Mr. Beauchamp

073

Capítulo 73
THE RETURN OF THE WOLVES

— JOSH BEAUCHAMP

Respiro fundo, pela milésima vez nos últimos dez minutos. Minha respiração estava descontrolada, porém, não era por medo ou ansiedade, era raiva. Muita raiva. Sentia meu sangue queimando em minhas veias, queria não gritar, mas de nada adiantava, já que tinha gritado desde que pisamos no helicóptero, até pousarmos no nosso aeroporto particular e lá, pegamos um jato em rumo à Itália. Os dois homens, enviados por Sabina, eram burros como portas e por isso, ficava difícil não gritar com eles, já que cada vez que eu perguntava oque poderia ter acontecido, eles davam respostas diferentes ou sem sentido.

Passo a mão pelos cabelos, puxando os fios com raiva. Os outros presentes apenas observavam a cena, pararam de tentar se envolver quando eu mandei todos para o inferno. Me conheciam bem, para saber que falar comigo quando estava com muita raiva, era como colocar duas granadas lado a lado, o desastre seria maior.

Não estava com mais preocupação, porque sabia que Sofya e Savannah já estavam seguras na Itália, junto com Alex e o restante da máfia. Caso elas não estivessem lá... não sou capaz de imaginar oque eu faria. Imaginar que elas poderiam estar machucadas, me fazia entrar em desespero e ver a parte mais obscura dentro de mim.

Voltei para meu acento e fiquei em silêncio pelas 6 horas que se passaram daquele voo. Não queria explodir e muito menos, dar lugar para o Alfa, porque se ele viesse átona agora, iniciaria uma nova guerra. Não podia fazer isso. Tinha que pensar em todos aqueles que eu amava, a vida deles estava melhor sem todo o caos, que eu os envolvia.

Pense sempre assim Josh. Pense nos outros e não em você. Você não é mais o alfa. Você agora é apenas o Thomas Shelby, professor de literatura.

Repetia isso várias e várias vezes seguidas. Porque por mais que parecesse ridículo, uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Repetiria aquilo até eu acreditar firmemente nisso.

Ao pousarmos em solo italiano e sermos levados para minha propriedade, que agora pertencia a meu primo, não quis brigar, por isso, não fiz esforço algum de conversar com algum ali. Acendi um cigarro e entrei na casa, indo para meu antigo escritório do lugar e por lá fiquei pelo resto do dia, apenas fumando e bebendo whisky, enquanto repetia para mim aquelas frases desgraçadas. Pela janela vejo o sol se pôr aos poucos, estava parado em frente a vidraça desde que entrei aqui, observando a cidade e sempre, repetindo aquelas palavras.

Ouço batidas na porta. Não faço questão de ir ver quem é, seja lá quem fosse, não se importou em abrir a porta do escritório e entrar. Não me viro para ver quem é e até que a pessoa falasse, ficaria sem saber também, pois não estava fazendo questão alguma, de me comunicar com qualquer um daquela casa, até eu me acalmar.

— Sofya disse que você está fazendo aquilo de novo... -reconheci a voz de Sabina, ela estava baixa e cansada, diferente de seus homens, ela talvez soubesse oque tinha acontecido.

— Estou apenas conversando comigo mesmo, sobre mim mesmo Sabina, tranquilize Sofya e diga que estou bem. -digo sem dar muita importância e ainda sem me virar para encara-la, ouço um suspiro vindo dela, denunciando que estava ficando irritada.

Jogo fora o cigarro, que talvez fosse o décimo somente naquele dia, e encho meu copo com mais whisky.

— Dá para você parar de agir dessa forma? Você sabe que não pode ignorar oque aconteceu no cassino Joshua! Você ainda é a droga do alfa porra! -explodiu, gritando alto e batendo na  mesa com força, só então levo meu olhar até ela.

— O que aconteceu no cassino Sabina? Porque vou te ser sincero, os dois patetas que você enviou para me ajudar -dou uma risada sarcástica nessa hora- Não souberam me dizer nada sobre oque aconteceu. -tento manter o tom de voz calmo, tomo um gole do líquido, sentindo ele arder pouco em minha garganta- Eu não tenho que resolver nada disso, não sou mais o Alfa, então fique a vontade para você dar um jeito nessa situação... só estou aqui , porque querendo ou não, a casa ainda é minha e eu decidi que quero férias. - Falo tudo de forma arrogante, sabendo que isso a faria desistir de manter uma conversa comigo, Sabina odiava meu lado arrogante e odiava mais ainda, quando eu fingia não estar ligando para coisas que eu deveria ligar.

