5 - Maitê

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Os arrependimentos ficam para o futuro

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Os arrependimentos ficam para o futuro. No momento, estou mais preocupada em lidar com a minha nova companhia: uma garota (maior de idade) que parece nunca ter interagido com outra pessoa na vida. Sei que isso é nada menos que uma experiência que posso absorver como estudante de psicologia, mas... Eu não sei onde fui amarrar meu burro.

Alexia fala muito, mas diz pouco. Talvez seja pela coloquialidade desnecessária que ela tem ou a dificuldade de entender sarcasmo, ironia e afins. E, não que eu tenha lá muita experiência, mas duvido que isso seja de alguma neurodivergência. Ansiedade? Talvez, ela sempre está inquieta ao meu lado.

Algo meio "eu não queria estar aqui", mas não parece verdade. Eu definitivamente não estou a obrigando a ficar do meu lado no meio da universidade. Ela o faz porque quer, então... sei lá como funciona a mente dela.

Não que eu esteja preocupada com isso quando tenho... uma visão privilegiada do banco cimentado onde estou sentada. A gostosa da aula de anatomia ao lado de uma amiga — um chute, elas sempre estão juntas.

Se não for namorada, estou no lucro.

— Você fuma maconha também? — Alexia pergunta.

Preciso desviar minha atenção para olhar nos seus olhos, sem entender de onde ela tirou essa pergunta e decidiu dizer tão repentino. Eu não tenho cara de maconheira, tenho? Se bem que ela também não tinha...

— Não, só nicotina. O mais tradicional possível. — Tento não prolongar o tema. — Por quê? Tá interessada?

— Claro que não. — Desvia o olhar.

— Não esperaria de você com essa pinta total de evangélica conservadora. — Ela separa os lábios, quase indignada. — Foi mal aí, mas é que com esse estilo...

— Experimenta morar com pais que não te deixam fazer nada — retruca, cruzando os braços e formando um bico.

Tema sensível, pelo visto.

— Pais controladores, doutora? — pergunto e ela nem precisa responder. — Religiosos?

— Culto todos os dias possíveis.

— E você? — pergunto, curiosa.

— Eu e Deus não estamos em bons termos.

Uma risada curta escapa dos meus lábios.

— Fica sossegada, eu também não estou.

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