Capítulo 14

4 1 0
                                    

Outubro de 2020

Jason demorou mais que o normal, alguma coisa estava acontecendo, algo muito sério. 


A casa estava uma bagunça, copos para todos os lados, pratos de petiscos aqui e ali, uma verdadeira zona. A música ainda tocava alta, e os ânimos estavam elevadíssimos, uma energia que não acabaria tão cedo. 

Josie ainda estava sóbria, precisava cuidar dos amigos sem juízo. Antenor havia pedido à ela um copo de água e um comprimido, o garoto teve uma crise alérgica por conta do camarão que comeu, havia esquecido das recomendações médicas. 

Jason não atendia as ligações, era impossível encontrar à caixinha de remédios sem saber onde ficava cada coisa. 

Concentrada em procurar a cartela de comprimidos, levou um susto ao ouvir barulhos altos vindos da sala, seguido de um grito feminino, Sarah. De início, pensou que estivessem fazendo uma brincadeira ou algo do tipo, mas não pareciam gritos de diversão. 

Vozes masculinas ecoavam pelo outro cômodo, vozes altas e graves. Não eram dos meninos.

Em questão de segundos, várias vozes começaram a se misturar, gritos e mais gritos, alguns de choro e desespero, e outros de comando, como se tivesse alguém dando ordens. Um assalto, talvez. Essa foi a primeira coisa que passou pela sua cabeça. A opção que fazia mais sentido.

Ela pensou em dar a volta pelos fundos e procurar ajuda, ou simplesmente ligar para a polícia. Pensou em se esconder para livrar sua pele, mas não deixaria seus amigos naquela provável situação, não podia ir sem antes levá-los com ela

Com o copo de água na mão, a garota correu até o cômodo, ficando estática ao perceber o que realmente estava acontecendo. Um assalto.

A cena que viu era deplorável.

--- Chefe, temos mais uma. -- ela foi arrastada e jogada brutalmente contra o chão frio da sala ao lado dos outros 6. 

Assim como seus amigos, a garota estava de joelhos e teve suas mãos amarradas à uma corda. Ela pensou em resistir, mas seria burrice, estavam armados. 

Eram 3 deles, 2 atiradores e um que não fazia nada além de observar calado cada passo. O comandante. 

--- Podem levar tudo que quiserem, mas não machuquem ninguém. --- Josie tomou à palavra, quebrando a barreira de tensão que estava no ar. 

--- Estamos procurando alguém da família Courtney, vocês são? --- perguntou um dos atiradores. 

--- Não somos. O que vocês querem exatamente? --- Antenor se atreveu à perguntar. 

--- Se trata de uma dívida, um favor em troca de outro. O senhor Courtney se envolveu com as pessoas erradas no passado, e agora terá que pagar caro por isso, e sim, se trata de dinheiro, muito dinheiro. --- respondeu o comandante. 

--- Fiquem com a casa, fiquem com tudo, só nos deixe ir embora, por favor. --- Lucas implorou. 

--- Nada disso, vocês serão muito úteis daqui para frente. Onde fica o cofre da casa? --- o homem que parecia o sub-chefe, olhava em volta na tentativa de acha-lo. 

--- Eu não tenho tanta certeza, mas deve estar no quarto do senhor Courtney, no andar de cima. --- respondeu Lian. Os gêmeos eram visitas frequentes na mansão.  

--- Essa casa é enorme e tem vários cômodos. --- indagou o homem armado. --- Sabe para qual lado fica exatamente esse quarto?

--- Se não me engano, é o último do lado esquerdo. --- respondeu Louis.

O comandante ordenou que um deles subisse para verificar. 

••• 

Há 5 anos atrás, Eddie Courtney fez um acordo sujo com Agnus, o comandante do assalto. Administrar empresas e se tornar um homem de sucesso não foi uma tarefa fácil, ele precisou mexer uns pauzinhos para chegar até onde chegou. 

Lidar com os concorrentes era mais difícil do que imaginava, ainda mais por serem mais fortes e bem sucedidos. 

Campanhas, projetos, promessas falsas, nada disso adiantou. Por mais que desse certo por algum tempo, à NL dava um jeito de derrubar, sempre. O Ceo da empresa JC estava cansado, cansado de fazer tanto e não obter nada. 

Eddie Courtney cansou de ter ideias, cansou de perder tempo com algo que não funcionaria mais. Eliminar o inimigo era a melhor opção. 

Pior do que essa idéia maluca, foi pedir ajuda das pessoas erradas. Criminosos, uma facção.

O pagamento foi alto, mas não o suficiente, eles queriam mais, muito mais. 

"Quando precisarem de mim ou do meu dinheiro, já sabem onde me encontrar". Foi o que ele disse antes de sumir por 5 anos. 

E agora, de fato, eles querem mais, muito mais. 

••• 

--- Ninguém aqui sabe a senha do cofre, mas o Jason com certeza sabe. --- disse Louis. 

--- Quem é Jason? --- naquela época, Eddie não havia dito que tinha filhos. 

--- É o filho mais novo. --- respondeu Jean. Era a primeira vez que ele falava desde a invasão. 

--- Já liguei para ele mais cedo, caixa postal. --- e de fato, Josie havia ligado. 

O comandante pensou um pouco. Ir embora e voltar depois, ou usá-los como reféns para facilitar o processo? A segunda opção lhe parecia mais interessante. 

--- Vamos fazer o seguinte, a cada ligação perdida, eu elimino um de vocês. --- declarou. 

Medo, pânico, desespero. Agora só restava uma coisa, torcer para ele atender o telefone.

• As 7 chamadas perdidas Onde histórias criam vida. Descubra agora