Capítulo 15

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Junho de 2022 

As mesas se encheram, o bar estava lotado.  Thomaz Elliot ainda ouvia atentamente as histórias do garoto Courtney. 

Ambos já não bebiam mais, apenas conversavam sobre o passado doloroso e trágico de Jason. 

--- Espera, o que aconteceu com a Josie? Ela foi a única que você não mencionou. --- perguntou o homem de terno. 

--- Ah, Josie. Bom, eu não sei. --- respondeu. 

--- Você não voltou para casa depois disso? Devia saber sobre ela. --- Elliot queria saber mais, não pretendia ir embora tão cedo. 

--- Depois que sai da empresa, vim diretamente para esse bar. Deixei meu celular no modo avião, estava tão atordoado que cogitei diversas vezes em não voltar para casa. --- sua voz saiu embargada, como se uma carga pesada tivesse sido colocada sobre ele. 

--- Bebeu tanto que se esqueceu de tudo à sua volta, não é? --- o garoto assentiu em concordância. 

--- Eu poderia ter atendido as ligações, mas optei pela garrafa de whisky. --- sem nem mesmo perceber, sentiu as lágrimas quentes descerem pelas suas bochechas. 

--- Como ficou sabendo sobre tudo? --- Jason fez uma pausa para enxugar as lágrimas que ainda insistiam em descer.

--- Estava tão embriagado que apaguei aqui mesmo, acordei no dia seguinte numa cama de hospital, meu irmão havia dito que eu arranjei uma briga. Perguntei sobre meus amigos e ele demorou à responder, não queria me contar. 

--- Ele se sentiu mal por você. --- concluiu Thomaz. 

--- Foi a primeira vez que o vi triste por alguém. 

--- E depois disso? Como você reagiu? --- o homem não cansava de fazer perguntas. 

--- Eu surtei. Simplesmente, surtei. Me levaram para uma clínica de reabilitação, onde fiquei durante 5 meses, até voltar para casa. 

O movimento no bar aumentava cada vez mais, ocupando todas as mesas do estabelecimento e deixando algumas pessoas na lista de espera do lado de fora. 

--- Segundo meu irmão, o comandante do assalto morreu enquanto estava sendo perseguido pela polícia, e os outros 2 foram presos. --- era a última coisa que sabia sobre isso. 

Thomaz Elliot se sentiu mal pelo garoto Courtney, não queria trazer de volta lembranças que o fizeram tão mal, lembranças trágicas de um passado turbulento. O homem tentou reverter a situação, percebeu que esse assunto despencou os ânimos, deixando um clima horrível no ar. 

--- Eu já contei muito sobre mim, agora quero saber sobre suas histórias. 

--- Acredite, não tenho nada de interessante para contar. --- e antes que Jason pudesse questionar, Ramon surgiu na bancada como um fantasma, estava nervoso. 

--- Seu pai me ligou, e advinha? Me deu uma bronca por ter servido bebida a você. --- Elliot riu, a expressão de descaso do garoto Courtney foi divertida. 

--- Ele não pode mais controlar minha vida. --- respondeu sem muita importância. 

--- Precisa ir embora, não quero problemas, mas antes precisa pagar a conta. --- a cabeça do garoto pesou sobre a pesa, balançando todos os pratos e copos. 

--- Fingir desmaio, típico dele. --- sem discutir, Ramon discou em seu smartphone o número de John Courtney. 

E como todas as outras vezes, seu irmão cuidou de tudo, o levou para casa, dando-lhe uma punição adequada por ter quebrado as regras de seu pai. 

Pela primeira vez durante muito tempo, John olhou com pena para seu irmão mais novo, pena pelas consequências que esse assalto causou, pena pelos amigos inocentes que se foram, pena por tudo. 

Cuidar de Jason era a missão que lhe foi dada, já que seu pai não queria mais fazer isso. 

--- Dá próxima vez que pisar naquele bar denovo, arranco cada fio de cabelo seu. --- suas ameaças não eram reais, e Jason sabia muito bem disso. 

--- E quem pagou a conta? --- ele havia desmaiado de verdade, não lembrava de mais nada depois de sua cabeça despencar na bancada do bar. 

--- Um tal de Thomaz Elliot, ele disse que era seu amigo e pediu que ligasse quando estivesse sóbrio. --- e antes de sair do cômodo, deixou em cima da escrivaninha um cartão com um número de telefone. 

Jason analisou o cartão, ele precisava de tempo, tempo para colocar a cabeça no lugar e recomeçar à sua vida. Uma missão impossível? Talvez, mas precisava tentar, e Thomaz Elliot poderia ajudá-lo nisso. 





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