26 - alexia

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Catarina não é um monstro

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Catarina não é um monstro.

Isso é óbvio.

Maitê tem opiniões pessoais demais para eu ser afetada e acreditar nisso.

Mas isso não me impede de notar que Catarina tem uma malícia de quem sabe que não precisa mover um dedo para alguém receber o troco pelo que fez. Ela não me culpou de verdade, sabia que Maitê faria isso primeiro. E não parece nada afetada pelo tapa, sabe que Maitê vai pagar por ele no instante que ela chega no apartamento.

E a confiança dela é a cereja do bolo: ela veio mesmo sabendo que não era bem-vinda. Não deve ter cogitado por nenhum segundo que Maitê poderia expulsá-la ou impedir a entrada.

Eu sei o porquê. Maitê também não me quer aqui.

Ela deixa bem claro isso: quando me deixa sozinha antes de Catarina chegar, aproveita todos os momentos para não ficar perto e mal dirige uma mísera palavra em minha direção. Está com raiva de Catarina, mas ainda sim, sinto que fala mais com ela do que comigo.

Não que seja tanto de verdade, mas qualquer coisa é muito no momento.

E de novo, Catarina mostra que tem uma postura que só alguém de uma família normal poderia ter: mesmo que provoque Maitê o tempo todo, ela sabe como agir e tornar a presença dela agradável. Conversa com Lissa como se já se conhecessem, ajuda na cozinha e não permite que o silêncio desconfortável nos engula.

É o equilíbrio: ela age como se eu não fosse uma mentirosa egoísta e não estivesse brigada com Maitê. É realmente uma reunião de amigas que não são amigas.

— Ela tá com muita raiva. — Sento na cama enquanto Catarina tira as lentes de contatos. — Se eu pudesse ir embora, eu iria.

É o quarto de Maitê: ele é simples. Paredes brancas, móveis claros e a única coisa que se sobressai é um computador em uma mesa perto da parede. Não sou especialista nisso, mas sei que é algo mais potente do que um computador comum. Não tem nada demais, a cômoda não tem nada em cima além de livros de psicologia. Eu queria ter discutido sobre dormir aqui enquanto ela dorme no sofá, mas Catarina me impediu.

Então estamos só nós duas.

— Não é ela que está com raiva, é você que está fugindo da tarefa que te dei — diz e eu engulo em seco.

Eu não quero contar. Não tem chance de "eu sinto atração por você e tentei te prejudicar para receber atenção" ter uma reação positiva. Ela vai ficar com raiva, não vai poder me expulsar e estaremos em uma dinâmica horrível até domingo de manhã, quando meus pais virão me buscar.

Além disso, e se durar mais que o final de semana? Consequências, eu sei. Mas estou com medo. Que raiva.

— Quando pretende contar?

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