Não sei o que tinha na minha cabeça quando decidi trazer Alexia para uma festa às escondidas. Tudo bem, eu até sei. O peso na consciência de saber que ela nunca aproveitou nada foi demais para mim. Uma atitude altruísta vai bem, mas eu realmente pensei que era a melhor pessoa para lidar com toda essa responsabilidade? Pelo visto, nem eu me conheço o suficiente.
Estou uma pilha de ansiedade.
Além do tópico "se os pais dela descobrirem, ela tá ferrada e a culpa é minha", ainda preciso me preocupar com o fato que não sou o melhor guia para... festas. Tudo bem, eu já fui várias vezes, mas... minhas atividades não podem ser aplicadas em Alexia. Não é como se encher a cara e chupar buceta nos piores lugares possíveis fosse lá motivo de orgulho.
Sou careta demais. E zero extrovertida para sustentar tantas horas com alguém que também não é lá essas coisas socialmente. Agradeço por pelo menos ser uma festa da atlética de medicina, metade ser filhinho de papai deixa as coisas mais apresentáveis.
Vamos lá, Maitê. Só um esforcinho.
Não planejava oferecer álcool, mas isso cai por terra assim que chegamos. Ainda que eu tenha pedido ajuda da minha irmã para Alexia não se sentir deslocada, ela continua de braços cruzados e a postura de quem está indo para o abatedouro. Talvez seja porque já a conheço, mas ainda consigo reconhecer a garota de família conservadora — independente do que ela esteja vestindo.
Então, ótimo, começamos com álcool. Eu espero que ela fique relutante ou recuse por medo, mas há curiosidade nos seus olhos quando aceita a dose de tequila e me deixa um pouco menos tensa ao vê-la contrair o rosto com o azedo do combo.
E, reconheço, é bom ver alguém experimentar algo pela primeira vez. Até... vale a pena toda a ansiedade e a preocupação de terminar a noite da pior maneira possível. Sei que meu objetivo hoje é resolver minha questão com Catarina, mas não vou morrer se reservar as primeiras horas para Alexia e a primeira festa da vida dela.
A mobilidade reduzida e o bastão são apenas desculpas para o quanto odeio dançar. Se meu corpo funcionasse 100%, eu ainda dançaria da mesma forma como hoje. A sorte normalmente é que sei fingir muito bem, mas hoje quando o álcool surte efeito, é porque Alexia me ofusca. Ela também não sabe dançar, mas quando se anima, os movimentos ficam mais leves e o resto perde a importância.
Não sou idiota de não ter achado Alexia bonita com essa roupa, mas há algo a mais quando a postura e a confiança aumenta. Ela sorri mais e perde o medo das pessoas ao seu redor, se mexendo conforme a música e me obrigando no processo à acompanhá-la. De novo, eu odeio dançar. Mas não dá para ser a estraga-prazeres ao vê-la assim, totalmente diferente da faculdade.
— Bebe bastante — digo ao entregar uma garrafa de água.
Mesmo que seja a responsável por colocar álcool na boca dela, também não quero que ela fique bêbada e o retorno para casa seja um terror. Tento me aliar a hidratação, mas Alexia está inquieta demais para descansar um pouco no canto. Não à toa, ela não para de repetir que é a noite mais divertida da vida dela.
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Nós em Nós ⚢
RomanceATENÇÃO: Essa é uma história poliamorosa, lésbica e +18. Possui conteúdo sexual, incluindo práticas de BDSM. Para saber mais, consulte o primeiro capítulo. Maitê nunca ousaria dizer em voz alta, mas tem alguém tirando seu fôlego nos últimos meses. P...