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fearless — destemido adjetivo que não teme; corajoso, intrépido, valente. que revela coragem, destemor.
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CAPÍTULO 04
── ah.. ── respiro fundo dentro meu quarto, eu gosto daqui porque é silencioso e não tem a Safira ou qualquer membro da família por perto; o único problema é essa fechadura e a chave. Eu não posso me trancar, apenas as pessoas de fora conseguem. O que será um grande empecilho para qualquer fuga ou tentativa de me isolar desta família.
Tudo bem, irei fazer o necessário para me lembrar dessa história, escrever tudo que sei não me parece uma boa opção, afinal, qualquer um pode entrar e ler por curiosidade, isso atrapalharia minha sobrevivência! Será que a antiga "eu" tinha algum diário ou livro? Qualquer coisa?
Me levantei e do procurar em todas gavetas possíveis algum caderno que informasse sobre a antiga vida da antiga "eu", passei quase dez minutos em busca desse caderno ou algum pedaço de papel com qualquer coisa relevante. Até que enfim, achei um caderno rosa pastel fofo, a letra era bonitinha.
"Querido Diário, Hoje o Tyler e o Damian me ignoraram novamente, fiquei sentada longe do Pai e da Safira, como sempre.
Os meus brinquedos estão velhos, devo pedir novos, porém, a Tia Amélia irá convencê-los que isso não será necessário.
A Safira não sai tanto quanto eu, mas ainda assim, tem mais amigos e uma reputação melhor, afinal, todos sempre prestam atenção nela! Idiota! Idiota!
Ela fica zombando de mim, a Tia Amélia disse!"
Virei a folha, parecia mais um garrancho dessa vez, cada letra e curva eram o completo oposto da página anterior.
"Eu odeio ela, sou a melhor filha! A Safira conseguiu mais amigos naquela festa de debutante, todos olharam somente pra ela... de novo. O foco sempre foi ela, sempre será ela, não importa o quanto eu tente, não importa o quanto eu me esforce, o quanto eu estude ou melhore, nunca irei ser melhor do que ela.
Nunca serei mais bonita do que ela, estou presa nesse quarto desde semana passada porque, segundo eles, fiz todos passarem vergonha.
Isso é inútil, eu simplesmente nunca vou ser melhor do que ela, os remédios ainda estão aqui, talvez eu devesse tentar algo"
A página continua com mais alguns rabiscos e erros, parecia que ela estava tentando escrever, mas sempre iria sair errado e então apagava ou riscava a palavra. Além do mais, o que significa "talvez eu devesse tentar algo?", eu espero que não seja suicídio.
" eu consegui chamar a atenção deles, o remédio funcionou, mas eu acabei tomando a maioria, está difícil de respirar ainda..."
Eu suspiro, tudo isso para chamar atenção...?
"Eles descobriram esse diário... estou de castigo de novo, quando completar 18 anos, quero apenas me casar ou fugir desse lugar"
Espera aí, em que dia isso foi escrito? Voltei para a primeira página, ela começou a escrever com nove anos, a letra bonita e arrumada, a situação do remédio aconteceu com doze; e a última página, foi com quinze.
Não se preocupe, irei fugir por mim, por você, por nós.
TOC TOC
Batidas na porta, guardo o livro no mesmo lugar que havia encontrado antes de abrir a porta, sendo sincera, fico feliz que eles tenham a decência de bater na porta.
Vejo os olhos roxos familiares e o sorriso fofo no rosto de Safira, ela parecia animada.
— Está se sentindo melhor? Você não vai acreditar, irmãzinha — ela diz animada — Eu convenci o Pai, você também poderá ir para a casa da Madame Estela!
— Quem?
— Madame Estela? Ela me ensina os costumes da nobreza e como me portar em festas, em casa ou em qualquer lugar, estou me preparando para ser uma boa moça com atitudes louváveis!
Safira fala com os olhos brilhando, parecia que ela realmente gostava dessas aulas... isso parece com aulas de etiqueta.
— Ou seja, ela te ensina etiqueta.— eu disse com um leve sorriso.
— Isso mesmo! Mas sabe, eu prefiro ser eu mesma quando estou com você, me sinto mais leve e livre. Além disso, a Madame Estela tem um filho fofo da minha idade!
Ah! O primeiro interesse amoroso!
— Ele é tão forte mesmo sendo tão novo, sempre que posso, eu me esgueiro para ver ele pela janela e admirar o quão bonito ele é! — Safira divaga sobre o filho dessa Madame, porém, não vou ouvir nada.
Tenho que focar em lembrar a ordem dos acontecimentos, a história original começou faz um tempo, afinal, Safira já tem 16 anos.
— Ah, isso me lembra, por que eu deveria ter aulas de etiqueta? — perguntei, segundo o diário, o meu antigo "eu" era melhor em tudo, mas ainda assim, se comparava com Safira.
— É que... a sua etiqueta não está tão boa assim, o Pai e o Irmão mais velho falaram que você precisa melhorar, e eu consegui convencer eles de não te castigarem, afinal, você mal tinha aulas de etiqueta e eles esperavam que você fosse a melhor em algo que nunca teve aula!
O que..? Então, todo o estudo da antiga "eu" e tentativas de ser perfeita e melhor que a Safira são tão injustas assim? Então quer dizer que eu fui castigada por causa da "falta de etiqueta" sendo que nunca sequer tive uma aula disso direito?!
— Então, por isso, convenci eles! Mas, por favor, tenta melhorar um pouco, pois daqui há algumas aulas, eles não vão melhorar nos castigos...
Safira disse, pensando bem, ela sempre soube dos castigos..?
— Você sempre soube dos castigos né? E mesmo assim não fez nada para me ajudar... — eu digo.
Safira me olha com os olhos arregalados, as palavras presas na garganta e nervosismo em seu corpo, mexendo sem parar.
— Haha... irmãzinha, não foi isso! É que eu não sabia da gravidade dos castigos!
– Enfim, que dia irei começar nessas aulas de etiqueta? — perguntei, desviando do assunto.
