Capítulo 10

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Obs: a música que o Wooyoung vai cantar aqui existe mesmo, se chama "Requiem" é está na trilha sonora oficial do musical… recomendo vocês ouvirem enquanto leem.

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pov: Yunho 

Minha família está reunida na sala de estar, parecendo uma ilustração do Norman Rockwell. Eu não estava planejando vir para casa. Fui embora por um motivo, não? Mas descobri que não conseguia ficar longe. 

Jihoon está bebendo um uísque devagar. Krystal e Wooyoung estão lendo a mesma pilha de papéis. 

— Nunca soube que Yunho se interessava tanto por árvores – ela diz. 

Falando no diabo. Não posso dizer que estou surpreso por ser o tema da conversa. Eles já adoravam falar de mim pelas minhas costas quando eu estava vivo. 

— Tenho quase certeza de que estão falando sobre maconha – Wooyoung responde. 

— Onde? Não estou vendo isso – Krystal rebate. 

— Quando eles falam "árvores"?

— Ah... – Krystal diz. Olho por sobre o seu ombro e vejo meu nome no papel. 

Também vejo o nome Choi San. 

— Você precisa ler isso, Jihoon. 

Ele assente, dá um gole de seu Laphroaig. Beber uísque não conta como vício, sabe. Faz parte do trabalho. Afinal, a firma do velho dá uma garrafa nova para ele todo Natal. Eu experimentei a coleção do meu pai, não é para mim. Álcool sempre foi a brisa que menos curti. 

— Ele parece só... não sei, diferente” – Krystal murmura. 

Eles estão lendo e-mails. De mim para San. De San para mim. O que é isso? 

“Adorei aquele documentário que você me falou. Foi encantador.” 

Quem fala desse jeito? 

“Estou ansioso para fazer longas caminhadas com você no verão.” 

É uma verdadeira história de terror. 

“Pensei bem no que você falou. Família é muito importante mesmo.” 

Já passei muitas noites chapado. Fiquei acordado até tarde muito louco escrevendo um monte de besteira. Mas nunca criei nada tão idiota. 

"Querido Choi San, você é o cara."

Incrível. 

"A vida está melhorando. De verdade."

Retiro o que eu disse. Esse lance é genial.

"Estou disposto a mudar. Graças a você."

Por que San está fazendo isso? Primeiro planta uma carta para eu achar. Agora envolve minha família no meio, enchendo-os de mentiras? Adivinha só, mãe. O motivo por que pareço “diferente” é porque não sou eu, porra. 

Krystal tira os óculos de leitura, aqueles com que nunca queria sair nas fotos. 

— Nunca soube que nossos passeios ao pomar de macieiras eram tão importantes para ele. 

O pomar de macieiras. Faz anos que não penso naquele lugar. Na verdade, devo dizer que nada de ruim me vem à mente em relação ao pomar. Nenhuma briga feia, nenhum episódio traumático. É o que normalmente acontece quando mergulho longe demais nas minhas próprias memórias: o pior sempre aparece primeiro. Mas aqueles passeios até o pomar eram bem monótonos, em um bom sentido. 

Sincerely, Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora