Capítulo 13

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pov: Yunho

Um panfleto fixado no orelhão: 

CERIMÔNIA DE ABERTURA DO PROJETO YUNHO. 

E, por isso, aqui estou eu. Como poderia perder isso? Um evento em minha homenagem. Alunos, professores, jornal local. Até algumas pessoas de fora vieram. 

Acontecem discursos, uma apresentação de slides, algumas músicas do Wooyoung e da turma de jazz... isso significa muito para mim. Estou falando sério — estou quase lisonjeado. No entanto, por força do hábito, talvez, não consigo me livrar da sensação de que estão tirando uma com a minha cara. 

Como pensar diferente? Eles estão aqui, falando do quanto eu significava para eles. Como se identificam. Como sentem as coisas que eu sentia. O isolamento, a insignificância, a solidão. Mas como eles sabem como eu me sentia? 

Precisei morrer para perceberem que estive vivo um dia. 

Estou prestes a sair. Mas um novo orador é chamado ao palco. É anunciado como o “melhor amigo de Yunho”. 

Estremeço. Será ele mesmo? Talvez ele finalmente tenha se tocado da minha ausência. Eu me aproximo, procurando. Mas, assim que o orador sobe ao palco, vejo que não é quem eu estava pensando. Só pelo jeito de andar, duro e inseguro — nada parecido com ele. (Idiota da minha parte sonhar isso.) 

Em vez disso, é meu outro melhor amigo: Choi San. Qual é o problema desse cara? E por que caralho ele está… usando a minha gravata? 

Tenho certeza de que é a minha. Eu mesmo a escolhi, anos atrás. Minha mãe me levou para comprar um terno, dizendo que seria bom ter um, para alguma ocasião especial. Sempre sonhadora, Krystal Jung. Em vez de quebrar sua ilusão, entrei na dela. Deixei que acreditasse que minha ocasião especial chegaria. 

A curiosidade me atraiu para mais perto do palco. É um espetáculo completamente diferente, daqui de cima. Um pouco íntimo demais. Consigo ver as gotas de suor na testa dele, as mãos se atrapalhando com sua pilha de cartões. Ele nem olha para a plateia. Já faz um minuto que está ali e ele nem falou oi. 

Finalmente, ele movimenta os lábios. A voz é frágil, mesmo ao microfone. Preciso me inclinar para a frente para escutá-lo, e olha que estou a poucos metros de distância. É difícil imaginar algo mais frágil. Para ser sincero, não me surpreenderia se ele explodisse em chamas sob essa luz. 

Com uma incerteza trêmula, ele lê dois dos cartões: 

— Bom dia, alunos e professores. Gostaria de dizer algumas palavras para vocês hoje sobre… meu melhor amigo… Jung Yunho – ele suspira, limpando a garganta. — Gostaria de contar sobre o dia em que fomos ao velho pomar de macieiras Sorriso Outonal. Eu e Yunho ficamos embaixo de um carvalho, e ele falou que queria saber como era o mundo visto lá do alto. Então decidimos descobrir. Começamos a subir devagar, um galho de cada vez. Quando finalmente olhei para trás, já estávamos a dez metros do chão. Yunho só olhou para mim e sorriu, como sempre fazia. E então… Bom, então eu…” 

Ele secou a mão na camisa. 

— Eu caí. 

Continua secando. 

— Fiquei lá no chão e então… – ele passa para o próximo cartão. — Bom dia, alunos e professores. Gostaria…” 

Toda a pilha se espalha pelo chão, cartões por toda a parte. Viro para observar o público. Os outros espectadores perderam a paciência. Sussurros dispersos se transformaram em um burburinho constante. Luzes de celular, o drama no palco sendo filmado, imortalizado. 

Sincerely, Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora