28 - alexia

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— Mas como você sabia?

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— Mas como você sabia?

Catarina levanta o rosto. Quinta-feira de novo. Ela usa a faca para cortar em fatias metade de uma maçã e coloca os pedaços diretamente na boca. Estou sentada na mesa da cozinha com a mochila no colo e a inquietação típica de voltar aqui novamente. Não é novidade, mas isso não significa que não preciso me acostumar nos primeiros minutos.

Os vizinhos são silenciosos, a casa não é nada barulhenta e a única coisa que salva nisso tudo é ela. Ela, o sorriso simpático e a hospitalidade de sempre estar por perto.

— Do quê? — Franze o rosto.

— Que a Maitê ia aceitar fazer aquilo.

Ela ri.

— Que ela ia fazer aquilo mesmo, eu não fazia a mínima ideia. — Sorri de canto. — Que ela ia ceder, eu sabia. Escalar um pouquinho até perceber e ficar puta? Esperei isso, mas não, não esperava que aquilo ia acontecer.

— Mas você não pareceu confusa por um segundo.

— Não sou conservadora no sexo, se a Maitê se soltou e quis, nunca serei eu que vou constrangê-la por isso.

— Mas você sabia que ela ia se arrepender depois — relembro o que me disse segunda de manhã. — Então ela não queria de verdade.

— Eu não disse isso. Não tá arrependida, tá com vergonha. 

— Eu não acho que ela tenha vergonha disso.

— Ela não tem vergonha de sexo casual, é diferente. Você não percebe, mas Maitê segue a linha baunilha e pessoas assim não lidam bem com qualquer coisa que saia do que eles consideram moralmente aceitável no sexo.

Ela pressiona os lábios para não sorrir dessa vez.

— E ela gostou de se exibir pra você, convenhamos — diz e eu desvio o olhar. — Tem certeza que não quer comer nada?

— Não, obrigada.

Ela assente.

— Então vem, a gente conversa melhor lá no quarto.

Eu a acompanho. Realmente é melhor, é o único lugar bem mobiliado da casa. Ela se senta na cadeira da escrivaninha, mas aponta em direção a cama para mim. Eu me sento na ponta, de frente para ela. Quero perguntar o que vamos fazer, se vamos fazer, mas quero perguntar outras coisas. Coisas que não consegui dizer em voz alta em lugares abertos.

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