6 - alexia

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Talvez eu me arrependa disso, mas é um trabalho de contenção de danos: não tive coragem de contar para Maitê que eu "conheço" Catarina, então decidi que o melhor a fazer é sustentar a mentira

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Talvez eu me arrependa disso, mas é um trabalho de contenção de danos: não tive coragem de contar para Maitê que eu "conheço" Catarina, então decidi que o melhor a fazer é sustentar a mentira. Eu não fujo dela, mas torço para que a sorte nos impeça de  nos esbarrar pela universidade. Não somos do mesmo bloco, o que torna as coisas mais fáceis. Ainda que eu volta e meia olhe para o número escrito no papel que me deu, é uma decisão para a minha vida social.

Maitê não precisa saber que eu andei chorando pelo pátio, muito menos que uma veterana me acolheu e curiosamente é o seu interesse romântico. Além disso, saber que Catarina também gosta de mulheres é... uma chance grande delas se aproximarem.

E depois de tudo que Deus já me fez, duvido que ele vai me castigar por pensar só um pouquinho em mim.

(Ele vai.)

Tento escolher as peças do meu guarda-roupa que sejam mais ambíguas possíveis, mas não tenho tantas opções. Com o cabelo preso, parece que tudo piora. Sem qualquer chance de melhora, vou para a aula frustrada mais uma vez. Não adianta, eu não consigo mudar isso.

Não dá para me vestir minimamente agradável morando na minha casa.

— Vou fumar um pouquinho — Maitê se afasta depois de vinte minutos de falas pausadas.

Ela provavelmente não conseguiu o que queria, o que a deixa de mau-humor até agora. Está sempre com os lábios pressionados, de bico formado, e olhos semicerrados. Não toca mais no assunto, mas eu posso vê-la ainda olhar para Catarina com uma frequência absurda quando estamos em um raio de distância aceitável.

Eu sei disso porque também estou olhando em uma tentativa de calcular quando devo sair o mais rápido possível. Tipo agora, quando me levanto do banco onde estávamos para ir para o bloco de Humanas.

Só não conto com a colisão em um corpo que se mantém no mesmo lugar enquanto eu recuo no susto.

— Fugindo de alguém? — pergunta e quase sinto o meu coração sair pela boca.

— Você quase me matou de susto. — Recupero o ar, sem saber o que fazer.

— Catarina, Catarina... — Julia, reconheço pela voz, passa pela gente. — Essa sua obsessão por BDSM está indo longe demais... Cuidado para não se meter em enrascada procurando submissão em crente.

Catarina revira os olhos.

— Ignora, ela é só inconveniente. — Suspira. — Posso falar com você mais tarde? Quero ter atualizações suas.

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