18 - Maitê

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Eu sinto que me odeio um pouco

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Eu sinto que me odeio um pouco.

Só isso justifica eu ter ficado, mesmo sabendo que não deveria, e ter participado de um jantar em família dos van Bokhoven. Não que Matias e Diogo não sejam super gente fina, eles são. Ouso dizer que eles são pessoas mais agradáveis do que as irmãs: Matias conversou comigo a noite inteira e Diogo incomodou Catarina o suficiente para ser bom assistir.

Não só isso, mas quando Catarina se afasta para tomar um banho, é Diogo quem avisa que eles sabem que eu sou amiga da Tina. Então, ótimo, eles são gente fina o bastante para entrar na brincadeira.

E Catarina tem uma postura mais amena perto da família, como uma versão family friendly que confesso me deixar confortável.

Mas aí eles vão embora. E são nove da noite. Eu não percebi, mas Diogo fez questão de ressaltar quando se despediu. Sei o porquê: Valentina criou um certo trauma quando sofreu um acidente no ano passado e quase morreu. É por isso que eles são cautelosos e pedem que Catarina se comporte ao me dar carona para casa.

A porta bate. O barulho do carro dando partida pode ser escutado daqui de dentro e então... estamos a sós. Nós duas nos entreolhamos antes dela bocejar e caminhar até a cozinha. Eu não sei o que dizer. Bem, eu deveria voltar para casa logo, mas não tem ônibus nesse horário e mesmo que Catarina tenha se oferecido para me levar, a vi diversas vezes bocejar e demonstrar cansaço — o que até fez Diogo se oferecer para me levar.

Então quando ela volta com uma lata de energético, eu preciso ser racional. Mesmo que isso signifique ferrar ainda mais minha vida.

— Eu acho que é melhor eu ficar — começo cautelosa quando a vejo pegar a chave do carro. — Esse energético não faz milagre e... não vou morrer ficando aqui.

Catarina sorri.

— Por mim, tudo bem — cede fácil.

— Só preciso de um cobertor grosso para deitar e posso ficar em qualquer lugar — aviso e ela franze o rosto.

— Você pode dormir na minha cama.

— Não, eu realmente não me importo de dormir no chão.

— Então eu te levo para sua casa. Você não vai dormir no chão da minha. — Ameaça abrir a porta.

É culpa minha. Eu aceitei ficar. Por que infernos eu aceitei ficar?

— Tá, que seja. Eu não vou morrer por causa de uma cama — digo e ela ri.

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