Yunho? — pergunta.
— Foi o primeiro nome que me veio à mente – digo. — Não precisa chamar assim...
— Adorei. O que é?
— Bom, seria um grupo estudantil para mantermos a memória de Yunho viva e mostrar que ele... era importante. Que todos são.
Yeosang fica em silêncio. Repito mentalmente o que acabei de dizer. Parece prepotente, agora que estou repensando. Tem pelo menos mais uma dúzia desses protótipos de panfletos na minha mochila. Será que a escola tem uma trituradora de papel que eu possa usar?
— É só uma ideia vaga. Não precisa ser isso, óbvio.
— Fico muito honrado — Yeosang diz. — Adoraria ser vice-presidente do Projeto Yunho.
— Vice-presidente?
— Tem razão. Deveríamos ser co-presidentes.
Acho que isso significa que ele gostou da ideia.
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Sincerely, Me.
Teen FictionChoi San sempre teve muita dificuldade de fazer amigos. Para mudar isso, ele decide seguir as recomendações de seu psicólogo e escrever cartas encorajadoras para si mesmo, com esperança de que seu último ano na escola fosse um pouco melhor. Entret...