Capítulo 12

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Minha mãe entra na cozinha e para de repente.

— Acordou cedo – ela diz.

Aperto mais uma tecla do notebook e o fecho de repente. A impressora desperta com um rangido na sala. Me levanto da mesa.

— Precisava terminar uma coisa.

Minha mãe coloca uma cápsula na cafeteira.

— É uma daquelas redações de bolsa, por acaso?

— Hum. Ainda não. Mas, tipo, andei pesquisando várias ideias e tal. — Tinha me esquecido completamente dessas redações.

— Que legal – ela diz, colocando nossa única caneca limpa embaixo do bico da cafeteira. — Tem certeza de que não quer marcar uma noite para fazer isso comigo? Eu falei, dessa vez vou avisar para o meu chefe que nem existo. Vou ser inexistente nesse dia. Só vou existir para você. Juro.

Ela já pediu desculpa umas cinquenta vezes por esquecer da noite de taco, e reconheço o seu esforço, mas, no momento, essas redações são a última coisa na minha cabeça.

— Talvez. Eu te aviso.

— Espera... Aonde você vai?

Não posso demorar. Preciso pegar os papéis que estão saindo da impressora. Da última vez que imprimi algo particular, foi parar nas mãos erradas.

— Está tudo bem? — pergunta.

Dou meia-volta.

— Sim, é só uma coisa da escola.

— Não, estou perguntando em geral. Sua sessão com o dr. Park foi boa? E, antes que você responda, quero que saiba que queria perguntar sobre isso ontem à noite, mas não perguntei porque sei que você precisa de um tempo para processar tudo. Sou ou não sou uma boa candidata para Mãe do Ano? — ela ri, constrangida.

— Você já ganhou esse concurso – digo, enquanto descasco a tinta da parede. — Na verdade, acho que tive uma pequena revelação com o dr. Park.

Parece que acabei de dar um bilhete premiado da loteria para ela. Ela faz joinha com as duas mãos e dança os punhos no ar.

— É disso que estou falando! Mais uma cliente feliz.

Encontro Yeosang a caminho da primeira aula. No ônibus, dobrei cada papel impresso duas vezes para formar três seções iguais. Era para parecerem panfletos. Yeosang pega um dos meus panfletos e lê a parte da frente.

— Projeto Yunho? — pergunta.

— Foi o primeiro nome que me veio à mente – digo. — Não precisa chamar assim...

— Adorei. O que é?

— Bom, seria um grupo estudantil para mantermos a memória de Yunho viva e mostrar que ele... era importante. Que todos são.

Yeosang fica em silêncio. Repito mentalmente o que acabei de dizer. Parece prepotente, agora que estou repensando. Tem pelo menos mais uma dúzia desses protótipos de panfletos na minha mochila. Será que a escola tem uma trituradora de papel que eu possa usar?

— É só uma ideia vaga. Não precisa ser isso, óbvio.

— Fico muito honrado — Yeosang diz. — Adoraria ser vice-presidente do Projeto Yunho.

— Vice-presidente?

— Tem razão. Deveríamos ser co-presidentes.

Acho que isso significa que ele gostou da ideia.

Sincerely, Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora