62 - Chapecoense

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- Ei, eu nunca perguntei o time que você torce. - Arrascaeta disse, virando na direção da jogadora.

- Realmente, Giorgian. - Isis disse. - Já que perguntou, torço para a Chapecoense.

O uruguaio deu uma risada, surpreso.

- Sério? - perguntou, mas logo tirou o sorriso do rosto. - Imagino que 2016 não tenha sido o melhor ano para você.

Ela mordeu os lábios.

- Não, com certeza não foi, alguns jogadores eram amigos da minha família e eu sou madrinha de uma das crianças, o Lorenzo, filho do Danilo.

Arrascaeta arregalou os olhos.

- Meu Deus. Não posso nem imaginar o que vocês passaram e em como lidaram com a perda, ainda mais com o Lorenzo sendo tão pequeno.

A brasileiro passou as mãos pelo cabelo.

- Foi difícil. A Letícia, esposa dele naquela época, não sabia como dizer ao Lorenzo, então pediu aos pais do Danilo, que também não conseguiram.

- Você teve que falar? - ele perguntou.

Ela suspirou.

- Sim. Eu o chamei, contei tudo e quando terminei, ele perguntou: "como faço para acabar com a dor?" e eu tive que dizer a frase que ouvi da minha mãe quando meus avós morreram: "a dor nunca acaba, mas ela diminui com o passar do tempo". Às vezes me arrependo de não ter deixado a Letícia falar, acho que teria sido um baque muito menor para ele.

- Não fale desse jeito, Isis, você fez o que achou certo e hoje, pelo que sei, o seu afilhado é exatamente esperto e tem pique de jogador, como o pai.

Ela riu.

- Ele sempre foi parecido com o pai.

Camisa 14 - G. De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora