Fiz merda. Maitê descobriu, fim.
Eu realmente não mereço ter amigos mesmo. Como raios pensei que seria uma boa ideia contar aquilo para Catarina? Pensei que ia ajudar? Claro que pensei, eu sou uma anta. Anta. Anta. Anta. Que raiva de mim mesma. De alguma forma, ela provavelmente descobriu que eu contei e nunca mais vai olhar na minha cara.
A Catarina contou, aposto. Canalha. Como é que eu confiei em alguém que nem conheço?
Eu não pude nem me justificar porque ela não foi em duas aulas seguidas de Psicologia Jurídica. Eu tento esbarrar propositalmente, indo várias vezes próximo às turmas de Psicologia, mas nada.
Para piorar, depois de duas semanas sozinha, estou enlouquecendo de culpa e obrigando a mim mesma a ficar próximo da minha prima — que é o mesmo que se torturar.
Deus está me castigando pela milésima vez.
E mesmo se eu tivesse vontade de me aproximar de outra pessoa, não daria certo. Todo mundo já encontrou seu grupo e, convenhamos, eu não combino com nenhum deles. Nem com Maitê, mas ela é uma só e.... sei lá.
Mordo um pedaço de bolo de cenoura. Os farelos caem na minha saia, sentada em um dos bancos que dá vista privilegiada pelo caminho de pedras que vem da guarita e traz todos os alunos em direção aos blocos. Nenhuma Maitê vem. Ela é inconfundível, eu veria.
— Preciso transar com a Catarina. — Ouço de supetão ao meu lado e me engasgo com o bolo. — Achou que eu tinha morrido, doutora?
— Não, eu... — digo depois de algumas tosses leves para me recompor — ...pensei que você odiasse a Catarina.
— Odeio.... claro que eu odeio. — Desvia o olhar. — Mas só uma vezinha.... não vai matar ninguém, né?
— Por que você sumiu?
— Torci o tornozelo, era uma logística do caralho vir aqui todos os dias de ônibus, então... meio que tô atolada de conteúdo para recuperar agora. Não te enviei mensagem porque, sabe, eu não sabia como fazer isso. — Ela puxa o zíper da mochila e tira um bloco de notas. — Mas pensei em fazer códigos para se comunicar como se eu fosse tipo... aceitável para conservadores.
Códigos?
— Olha, não me olha assim...
— Você pensou em mim? — pergunto, surpresa.
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Nós em Nós ⚢
RomanceATENÇÃO: Essa é uma história poliamorosa, lésbica e +18. Possui conteúdo sexual, incluindo práticas de BDSM. Para saber mais, consulte o primeiro capítulo. Maitê nunca ousaria dizer em voz alta, mas tem alguém tirando seu fôlego nos últimos meses. P...