Arrascaeta e Isis estavam a alguns minutos em silêncio.
Ambos curtiam a presença do outro o máximo possível.
— Isis. — ele chamou.
A jogadora lhe olhou.
— Você quer falar comigo? — perguntou, escorando o corpo sobre o braço.
Ela respirou fundo.
— Bem... Tenho. Só eu queria que você não me interrompa, tudo bem?
Arrascaeta concordou, prestando atenção nas suas palavras.
— Em meados de 2014, eu comecei a minha carreira no vôlei. Morei em Santa Catarina durante uma boa parte da minha vida, então concordamos, eu e minha mãe, em fazer um teste no Florianópolis.
"Fiz o teste, passei pelos exames médicos e no fim fui contratada para algumas temporadas. Minha mãe ficou muito feliz, afinal, ela era a minha empresária na época. Meu pai não era uma pessoa que me apoiava no esporte. Ele costumava me comparar com outras jogadoras mais velhas, como as da seleção."
"Tempo passou e eu consegui a titularidade. Me acusaram de nepotismo, sim, mas nada que não consegui conter." fez uma pausa. "Conquistei títulos importantes com a equipe e estava muito feliz, nenhum comentário do meu pai acabaria com aquela felicidade. Mas havia outra coisa: minha mãe estava escondendo um câncer fazia meses. Quando a questionei, ela disse que não queria acabar com a minha felicidade, disse que eu não deveria sofrer por ela."
Ela respirou fundo e escutou Arrascaeta fazer o mesmo.
"No dia 27 de dezembro de 2018 ela veio a falecer. O câncer que ela escondeu acabou com todas as chances de felicidade que eu poderia ter porque nenhum título, nenhum dinheiro iria tampar aquele buraco horrível que ficou em mim."
"Como se todo esse processo de ter visto o sofrimento dela, ter visto o corpo dela falhar e preparar o corpo, ainda havia o velório. Nunca vou esquecer desse dia, não só porque ela morreu, mas por tudo que ouvi das pessoas que estavam lá. 'Ninguém mandou esconder, né?' 'Uma pena, deixou uma filha tão nova' e vários outros que prefiro não citar. Também nunca esquecerei do rosto vazio do meu pai, de como ele não moveu um único dedo para cuidar dela, para a defender e para me consolar. Ficamos meses sem nos falarmos, o que nos ajudou de diferentes formas."
"Tudo isso é complexo, nunca mais vi meus tios, primos e avós. Todos eles desapareceram do mapa quando ela morreu. Nunca tive irmãos, então não senti tanta falta."
"Todas as noites, eu peço para que ela me ajude a ser forte e que mande algum sinal que estou fazendo a coisa certa pela primeira vez em muito tempo. E acho que esse sinal já apareceu: você. Uma pessoa que entende mais do que eu achei que pensaria, que não olha para os meus peitos e sim para os meus olhos."
— Concluindo, acho que encontrei alguém descente.
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Camisa 14 - G. De Arrascaeta
FanfictionEu não consigo tirar o camisa 14 da minha cabeça, ele é incrivelmente gostoso para um homem de 25 anos. parte dois de fetiche.