Precisava de um tempo para separar, meu emocional, da situação. Ficar um ano fora, fez com que eu me tornasse um homem sentimental, que relacionava tudo a sentir e outras merdas, mas agora, a última coisa que eu tinha que me preocupar, era em ser impassível e impenetrável, oque não seria algo fácil já que Any Gabrielly estava dividindo o mesmo espaço que eu.

Não sai do escritório até o amanhecer do dia seguinte. Não dormi, nem sequer senti sono. Apenas pensei e pensei, independente do que estivesse acontecendo ou quem estivesse contra mim dessa vez, eu precisava de alguma forma, fazer com que o Josh e o Alfa, entrassem em um equilíbrio. Tinha que montar uma estratégia, contra mim mesmo, para que não alcançasse nenhum dos meus extremos.

Olho no relógio em meu pulso que horas eram. Oito da manhã. Repassando minha estratégia, caminhei para onde todos estavam, a cozinha estava cheia mas silenciosa e o pouco barulho que tinha, cessou quando eu entrei no cômodo. Eles me olham como se procurassem algum sinal, de que eu tinha surtado ou de que iria surtar.

— Josh você está bem? -Sofya é a primeira a dizer algo, quebrando o silêncio que estava extremamente pesado- Venha cá, coma um pouco, você deve estar faminto.

— Estou bem Sofya. -esboço um pequeno sorriso em sua direção- Quero conversar com meus queridos amigos criminosos e ex-criminosos por favor. -soou de forma irônica, oque era intencional.

Vejo Heyoon revirar os olhos, nem sabia que horas ela tinha chegado aqui. Os irmãos Wang, se levantaram e passaram por mim, não sem antes que Krystian me abraçasse e dizer que tinha sentido minha falta. Urrea diz algo para seu passa tempo, meus olhos param na amiga dela.

Any estava com expressão neutra mas sabia que, estava tão pensativa quanto eu. Situações como essa, eram complicadas e se preocupar, era impossível.

Quando todos se encontravam dentro do escritório, faço questão de olhar para cada um ali, enxergando a ansiedade nos olhos deles, a expectativa de que eu daria um de meus bons discursos, porém, tudo que faço é pedir para que Sabina explique oque estava acontecendo de fato.

— Está muito confuso ainda, não conseguimos captar tudo... recebemos uma mensagem um dia antes do episódio do cassino, foi uma carta, molhada por sangue, onde dizia que matariam cada um dos the wolfs. -entorto a cabeça ao escutar aquilo- Não tinha um endereço, nenhum sinal de quem poderia ter feito a ameaça, mas na mesma hora mandamos a mensagem para LA, o problema foi que chegaram um pouco atrasados... -explicou olhando para todos- Independente de quem era Josh, estava lá para te matar.

— O que nós vamos fazer? -Noah perguntou aflito- Não sabemos quem está fazendo a ameaça, como atacamos dessa forma?! -gesticulou as mãos em pura demonstração de desespero.

— Não vamos atacar Noah. -digo por fim, acendendo mais um cigarro- Você não ataca quando está em desvantagem... por isso, vamos esperar até que encontremos quem é o desgraçado que está, ameaçando a minha família e então o matamos.

— Então isso significa que a máfia está de volta? -Krystian questiona me olhando com esperança.

— Está na hora dessa alcateia voltar aos eixos.

Se me perguntassem se eu estava seguro de que aquilo acabaria bem, diria que sim, porém sabia muito bem que na verdade, o que eu fiz foi dizer...

Por que não?

É através de um "porque não" que declarava meu retorno ao posto de Alfa e rezava a Deus, para que ele não deixasse o diabo me possuir de novo.

—

E então, o que acharam desse retorno? Esperavam por essa?

Espero que tenham gostado da forma que abordei a forma de pensar do Josh nesse capítulo, foi uma escrita bem madura e fria ao meu vez, mas espero que tenham sentido como nosso Alfa está se sentindo!!

Até o próximo!!