Capítulo 17

9 3 7
                                        

🦋

A garagem da casa dos Jung é maior do que todo o andar térreo da minha casa. É mais limpa e organizada também. Na minha cabeça, as garagens são onde as pessoas guardam todas as tralhas que não querem dentro de casa. Mas Jung Jihoon parece não tolerar tralha, simplesmente joga tudo fora. 

O pai de Wooyoung me pediu para entrar aqui com ele enquanto Krystal e seu filho arrumam a mesa de jantar. Eu costumo ajudar Krystal, mas hoje somos apenas dois caras falando de negócios. A briga com minha mãe é apenas uma sombra agora. Jihoon não quer me interrogar, quer me ajudar. 

Está me mostrando o que tem dentro de uma caixa de plástico que ele tirou de uma prateleira alta. 

— Brooks Robinson — diz. — Jim Palmer. 

Só reconheço que são jogadores de beisebol quando ele me mostra as cartas plastificadas. 

— Olha só isso — ele fala, fuçando ainda mais dentro da caixa. — Aqui tem todo o time de 1996. 

— Uau — digo, porque imagino ser o que eu deveria dizer. 

— Se conseguir chamar as pessoas certas para um leilão, fãs de beisebol, aposto que consegue arrecadar fácil uns mil dólares para o pomar. 

— É uma ótima ideia. Vou propor isso para o Yeosang. 

Jihoon não comentou muito sobre a nossa ideia de reformar o pomar quando a apresentamos. Krystal topou de primeira, mas Jihoon só ficou em silêncio. 

Talvez seja o estilo dele. Até onde eu sei, é o estilo de todos os pais. 

Ele tira uma luva de beisebol da caixa e a deixa de lado. 

— Juro que tenho um Cal Ripken em algum lugar por aqui. 

— É muito generoso da sua parte — digo. — Doar todas essas coisas. 

A porta para a casa se abre e Wooyoung aparece. 

— A mamãe falou que seu programa está passando e que ela não quer ter que gravar de novo. 

— Bom, fala que estamos ocupados. 

— Pai, você está torturando ele? 

— Quê? 

— San, ele está torturando você? — Wooyoung pergunta. — Pode falar se estiver entediado e quiser sair, ele não vai ficar chateado. 

— Ele pode sair quando quiser — Jihoon diz. 

— San, você quer sair? 

Nos primeiros momentos a sós com Jihoon, eu estava torcendo para Wooyoung vir me resgatar. Eu e ele nunca tivemos uma conversa de verdade, só os dois. Mas até que está sendo bom conversar com ele. 

— Não — respondo. — Está tranquilo, sério. 

— Beleza — Wooyoung diz. — Não diga que não te avisei. E, pai, não deixa o San tirar mais selfies pras fãzinhas dele. 

— Não faço ideia do que isso quer dizer — Jihoon diz. 

— Pergunta pro San. Ele sabe do que estou falando. — Ele sorri para mim antes de fechar a porta. 

Jihoon olha para mim, em busca de uma explicação. Dou de ombros, tentando não deixar que o fato de Wooyoung ter acabado de demonstrar o que tenho quase certeza de que era ciúme me fazer comemorar de forma constrangedora. 

Ele fica em silêncio por um momento. Depois pergunta: 

— Então, você e o Wooyoung…? 

Sinto que meu rosto fica o mais vermelho que um rosto pode ficar. Ele continua me observando, sem maldade. 

Sincerely, Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora