Estou mal-humorada.
Não que isso tenha alguma mudança significativa na minha vida, mas sei que o estresse está anormal. Tudo me incomoda: o barulho do ar-condicionado, o calor insuportável que me faz abrir dois botões da camisa mesmo que algumas nuvens indiquem chuva, a aula que eu não consigo me concentrar e o peso que eu ponho na perna que não deveria receber peso nenhum porque mal aguenta a porra do mínimo.
Eu quero dizer para mim mesma que não me importo: não me importo que Alexia transe com Catarina, que elas mantenham esse tipo de relação, que... sei lá o que elas fazem. Não é da minha conta. Eu queria transar com Catarina, já consegui. Não desenvolvi nenhum afeto por ela nesse tempo. E... Alexia, por mais que eu ainda pense no sábado, é mais tesão do que qualquer coisa. Ela é minha amiga e assim será.
Ainda sim, há uma pontada de incômodo misturado com preocupação desde que percebi que Catarina realmente a levou para casa novamente. Não aconteceu nada demais, nenhuma confusão, os pais não perceberam, voltaram como se nada tivesse acontecido... mas ainda estou com algo preso na garganta toda vez que penso nisso.
Nenhuma das duas me contaram, mas Alexia está mais animada desde ontem. Ela sorri, hoje está com um trança bonita no cabelo, menos acanhada e conversa mais. Eu quero perguntar o que fizeram, quero perguntar porque não acredito que um transa tenha melhorado tanto a autoestima dela assim, mas... tenho medo da resposta. É uma balança com dois pesos em equilíbrio: o medo da resposta e a necessidade de orientá-la.
Não se apresse, tome cuidado.... por favor, não afrouxe todos os seus esforços para seus pais descobrirem, ainda é perigoso. Saiba dizer não, tente não depender disso.
Mas eu não precisei de uma conselheira quando entrei nesse mundo, ela não vai morrer sem uma.
— Acho que eles provavelmente desistiram quando descobriram que eu tenho uma deficiência limitante. — Suspiro, encostada na árvore. — É uma escola infantil, acho que não é uma boa ideia que uma assistente de aula mal consiga correr.
A escola que a minha professora me indicou nunca mais me respondeu depois que decidi avisar que tenho esse tipo de deficiência. Eu sei que não deveria contar, mas acho que é algo importante a se dizer, principalmente porque é impossível esconder e não quero dar uma viagem perdida. Não estou tão triste. Tipo, eu preciso de dinheiro, é uma grande ajuda um estágio remunerado, mas será que eu aguentaria mais que uma semana em um trabalho diretamente ligado à crianças? Não que eu odeie crianças, mas sei que minha personalidade não é a melhor para lidar com elas.
— Eles deveriam avisar, pelo menos — Alexia diz porque ainda não foi ignorada por uma vaga de estágio.
Ela está sentada no banco mais próximo da árvore, o suficiente para ninguém precisar gritar para escutar uma a outra. Tem um caderno em mãos, mas não a vi em nenhum momento lendo nada dele.
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Nós em Nós ⚢
Lãng mạnATENÇÃO: Essa é uma história poliamorosa, lésbica e +18. Possui conteúdo sexual, incluindo práticas de BDSM. Para saber mais, consulte o primeiro capítulo. Maitê nunca ousaria dizer em voz alta, mas tem alguém tirando seu fôlego nos últimos meses. P...