16 - Maitê

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Bem feito

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Bem feito.

É o que repito pela milésima vez depois de receber gelo da Alexia. Como eu poderia ter esperado mais do que isso? Eu sou um saco e, convenhamos, ela arrumou a companhia de Catarina. Foda-se, não ligo. Ou deveria não ligar, mas me esforcei tanto para manter a droga dessa amizade que eu nem queria que me sinto frustrada por ter recebido um fora.

Minha moral está péssima. Não há nada aqui para se orgulhar depois que Alexia me deixou sentada sozinha e eu ainda catei a droga das folhas que ela deixou no chão. E desamassei, notando os desenhos que ela fez. E guardei todos na minha bolsa, como uma idiota.

Em minha defesa, ela tem talento. E... eu achei que fosse uma situação momentânea ser recebida com silêncio, mas não. Alexia me puxou para isso e caiu fora.

Eu sei que é por causa da Catarina e que eu deveria ter deixado de me importar assim que percebi, mas... não sei. Estou preocupada em só ter palpites, mesmo que sejam facilmente verdadeiros. E se ela quer que seja assim, não me importo, mas por desencargo na consciência eu preciso fazer alguma coisa.

Eu segui Catarina. É o único motivo para que eu esteja no banheiro do corredor da área da saúde, encostada na parede ao lado da porta. Perto da pia, enquanto a água cai em jato da pia, ela limpa a barriga.

Engraçado, é a segunda vez que isso acontece. Não acredito em poder de pensamento, mas eu desejei o suficiente que ela saísse de perto dos amigos dela para que pudesse me aproximar. Um copo de suco derramado e ela tem uma mancha gigantesca na blusa branca e uma barriga melada.

— Que foi? — Levanta o rosto, me observando pelo reflexo do espelho. — Quer limpar com a língua?

Desvio o olhar, incrédula.

— Vai se foder, Catarina.

— Devo supor que você tá me procurando...? — pergunta, lavando as mãos.

Eu não respondo. Sim, estou te procurando. Sim, talvez eu tenha derramado esse copo de suco em você só com a força do pensamento. Mas... não sei se estou pronta para falar, meu orgulho ainda não cedeu.

Ela levanta o rosto mais uma vez, esperando a resposta. Quando percebe que a mancha vermelha não vai sair da camiseta, desiste e caminha em direção à saída — que é a mesma que a minha.

Coloco a bengala na sua frente, a impedindo.

— Calma aí — digo e ela ri.

— Eu só deixo você ficar com essa marra toda porque acho fofo. — Catarina abaixa o bastão e cruza os braços de frente para mim. — O que você quer?

Que merda de vida. Desvio o rosto. Puta que pariu. 

— Maitê, não tenho todo o tempo do mundo.

— Claro, você tava fazendo algo super importante lá fora.

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