Capítulo 2

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Não. Eu estava muito enganado. Nada incrível.

A primeira aula foi aceitável, o que quer dizer que nada horrível aconteceu. O mesmo sobre as outras aulas. Todas as correções de Kim para Choi foram bem-sucedidas. Eu estava me sentindo bem, até otimista.

Mas aí veio o almoço.

Nunca gostei muito da hora do almoço. Não é estruturada o suficiente. Todo mundo é livre para ir aonde quiser, e eles nunca querem ir para um lugar que está perto de mim.

Geralmente sento em uma mesa em um canto isolado com alunos aleatórios e me obrigo a comer o sanduíche de manteiga de semente de girassol com geleia que há uma década levo todos os dias — o que eu como é a única coisa na hora do almoço que consigo controlar. Mas sentar em uma mesa no canto isolado agora me dá a sensação de que estou me escondendo, e prometi a mim mesmo que não iria me esconder. Não hoje.

Vejo Jongho e sua bandeja na fila de comida. Ele normalmente almoça sozinho, programando no notebook. Espero por ele no caixa. Ele parece animado ao me ver.

— Você de novo? — Jongho pergunta.

Meu instinto é deixá-lo se afastar de mim, mas, pela primeira vez, mando meu instinto à merda.

— Pensei que talvez eu pudesse almoçar com você hoje?

Parece que Jongho vai vomitar. Antes de negar, ele desaparece atrás de uma capa preta. Passando entre nós dois está um ser misterioso, conhecido como Jung Yunho. Yunho corta nossa conversa, de cabeça baixa, sem prestar atenção ao redor. Jongho e eu o observamos se afastar.

— Adorei o cabelo novo — Jongho murmura para mim. — Só falta uma arma para completar o look psicopata.

Sinto um calafrio. Yunho para, seus coturnos fazendo um barulho alto. Seus olhos — o pouco que consigo ver por trás do cabelo comprido — são dois raios mortais metálicos e azuis. Ele com certeza ouviu o que Jongho disse. Acho que não é tão distraído quanto parece.

Yunho não se mexe, não fala, só encara. Tudo nesse menino me causa arrepios. Ele é puro gelo. Talvez seja por isso que use todas aquelas camadas de roupa, embora tecnicamente ainda estejamos no verão.

Jongho pode ser desaforado, mas não é idiota.

— Estava brincando – ele diz ao Jung. — Foi uma piada.

— Foi engraçada. Estou rindo. Não dá pra ver? Não estou rindo o suficiente pra você? — Yunho pergunta.

Jongho não parece mais tão cheio de si, e começa a rir de nervoso, o que me faz rir de nervoso também. Não consigo evitar.

— Você é bizarro — Jongho diz a Yunho, se afastando. Eu deveria fazer o mesmo, mas não consigo sair do lugar.

Yunho dá um passo em minha direção.

— Está rindo do quê, caralho?

Sei lá. Faço coisas idiotas quando estou nervoso, o que significa que vivo fazendo coisas idiotas.

— Para de rir da minha cara, porra — ele diz.

— Não estou rindo — digo, o que é verdade. Paro de rir. Estou oficialmente petrificado.

— Você me acha bizarro?

— Não. Eu não...

— Eu não sou bizarro.

— Eu não...

— Você que é a porra de um bizarro.

Uma explosão.
Estou no chão. Yunho continua parado, em pé.

Sincerely, Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora