21 - Maitê

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Talvez eu tenha cometido uma maluquice

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Talvez eu tenha cometido uma maluquice.

Segundo cigarro. O ponteiro menor ainda não chegou às oito da manhã. O café está frio na minha mão de tanto balançá-lo enquanto tiro e ponho o cigarro na boca em pura ansiedade. É, eu preciso de ajuda. Uma internação, se possível. Mandei a merda de uma foto nua insinuante para Catarina van Bokhoven. Não, eu desbloqueei ela e mandei a porra da imagem em seguida.

Sem álcool. Se bem que agora talvez eu cogite que tinha algo diferente no ar. Jesus. Vão me encontrar morta por causas naturais, já que serei a primeira pessoa a morrer contorcida de vergonha.

É, para piorar minha mente está dramática demais. O único momento coerente é quando torço para não esbarrar com Catarina. Só hoje, por favor. Até eu por juízo em mim mesma e parar com essa palhaçada.

Difícil. Eu não sei quem é o ímã, Alexia ou eu, mas não tenho dúvidas que Catarina vai ser puxada como se não tivesse nada para fazer além de importunar.

— Que foi? — desisto de sustentar o olhar de Alexia sobre mim.

Não a evito, estou em um processo de "se aceitei que ela é minha amiga e dei abertura para isso, não posso fazer merda". Ainda sim, só a encontro no intervalo geral. Ela surge com a expressão de quem fez besteira, uma criança quieta e silenciosa depois de... sei lá, derrubar a televisão ou quebrar todos os copos da cozinha. Não sei, nunca convivi com crianças.

Alexia não faz perguntas bobas e nem fala sem parar, só... me acompanha como uma sombra.

— Nada.

Ela demora tempo o suficiente para mudar o significado da palavra nada. Tudo? Ela está encrencada de novo? Jesus, eu não quero mais problemas. Deve ser algum tipo de teste depois de tanta humilhação para nada. Meus pensamentos borbulham só de cogitar ter mais uma confusão para consertar.

— Desembucha, Alexia. — Suspiro.

— Eu tenho um retiro da igreja no final de semana. É coisa de jovem, a gente passa dois dias em uma chácara e... — começa, nervosa.

— Eu espero que você não esteja me chamando para isso — a interrompo. — Gosto de você e te ajudaria em várias outras coisas... mas eu não quero me submeter a uma humilhação dessas.

Ela me fita. Repenso a palavra "humilhação". Jesus, eu preciso tomar cuidado.

— Foi mal, desculpa. Não é humilhação — tento reverter a situação. — Além disso, eu estragaria tudo, não sei me portar nessas coisas.

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