• As 7 chamadas perdidas

Chamada número 2 | Louis

"Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal, e estará sujeita à cobrança após o sinal:" 

O desespero se instalou pela sala, eles não queriam perder mais ninguém, era dolorido demais, triste demais, uma sensação inimaginável. 

Louis abaixou a cabeça, se entregando a derrota, sabia que ia morrer, sabia que aquele era o fim da linha para ele. As lágrimas se acumularam em seus olhos, um choro baixo e silencioso, um choro de dor, dor por ter que deixar seus amigos, dor por ter que ter deixar Erika, dor por ter que deixar seu irmão. 

--- Vocês não estão com sorte mesmo, hein? --- zombou um deles, fitando cada rosto abatido. 

Lian tentou implorar pela vida do irmão, mas se abrisse a boca novamente, morreria no lugar dele, e era isso que ele queria. 

--- Está me dizendo que você daria a sua vida por ele? --- ele concordou com a cabeça, desejando que o matassem de uma vez. 

--- Sinto muito, mas regras são regras. --- e antes que pudesse questionar, fechou os olhos, apenas ouvindo o disparo. 

O grito ensurdecedor de Lian se espalhou por todo o cômodo, e não só ele como os outros também gritaram, gritos desesperados por ter perdido mais alguém. 

••• 

Louis, 16 anos, irmão gêmeo de Lian. Garoto baixo de pele clara, seu cabelo cortado estilo soldado era uma marca registrada, assim como seu sorriso colgate. 

Os irmãos vieram de fora, Austrália. Se mudaram para sua atual residência quando tinham 14 anos.

Morava com os pais numa rua sem saída, um prédio bem chique inclusive. Nunca teve o hábito de seguir as regras, raramente vivia em casa. "Morar em apartamento é chato e entediante, prefiro ser livre", palavras dele. 

Louis era a sombra do irmão, sua cara metade, literalmente. Suas características eram idênticas, mas a personalidade falava por si só. Um garoto agitado que adorava contar histórias e se aventurar, já arranjou muitas encrencas por causa de garotas, e se deu mal em todas elas, bom, até conhecer Erika, a garota do primeiro ano responsável por roubar seu coração. 

Foi na festa de primavera que deram seu primeiro beijo, eles mal se conheciam, isso tudo aconteceu por causa do bendito Jogo da garrafa, denovo. Daquele dia em diante foi inevitável ignorar os sentimentos de ambas as partes, num piscar de olhos, eles já estavam juntos novamente, um relacionamento saudável e sem restrições. 

Erika sentirá pela morte de Louis, e não só ela como seu irmão e todos seus amigos. Mais um sonho interrompido, mais uma vida que se foi, mais um. 

Louis, a segunda vítima.